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Consegui encontrar com facilidade o restaurante, apenas entreguei o endereço ao taxista, que me levou rapidamente até meu destino.

-Estou procurando Cameron Drove. -Digo ao atendente do restaurante.

-Ah, claro. Me siga, senhorita. -Ele me guia, até a mesa, onde, um Cameron mais elegante está sentado, me encarando, encantado.

-O-oi. -Ele se levanta. Com um aceno de cabeça ele dispensa o recepcionista e vem até mim, puxando a cadeira para que eu sentasse. -Puxa, você está incrível!

-É. Eu estou, né? -Rio, nervosa.

-Sim, absolutamente. -Ele se senta em seu lugar, ao meu lado. -Está incrível mesmo.

Coro, com os olhos castanhos de Cameron sobre mim.

-Obrigada. -Falo, meio tímida. -Mas, e aí? Como você está?

-Bem menos atraente que você, todavia, bem! -Ele sorri de lado, como se fosse parte do jogo para me arrancar um sorriso. Deu certo!

Ah! Humorado! Ponto para você, Cameron -Penso e sorrio com isso.

-Sabe, eu fiquei muito feliz quando você aceitou jantar comigo hoje, quer dizer, eu estava receoso de levar mais um fora. -Ele confessa, querendo soar despreocupado.

-Mais um? -Franzo o cenho.

-É. Eu sou um cara tão rejeitado que, se te contasse tudo, ficaria com pena de mim. -E aí ele sorri, me fazendo suspirar. Meu pai, qual era o dentista dele? Que dentes perfeitos, senhor! -Mas me conta de você. Eu tô falando muito e não tô te dando tempo. Você compartilha do mesmo drama?

-Hum... -Penso. Olha, eu não diria drama. Eu só não saio com ninguém de verdade há séculos! -Acho que sim. -Digo por fim.

-Espero que se divirta essa noite, então. -Ele diz e pega a sua taça, a erguendo. -Brinde comigo.

Pego minha taça.

-A que vamos brindar? -Pergunto. Não importava. Eu iria brindar. Eu estava na companhia de um dos caras mais lindos que eu já conheci na vida. Não havia motivos para não comemorar, não é?

-A nós. -Ele sorri.

Opa. Sorriso errado. Não gostei desse sorriso, agora.

Logo ele alarga mais, mostrando que estava se divertindo com meu constrangimento.

-Não, Sofia. Quero brindar a duas pessoas que estão seguindo firme e forte. -Ele explica. -A nós!

-Ah... -Logo volto ao normal. -A nós, então.

Bebo o todo o conteúdo de uma só vez. Porque tenho o maldito pressentimento de que não deveria brindar? De que não deveria estar aqui, agora?

Odeio esse pressentimento.

A música ambiente conseguiu me distrair enquanto comíamos. Era difícil, porque eu estava a todo momento me perguntando se minha maquiagem já não estava escorrendo. Se algum pedaço de comida iria ficar presa no meu dente. Se tinha alguma cebola escondida que me deixaria com bafo depois.

A verdade é que eu estava muito nervosa agora.

-Sofia? -Ouço Cameron me chamar.

-Ahn... Oi. -Saio do meu devaneio.

-Você me ouviu?

Claro que não.

-Claro que sim. -Sorrio nervosa e preciso beber mais um pouco. -Você... Falava...

-Do meu emprego. -Ele completa sem eu precisar fazer esforços, ou me constranger mais. -Eu cuido das finanças de uma companhia. No começo achei uma loucura e...

E eu tive que fingir interesse naquilo. Não consegui dizer simplesmente "Cam, você é lindo, mas está fazendo errado. Não quero saber sobre cada detalhe do seu emprego, justamente porque é nossa primeiro encontro".

Desviei os olhos dos deles, por um segundo, enquanto ele não via e, juro, vi um lindo loiro de olhos azuis me fitando. Mas foi tão rápido, que quando voltei meus olhos naquela direção, não vi nada.

Meu Deus! Será que... Não. Não pode. Será que era aquele cara que dizia ser o meu Pietro? OK. Preciso para de falar "Meu Pietro", está soando como se ele realmente fosse meu, o que jamais chegou a ser, de fato.

-Está procurando algo? -Cam pergunta, casualmente.

-Ahn, não. -Falo rapidamente. -Apenas achei que tinha visto um... Amigo.

-Ah! Sua mãe disse naquele dia que você teve um amigo quando era criança e que nunca superou a partida dele. -Cam beberica sua bebida.

-Acho que ela não foi honesta, mas, em parte, é. Eu tive um amigo. Melhor amigo, na verdade. Imaginário. -Digo, mas me sinto uma idiota quando ouço a mensagem que acabo de dar. Jura? Jura mesmo, Sofia? Você vai falar do seu amigo imaginário? Que ridículo!

-Amigo imaginário, é? -Ele pergunta, analisando. -Pode me contar mais sobre ele?

-Ah, não tem muito o que saber. Era algo da minha cabeça. Falava comigo... Essas coisas. -Dou de ombros.

-Eu te entendo. Eu tive um também...

Quase caio pra trás. Olho para ele, incrédula. Com certeza Cameron não era normal. Mas isso também não significava que nós éramos iguais...

-Vo-você... Tinha um...

-Amigo imaginário. -Ele concorda, sorrindo. -É. Tinha sim. O meu amigo era uma girafa azul listrada...

E aí a minha cara desmorona.

-Eu o chamava de Chloe. -Ele continua. -Era muito divertido...

Assenti, novamente, um pouco decepcionada.

Cameron nunca seria como eu. Ele não entenderia que eu tive um amigo homem humano imaginário. Ninguém entende! Diziam que eu tinha alucinações. Minha mãe me levou diversas vezes ao psiquiatra por causa disso. E nem mesmo ele entendia. Na verdade, nem mesmo eu entendia. Como poderia esperar que outra pessoa entendesse?

-Que legal. -Digo quando Cameron termina. E aí me vem uma dúvida: -Como seu amigo foi embora?

-Ahn... -Cameron iria responder, mas uma dúvida surgiu. -Sabe que eu não lembro. Quase não lembro dele. Ou de como ele partiu. Ele só se foi. Sem dizer nada. O seu disse algo?

-Ahn... Acho que ele disse "adeus".

*

Nossa conversa não vingou, e logo tivemos que falar de outras coisas básicas, como faculdade, amigos, rotina, e a noite correu normal.

Voltei de táxi para casa, sozinha. Era o melhor a se fazer. Ficar só e, principalmente esquecer essa história de amigo imaginário. Era uma perda te tempo, se quer saber. E eu não podia perder tempo! Eu já estava sem!

**************

Oi, queijinhos. Desculpa a demora. Sorry, de verdade. Eu estava com alguns problemas e não pude postar antes. Mas espero postar agora é alegrar vocês.

Não desistam da Sofia, ainda.

Beijos e queijos💋

Meu Melhor Amigo ImaginárioOnde histórias criam vida. Descubra agora