Capítulo 21

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— O que aconteceu?

Seu plano imediato foi fingir que nem ouviu a pergunta. Bah! Pergunta de Sharker sem repostas? Nunca.

— O quê?

— Você bateu o carro?

Agora já analisava o carro todo, encontrando o para-choque quebrado, uma parte do capô e da traseira amassados.

— Bati. Algo bobo. — murchou com um sorrisinho amarelo. Mas ele não iria desistir.

— Quando foi isto?

— Segunda... acho.

— Segunda feira. — ele a encarou e era aquela expressão de quem quer esganar. — Onde esteve?

Cristine engoliu seco. Merda. Nem tinham um relacionamento muito sério assim. Tudo bem, ele aceitou não ter mais namoradas, mas garantiu que nunca a amaria. Então mantinham encontros sexuais somente entre eles mesmos e agora exigia saber sobre detalhes de sua semana. Ela não poderia fazer aquilo com ele?

— Eu, eh... — gaguejou. Puta merda. Gaguejar significava admitir a própria culpa.

— Onde Cristine?

— Fui á um coquetel, na casa de amigos. — decidiu ser firme e até ergueu a cabeça.

— Continue.

— Só. — abriu os braços porque nem tinha muito que continuar. Na verdade, ele deveria pensar que não.

— Cacete. Quem bateu em seu carro, Cristine?

— Eu não sei.

— Fez um boletim de ocorrência?

Era sua intenção.

— Não.

— Porque diabos não?

E ele já berrava, acenando com os braços. Poderiam sair dali?

— Por que... eh, eu bebi.— confessou vermelha, cabisbaixa e culpada.

— O quê?

— Eu bebi um coquetel e os policiais, um deles muito nervoso e bravo — assim como você, ela queria acrescentar, — ameaçou fazer um teste e provar que eu estava alcoolizada.

— E estava?

Ela engoliu seco. Sua mente gritava "a verdade" em ecos.

— Não sei.

— Não sabe? O que bebeu?

— Pinã colada. — confessou novamente, murcha. — Podemos jantar agora? Estou com fome.

— Puta merda. Você ficou maluca? — ele deu um tempo trágico ao silêncio seguido. — Plena segunda feira, sai para beber com amigos — ele entortou a boca para dizer aquela palavra. — e ainda... Ficou na delegacia?

— Não. Acionei meu advogado.

Coisa que deveria ter feito lá atrás, um dia remoto quando ele a jogava dentro de um Labace.

A expressão de Sharker era de frustração mesmo, olhos arregalados e boca curvada e pretensiosa.

— Comportamento de amador imbecil.

Nossa! Pegou pesado com ela.

— Nunca mais faça isto. E o risco que correu! Sabe quem bateu em seu carro, Cristine?

— Não... Podemos sair daqui? — usou um tom baixo, com receio dos movimentos alheios. — Estamos chamando a atenção.

— Sabe quem fez isto? — ele ignorou. Uma mão agora, apertou seu braço porque era para prestar atenção somente nele.

SOB SEU DOMÍNIO II - Da Loucura à ConquistaOnde histórias criam vida. Descubra agora