Capítulo 10

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Cristine e a mãe se concentraram em ajeitar as roupas que Sebastian comprou, guardando todas dobradas na mala que ele também comprou. Afinal, moravam em Miami e partiriam para Chicago dali de Nova Iorque. Tudo porque ele não queria correr riscos com a esposa. Poxa, era romântico e cuidadoso mesmo.

A hora do almoço chegou. Bel dispôs a mesa e todos se sentaram, saboreando do prato preferido de Ellina. Ela se lembrava, Cristine enrugou o queixo com a observação.

— Hum, salmão com molho de alcaparras e arroz.

E todos se deliciaram com seu sorriso. Porque apesar da mãe manter sempre aquele jeito de quem está dramática e disposta, era claro o quanto escondia seu lado sensível e carente.

Depois do almoço foi servido o café da Bel. Mais assuntos que passavam sobre a mesa, risadas até mesmo piadas e Cristine vagamente pensou que aquela era a primeira vez que observava de perto o padrasto. Na verdade, que passavam um dia quase inteiro depois de sua adolescência conturbada. Era gostoso ouvi-lo falar sobre assuntos sem importância e talvez tenha compreendido naquele momento o porquê a mãe se apaixonou por ele. Pela firmeza e clareza. Pela objetividade e senso de resolutividade. Conhecia alguém igual a ele. Sharker. Por isso se apaixonou por Sharker e ela era igual a mãe. Não bastava a bondade e fidelidade. Teria que ser amor. Com fidelidade também, claro. E bondade. Mas com amor. Agora compreendia de fato, á quais prioridades a mãe falava mais cedo.

— Vai ficar bem?

Cristine tentou se mexer embaixo dos braços da mãe e mover algum músculo do rosto, todo enterrado sobre ela.

— Sim. — sua voz soou abafada, como se tivesse comendo um cobertor.

— Tem certeza, porque senão...

— Mãe, vou ficar bem. — ela conseguiu se desvencilhar do abraço apertado e desesperado e apontou para Bel. — Tem como ficar mal se Bel vai ficar comigo?

— Hum. Eu não gostei que não aceitou ficar na casa de Linda.

— Ah, mãe. Não sou criança. Além do mais você quem teve a ideia de Bel ficar. E acho melhor assim.

Bel soltou um resmungo do canto onde estava. Era rabugenta ás vezes.

— Cuida da minha filha, Bel. — Ellina orientou em tom materno. — Qualquer coisa me liga.

Nossa! Isto porque já faziam mais de dez anos que nem moravam juntas em tempo integral.

— Vou ficar bem. — repetiu com azedume.

— Querida, me preocupo com você. — Ellina falou deslizando a mão em seu rosto, num carinho de mãe. — E você tem uma expressão de quem deve ser cuidada com carinho e atenção que é difícil não me preocupar.

Sério? Tinha aquela expressão?

— Mãe, qualquer coisa tenho o número de Sebastian.

— Sim, e vai ficar ligado 24 horas para você. — ele lembrou-a daquele jeito paterno. — Me ligue ou vou rastrear você.

— Nem queira! Se fizer isto eu...

— Não vou fazer isto, querida. Estou brincando.

— Sebastian sabe do seu complexo com invasões. — Ellina lembrou num resmungo.

— Não é complexo. — negou taxativa.

— Sabemos.

— Ótimo que sabem. Vão. Bel vai cuidar de mim.

SOB SEU DOMÍNIO II - Da Loucura à ConquistaOnde histórias criam vida. Descubra agora