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~28 dias restantes~

O alarme toca, me fazendo cair de cama, assustada. Me levanto, ainda zonza, afim de me arrumar para mais um dia de trabalho.

Me arrumei, com cautela e saí no horário pontual. O dia de ontem foi um dos mais estranhos da minha vida, contudo coisas assim não se repetem duas vezes na vida e, com certeza, eu deveria arquivar esse dia. Sim. Arquivar.

Olhei meu telefone e Flora havia me mandado uma mensagem ontem a noite:

Florinha: Miga, sua loca! ainda tá no encontro? Me conta tudo depois, tá? Bjs. I ❤ U.

Sorrio com a mensagem. Disco o número dela, que atende na segunda chamada.

-Sofia! -Ela diz com sua voz alegre de sempre. -Oi. Onde você está?

-To indo tomar café. -Respondo.

-Ah. Eu também. A gente se encontra lá?

-Sim. Tenho algumas novidades. -Digo, e sei que despertei sua curiosidade.

Tinha sim. Infinitas novidades. E ela cairía pra trás quando ouvisse tudo.

*

O aroma do estabelecimento, não sei explicar exatamente, mas era inegavelmente confortante. O aroma do café no ar sempre me animava. Eu adorava café.

Logo avisto a cabeleira loira da Flora. Ela lia um de seus livros amarelados e empoeirados, distraída demais para notar minha chegada.

Me aproximei e simplesmente sentei à mesa com ela.

-Oi. -Disse depositando a bolsa na mesa.

-Oi. -Ela diz com sua voz adorável. -Me conta como foi a noite? Se divertiu muito?

-Hum... Não sei. Ele não quis marcar um outro encontro, então...

-Ele não ligou ou mandou mensagem? -Ela põe a mão no peito, indignada.

Balanço a cabeça negativamente.

-Ai, amiga. Nem adianta se estressar. -Falo. -O dia de ontem, inteiro, foi esquisito.

-Esquisito como? Quer dizer, além de um homem de verdade ter te chamado pra sair em um encontro?

Valeu, Flora. Valeu!

-Ah, é que eu acho que apareceu um cara que estava se intitulando de "meu amigo".

A garçonete traz o pedido, que, suponho, Flora pediu antes que eu chegasse.

-Um cara? -Ela ergue a sobrancelha. -Que cara?

-Sei lá. -Dou de ombros. -Olha, o dia de ontem foi horroroso no geral, mas não é só por um encontro meio xoxo, e um cara esquisito se achando meu amigo, mas porque meu chefe disse que preciso fazer a porcaria de um conto do Pietro.

-Oi? Perdi algo? -Ela franze mais o cenho.

-Ah, você sabe. O Pietro. Meu amigo.

Ela nega com a cabeça.

-Imaginário, Flora. Meu amigo imaginário! -Respondo.

-Ah, aquele que te maguou, feriu seus sentimentos, destroçou seu coração, te deixou sem chão, prejudicou suas relações sociais e te deixou introspectiva porque te causou traumas envolvendo amizades e quais quer outra relação afetiva. Esse Pietro?

Valeu, Flora. Destrói mais.

-É. -Resmungo. Ela estava certa, droga. É por isso que eu não falava nele. Foi a única pessoa que eu confiei. Ela me abandonou. Eu não passaria por aquilo de novo.

Meu Melhor Amigo ImaginárioOnde histórias criam vida. Descubra agora