Capítulo 15 Narrado por Alvin

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                                   Alvin três dias depois da carta

Existem poucas coisas no mundo que podem corromper um ninfa. Mas isso não quer dizer que seja impossível, a escuridão sempre está a porta, um vacilo nosso, e nosso coração vira carvão. 

Amanda não quer me ver. Mas eu sei que ela fez o que tinha de ser feito, e acredite em mim, eu realmente sinto muito por Eleven. Ela é uma pessoa boa, mas tudo terminará como devido. Combinei com Eleven no rio de Arandell, é hora de começar, Eleven precisa ficar mais forte, ela precisa despertar suas habilidades, e quem melhor do que um ninfa que domina todos os elementos para ajuda-la?

Sinto-me culpado por fazer algo desse nível. Nunca me imaginei lançando alguém de um precipício, mas estou disposto a ir até o fim com isso. Eu não tenho escolha. 

O lugar onde o rio fica é lindo. É um rio imenso que parte toda a Arandell, não há um local ou uma cidade que esse rio não passe, em algumas partes ele é tão raso, mas em outras ele pode ser profundo. Profundo a ponto de matar alguém. Suas águas são cristalinas, de tal forma que se pode ver os peixes nadando e nadando pela nascente.  

Há pássaros verdes e rosas voando acima do rio, alguns cantos de pássaros são quase hipnotizantes, um pássaro roxo pousa em cima de um galho de uma árvore de maça. Ela começa a bicar a fruta e quase posso sentir o quão grata ela está por ter o que comer. Quando vejo algo assim, é quase impossível não pensar nos humanos, eles são egoístas e desconhecem o que é altruísmo. Eles veem seu próximo morrer de fome, ou morrer em uma esquina por causa do frio e quando veem esse tipo de coisa, eles torcem o nariz e dizem "não é comigo", "a culpa não é minha", alguns até dizem, "alguém deveria fazer algo", mas essa é a questão, por que não ser esse alguém?

Eleven chega e pousa na beirada do rio, ela mal nota minha presença. 

  — Eleven? —  sorrio para ela.

— Alvin. —  ela sorri doce.

— Você gosta de ficar perto da água? —  ela pula e bate palmas como criança.

— Eu não gostava, mas agora me sinto próxima. —  ela balança a cabeça. —  é quase como se fosse uma parte minha. Eu sei que é bobeira, mas deve ter a ver com eu ser uma fada da terra.

Você não faz nem ideia do tipo de fada que é. Talvez a mais perigosa da história, embora seu coração seja puro, o poder pode corromper.

— Vamos entrar? —  ela me olha como se tivesse sugerido a coisa mais ridícula do mundo.

— Não. —  ela responde como se fosse obvio. —  eu posso me afogar ou sei lá. 

— Você lembra do dia após que te conheci? — ela parece pensar.

  —  É como um branco. Tenho medo disso. —  ela olha as águas se acalmarem, como se estivessem prontas para ela.

— A água desse rio, pode trazer memórias, você sabia? —  ela parece pensar. —  vamos, se você se afogar, eu te salvo. —  eu rio de lado a lado.

— Eu topo. —  ela me devolve o sorriso.

Ela me dá sua mão e em seguida andamos em direção ao rio, nossos pés é a primeira parte do nosso corpo a ter contato com a água fria e ao mesmo tempo relaxante. Logo a água sobe até nossos joelhos, eu não sinto o frio, mas Eleven parece sentir, um calafrio toma conta de seu corpo, ela quase recua, mas seguro firme sua mão, não cheguei até aqui para desistir por uma birra. A água está batendo em nosso pescoço, Eleven parece desesperada.

— Alvin. —  ela grita. —  estou com medo. —  ela parece querer chorar.

— Está tudo bem. —  eu solto sua mão. Sua cabeça imerge na água e ela começa a se debater  

  —  Socorro. —  a água começa a entrar em sua boca.

Permaneço imóvel, observando ela se afogar,  ela está chorando, seus gritos se ouvem a distância, meu coração se aperta, é cruel demais ter que fazer isso. Mas preciso seguir as instruções. Afundo a cabeça de Eleven na água e ela começa a se debater,  e eu a chorar, meu coração se parte em mil pedaços, várias e várias vezes, não penso em mais nada além de que eu quero salva-la, mas não devo. E não salvarei. Eleven para de se debater e seu corpo afunda, cada vez mais, saio da água e fico observando. Ela não se mexe, várias lágrimas descem por meu rosto e começo a esmurrar a árvore grande e totalmente negra, sua raízes estão expostas, parece bastante velha. 

— Ah. —  começo a soluçar, puxo meus cabelos e arranco alguns fios. —  Eleven. —  eu grito.—  eu sinto tanto. —  meu coração está esmagado, sinto minha luz enfraquecer cada vez mais.

Eu tento gritar, esmurrar, entro em desespero, não era para ser assim, Eleven. Eu sento no chão e abraço meu joelho. É quando um ponto dourado pousa do meu lado, é Amanda ela está com um vestido dourado. 

— Alvin, eu ouvi seus gritos, você está bem? —  eu grito e abraço meus joelhos com força.—  Alvin me responde.

— Eu a matei.—  eu grito e dizer isso só torna tudo mais real e doloroso para mim. 

— Alvin, onde ela está? —  eu aponto para o rio.

— Você seguiu instruções, você sabe que haveria riscos. —  ela tenta controlar o choro mais falha.

Uma explosão chama nossa atenção,as águas do rio se agitam severamente, a água sai do rio para fora como em tsunamis, eu me protejo junto com Amanda. Olhamos para o rio e uma grande bola d'água flutua para fora, Eleven está dentro dela, seus cabelos estão mais claros que o normal, seus olhos verdes estão com uma tonalidade azul, temporária, acho. Ela começa a flutuar dentro da bola d'água, até que ela se explode no chão e Eleven começa a andar em terra firme em minha direção, ela não parece ela, está com algo estranho nos olhos, uma faísca de algo ruim.

— Você falhou comigo.—  essa não parece a voz de Eleven.

Ela cai no chão de joelhos  e começa a chorar desesperada, como se estivesse com medo, como se algo terrível tivesse acontecido com ela.

— Por que? —  ela me pergunta chorando.

— Um dia você vai me entender. —  ela olha para Amanda.

— Você sabia disso? —  Amanda se cala, e é o suficiente para que Eleven entenda que ela sempre soube. — eu acreditei em vocês, eu amei vocês. —  ela se levanta e então limpa sua lágrimas.

— Eleven. —  ela me olha com mágoa. 

— Não haverá um pedido de desculpas. —  ela olha para Amanda.— vocês criaram uma criatura totalmente nova dentro de mim. 

Então ela se levanta e vai embora. Amanda me abraça em prantos. Cumprimos nossa parte.   

— Funcionou?— perguntei a Amanda.

— Acho que sim, não dá para saber.

Eu não menti quando disse que as águas tinha uma propriedade de recuperação de memória, só não disse que seria imediato. E também não disse que seriam apenas as memórias dela que voltariam. Se deu realmente certo, de alguma forma Elevem estava conectada as antigas memórias de Lúcia.

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