Capítulo 3 - Decepcionada

2.1K 259 22
                                    

Anastásia

A parte mais difícil de sentir que perdeu alguém é a incerteza, é não saber se você terá tudo aquilo de volta, eu sinto como se estivesse vivendo mecanicamente a espera de alguma certeza, de que eu tenha Christian de volta. Chorar já se tornou rotina e o vazio que sinto ao acordar na minha cama sem ele ao meu lado é grande.

Era sábado de manhã, eu estava tomando café e pensando na noite anterior, no nosso beijo, eu estava radiante, o telefone tocou e eu levantei rapidamente para atender. Christian apareceu no visor, sorri involuntariamente.

- Ana? - Ele perguntou assim que atendi.

- Oi Christian - Eu disse ainda sorrindo.

- Quero que me encontre em um lugar hoje, no fim da tarde.

- No pier?

- Sim, me encontre lá as seis da tarde.

Ele me passou a localização e eu estava bem curiosa. O que ele iria me mostrar?

- Eu estou com o seu casaco - Eu disse.

- Então quer dizer que é assim que você pega os casacos dos seus pretendentes? Eu nem me dei conta.

- Eu posso levar ele hoje.

- Eu ficaria agradecido.

- Então está combinado, tenha um ótimo dia Sr. Workaholic e não trabalhe demais.

- Pode deixar, irei te obedecer - Ele disse brincando e desligou.

Eu só faltava dar pulinhos de alegria, sei que parece bobo mas eu já gostava de Christian poderíamos estar indo rápido demais mas eu não me importava.

Coloquei um vestido verde que eu adorava, ele me aqueceria por ter mangas cumpridas, vesti minhas meias longas pretas e calcei minhas botas de salto baixo. Fiz uma maquiagem mais completa afinal eu sentia que a noite seria especial. Eu estava adiantada mas não me importava coloquei tudo que precisava dentro da bolsa, peguei o meu casaco e o de Christian e parti, meu carro estava no conserto então como no dia anterior tive que ir de táxi.

Me sentei em um banco próximo do pier a espera de Christian, estava ansiosa com um misto de alegria como quando você espera uma coisa boa.

Eu estava tentando adivinhar onde Christian iria me levar mas toda ideia que eu tinha, não parecia legal o bastante com o que deveria ser.

Esperei ele por dez minutos, me lembrando que eu estava adiantada.

Esperei ele por vinte e cinco minutos, pensando que se ele fosse chegar já estaria a caminho.

Esperei ele.

Eu estava sentada no mesmo lugar a cerca de unas quarenta minutos, me perguntando se ia pra casa ou ligava pra Christian e pedia uma explicação por ter me dado um bolo.

Como eu pude pensar que teríamos algo? Um homem tão ocupado como ele, nunca teria tempo pra mim.

Era triste saber disso pois eu realmente estava gostando dele.

O nosso jantar tinha sido ótimo, nosso beijo tinha sido incrível e tão incrível quanto o beijo, tinha sido o bolo que ele me deu.

Comecei a pensar mil coisas.

Ele poderia estar preso no trânsito.

Poderia ter se esquecido ou decidido não vir.

Mas ele parecia tão animado com nosso encontro, será que algo tinha acontecido? Eu pensei.

Me levantei e caminhei tentando afastar as lágrimas que surgiam nos meus olhos, borrando a minha visão

Eu não sei por que eu estava chorando acho que toda a expectativa e a ideia de ter sido feita de palhaça me faziam querer chorar.

Entrei no táxi que parou na calçada assim que dei o sinal, dei o endereço do meu apartamento e encarei a janela não pensando em nada enquanto ele seguia até o meu apartamento.

Lá eu troquei minha roupa e sentei em frente a TV, fingindo prestar atenção nela e não no meu celular que estava na mesinha de centro sem nenhuma mensagem ou ligação.

Aquele ponto eu pensava que se ele fosse se atrasar ou cancelar tudo ele teria mandado uma mensagem ou até mesmo mandando sua assistente ligar e ele não fez nenhum dos dois. Ele só decidiu que tinha coisas mais importantes a fazer.

Deixei que uma ou duas lágrimas escorressem pelo meu rosto mas logo as sequei e me mandei parar, eu não choraria por ele. Um cara que eu conhecia a tão pouco tempo.

Já fazia uma hora que eu estava em casa e duas horas que meu encontro com Christian deveria ter acontecido, quando ouvi batidas na minha porta.

Seria Christian ?

Ele sabia onde eu morava mas não o número do meu apartamento mas isso era simples de conseguir.

As batidas continuaram.

Me levantei e caminhei até a porta, a abri e dei de cara com um Christian ansioso, a primeira frase que ele me disse me deixou fervendo de raiva.

- Ana me desculpa, eu fiquei preso em uma reunião.

No segundo seguinte em que as palavras terminaram de sair de sua boca, eu bati a porta na cara dele com vontade.

Mas ele era muito cara de pau mesmo.

Marcou o encontro comigo e não foi capaz de organizar sua agenda? Me fez ficar sentada por uma hora o esperando, só no mundo dele que isso era normal e poderia ser corrigido com um "Fiquei preso em uma reunião"

- Ana por favor - Ele bateu na porta desesperado.

- Vai embora seu idiota!

- Não, por favor me deixa te explicar.

- Você já explicou, teve coisas mais importantes pra fazer do que se encontrar comigo.

- Não foi isso, por favor me escuta.

- Eu já disse, vai embora.

Ele ficou em silêncio e achei que ele tinha ido embora mas ouvi ele falar algo por trás da porta, eu não entendia mas nem me esforcei a entender, eu estava pouco ligando.

- Devolva me casaco então. - Ele era um idiota mesmo, tinha me dado um bolo e estava preocupado com o maldito casaco. O peguei em cima do meu sofá e abri a porta com raiva jogando o casaco em cima de Christian.

- Pega seu casaco e vai embora - Eu disse com raiva.

Ele se moveu tão rápido, que nem tive tempo de fechar a porta em sua cara de novo.

Segurou a porta me impedindo de fecha-la

- Poderia tirar as mãos da porta? Eu quero fecha-la.

- Você primeiro, vai me ouvir. - Me encarou sério.

- Não vou. - Retribui seu olhar.

- Mais que droga eu estou te implorando - Ele pediu exasperado.

- Mais que droga? Eu fiquei uma hora sentada no pier te esperando como uma trouxa, isso sim foi uma droga. - Eu disse soltando toda a minha magoa em cima dele, senti meus olhos ficarem embaçados pelas lágrimas.

Eu odiava ser sensível daquele jeito, eu não ia chorar na frente dele.

- Eu sei que você está magoada comigo e tem total direito mas por favor me da uma chance de consertar isso.

- Está tarde Christian vai embora.

- Me deixa te levar pra jantar, o que você quiser. - Ele pediu novamente.

- Hoje não, você perdeu a sua chance. - Eu disse sem o encarar.

- Amanhã então, por favor - Ele pediu

Eu queria ceder mas minha mente dizia não.

- Tchau Christian.

Finalmente ele se afastou da porta me deixando fecha-la.

A Garota do ParqueOnde histórias criam vida. Descubra agora