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Só para esclarecer: estar dividindo o táxi com "esse Pietro" não signifca que eu estou confiando nele cem por cento. Não. Isso é apenas negócio. E vai ajudar na minha investigação.

Assim que passo pelas portas da firma, todos os olhares se viram para mim. Não era algo comum, mas eu sabia o motivo. Havia um cara lindo, loiro, de olhos azuis, que estava me seguindo.

Até a minha sala devo ter ouvido um milhão de suspiros. Será que você pode ser mais feio, Pietro-que-não-é-o-meu-Pietro?

Espero que ele entre para fechar a porta. Ele analisa a sala e eu não lhe dou atenção. Vou até minha mesa. Alguém havia deixado pastas de manuscritos, o que me alegrou. Eu precisava ler alguns manuscritos.

-Ahn... -Me viro para o "tal Pietro", que estava brincando com uma das muitas bugigangas que eu guardo nas prateleiras da minha sala. -Você vai ficar aí mesmo?

-Acho que sim. -Ele dá um sorriso charmoso de lado. Charmoso? -Até quando você precisar de mim.

-Hum... Tá legal. Eu tenho que trabalhar aqui, tá? Fica quietinho.

Ele assente e eu começo a desenvelopar os manuscritos. Os adolescentes estão ótimos, hein! Comecei a ler sobre um que falava da história da avó dela. Ui, drama alheio!

Enquanto eu me mantinha concentrada em minha leitura e Pietro mexendo na estante, a porta irrompe bruscamente.

-Sofia! Preciso que... -É Sam, que para de falar ao notar o cara alto e loiro no canto da minha sala. -O que ele está fazendo aqui?

-Ahn... -Penso. -Ele está fazendo uma pesquisa. Estou me preparando para ajuda-lo.

-Ahn... Oi. -Sam o cumprimenta. -Pietro-Amigo-Da-Sofia, não é?

-É. -Pietro sorri.

Reviro os olhos. Carinha, chato!

-O que foi, Sam? -Me levanto. -Aconteceu algo?

-Queria saber se estava recebendo os manuscritos... -Ele olha para a minha mesa. -Estão aqui!

Sam pega os envelopes da minha mesa, e me seguro para não puxar.

-Sam, espera. -Choramingo. -Preciso trabalhar!

-Eu sei! -Ele se vira. -Mas até eu ler seu conto, você fica sem isso.

Sam nem espera que eu diga mais nada, sai tão rápido quanto chegou e bate a porta ao sair. Bufo e me jogo na cadeira.

-Droga! -Resmungo. -DROGA!DROGA!DROGA!

Fico me debatendo de raiva até que o silencio se instala. Até me esqueço de Pietro, mas esse esquecimento só dura até ele abrir a boca:

-Será que você está precisando da minha ajuda? -Ele pergunta. Não com sarcasmo, mas com preocupação verdadeira.

Quis duvidar dele ali, mas eu não consegui.

Eu ainda tinha um plano, afinal.

-Puxa a cadeira. -Digo. -Senta aqui, precisamos conversar.

*

Nas próximas horas que se seguiram, o cobri de perguntas. Ele pareceu confuso, mas respondeu a maioria, e respondeu certo. Ele permanecia sentado na cadeira enquanto eu andava de um lado pro outro.

-Então, você é realmente o Pietro. -Analiso.

-É. -Ele afirma.

-Você tem certeza?

-De novo, Sofia? -Ele joga os braços no ar. -Já disse que sou eu. Algo aconteceu e me mudou, mas continuo sendo eu!

-Desculpa se eu duvido, mas, fala sério, você era imaginário!

Meu Melhor Amigo ImaginárioOnde histórias criam vida. Descubra agora