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~Apenas 29 dias restantes~

O alarme despertou, e eu caminhei até o banheiro. Um encontro. Tenho um encontro.

Não consegui parar de pensar isso. Fiquei surpresa, para falar a verdade. Cameron foi um dos poucos que não fugiu depois de conhecer minha mãe. Ou um dos poucos que não disse "quero só amizade mesmo" (aliás, que amizade?). Na verdade ele foi o primeiro que realmente quis me conhecer. Então, eu realmente precisava dar essa chance a ele.

Saí de casa, apressada. Meu telefone começou a tocar.

-Oi, Flora. -Atendi.

-Como vai minha melhor amiga? -Ela pergunta com sua voz alegre.

-Indo. Com novidades. -Falo, satisfeita. -Tenho um encontro!

-Tem mesmo? -Ela retruca. -Você? Um encontro? Sofia, você bebeu?

-Obrigada pela sua surpresa, amiga. Fiquei comovida. -Ironizo.

-Desculpa, So. Eu só fiquei surpresa demais. Você não sai com ninguém há mais de um ano. Mas eu apoio esse encontro. Pode me contar detalhes mais tarde? Estou indo para a primeira consulta.

-Claro. Até mais tarde. -Digo.

-Até. -Ela desliga.

OK. Se minha melhor amiga agiu assim, então o que posso esperar do resto do mundo?

O táxi estaciona e puxo uma nota para pagar. Saio apressada e entro na cafeteria, sem muita elegância, confesso.

-Com licença. -Peço. -Eu quero um café com dose extra de cafeína, canela e baunilha. Para viagem.

A atendente assente e se distancia, indo preparar meu pedido. Começo a tamborilar meus dedos no balcão, despreocupada. Mas só dura até eu notar que tem alguém me encarando.

Me viro na direção do homem. Ele é meio loiro. Olhos azuis. Físico normal. Aparência normal, para falar a verdade. Ele me encara, com algum tipo de brilho nos olhos.

-Posso ajudar? -Pergunto, sem muita educação.

-Si-sim. Eu... Eu estava procurando... Você! -Ele diz, e começa a sorrir.

-Eu? -Retruco.

-É. -Ele concorda. -Uau, Sofia! Como você está diferente. Mas eu sempre soube que viraria uma linda mulher.

-Desculpa, já nos conhecemos? -Me afasto alguns centímetros consideráveis.

-Claro. Nós crescemos juntos. -Ele se aproxima centímetros consideráveis.

-Deve ter me confundido. -Respondo, justamente quando a atendente me entrega o café e eu o pago. Me viro para sair, mas ele intercede.

-Sofia, você não lembra de mim? Nós éramos inseparáveis. Éramos melhores amigos.

-Já disse: você me confundiu. -Dou um leve rosnado e passo por ele.

O homem estranho não desiste e começa a me seguir.

-Sofia, me espera. -Ele pede.

-Para de me seguir, ou eu chamo a polícia. -Aponto o dedo na cara dele.

O homem ergue as mãos na altura na cabeça, como um ato de rendição.

-Ok. Eu só... Estava com saudades da minha melhor amiga. -Ele murmura.

-Melhor amiga? Deixa eu te falar uma coisa: melhores amigos não existem. Eles te abandonam quando precisa deles. Mas, afinal, quem é você?  -Já estou irritada, parada na calçada, talvez fazendo cena, mas aquele homem me lembrou alguém.

Meu Melhor Amigo ImaginárioOnde histórias criam vida. Descubra agora