Capítulo 7

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Ele estava parado, em pé. O corpo todo ereto, a figura emanando tanta força e talvez ela pensou, que pudesse ser porque usava o paletó, e ele ficava com a expressão de um ser tão mau, vestido daquele jeito.

— Vamos embora, Cristine. — ele falou num tom baixo, sem cumprimentar Marco, sem fingir que era educado.

— Sharker, não quer beber alguma coisa? — Marco fez seu papel de enteado do anfitrião, apontando para o interior da casa.

— Não, obrigado.

Ao menos "obrigado." E ela balançou a cabeça num sim, porque estava oferecendo também.

— A porta estava entreaberta, reconheci sua voz e por isso entrei. — ele falou, parecia se justificar e mantinha aquele olhar duro para ela quando completou sua frase.

Cristine forçou se recompor e manter a pompa de alguém muito adulta e segura, afinal, sentia que suas pernas estavam petrificadas e seu estômago parecia ter dado um nó até a garganta. Caramba! Não estava com medo dele. Estava?

— Eu fui procurar meu pai para me despedir. — conseguiu murmurar.

— E imagino porque não encontrou. — ele acusou tenso, lançando um olhar fulminante para ela e para Marco, a boca numa linha reta. E ambos se encolheram.

— Eu vou ver se...

— Vamos Cristine. — Sharker interrompeu o que seria a tentativa de Marco em procurar Jhoel. Mas em vão. Sabia por que aquele tom era imbatível e ela deveria se render porque ele ordenava.

Como idiota, balançou a cabeça, agradecendo mentalmente por não ter trazido sua bolsa porque senão iria ter que pegá-la em algum canto, atrasando ainda mais sua partida com o homem-ameaçador que a encarava como se fosse soprá-la para longe.

Ficaram em silêncio; Estava indo embora intimidada, acompanhada pelo homem tenso que segurou seu cotovelo com possessividade. Poderia dizer tchau para Marco, pensou quando passaram pela porta, mas apenas um aceno já seria suficiente. Indagou-se mentalmente porque estava se sentindo como uma mosca e resvalou o olhar para Sharker sabendo que era porque ele a fazia se sentir assim.

— Entre. — ele apontou para a porta da Mercedes sedã sem o Charlies, agora.

Obedeceu, porque era a única coisa que devia fazer mesmo. E ele bateu a porta com tanta força que ela sentiu pena da máquina luxuosa. E no display, já em seu final uma das canções da banda preferida dele, ela nem fez questão de prestar atenção na letra. Irritada. Ultrajada. E quando terminou a batida, silêncio. Nem queria falar, tampouco ouvir. Mas o display estava no grau alfa e agora a voz profunda e grave era de Jon Secada — o quê? — a batida lenta e romântica. E ele gostava de Jon Secada? E... Putz, era Angel. Antigo ele, hein?

Vagamente pensou na ironia. Estava sendo irônico? Sim, estava sendo irônico com aquela canção invadindo seus ouvidos á medida em que avançavam para casa. De Pearl Jam para Secada. Sharker era mesmo imprevisível.

Cristine poderia se manter comportada e aguardá-lo abrir a porta, como uma dama. Mas mal o carro parou, ela saltou, seus passos ágeis e já subia o elevador só, porque Sharker perderia tempo estacionando o veículo. E enquanto girava o trinco da porta de casa, sua mente trabalhava. Ele queria virar o jogo. Era experiente. Caramba, fez sexo até as dez com uma tal hardcoriana e ainda a faria de palhaça. Sua vontade era de explodir. Se explodir. Queria chorar e vomitar tudo o que sentia, o que pensava, mas não. Respirou fundo uma, duas e três vezes.

Nem se sentia tão recomposta quando ele entrou no quarto. Ainda bateu a porta quando fechou e ela terminava de desfazer a trança.

Seu coração estava tão... Saltado. Havia silêncio. Ele entrou quieto, e ela sabia que a analisava, sentia o peso do olhar dele, procurando o defeito em sua boneca.

SOB SEU DOMÍNIO II - Da Loucura à ConquistaOnde histórias criam vida. Descubra agora