Meu despertador tocou às cinco e meia da manhã.
Gosto de acordar cedo. Normalmente às seis eu já estou na academia, fazendo meu treino rotineiro. Cuido do meu corpo. Preciso estar em forma para me envolver com meus esportes radicais que já pratico há uns seis anos (o que sempre faz com que minha mãe diga que um dia irei matá-la do coração).
Mas não hoje. Eu queria apagar da mente a noite passada
Não sei por que não desliguei o despertador quando cheguei da noitada, meia hora atrás. Também não ia adiantar, não preguei o olho desde que me deitei.
Minha cabeça está a mil. Milhares de pensamentos confusos desde que a encontrei na boate.
Ela.
Por que eu tinha que reencontrá-la logo agora? Eu estava pensando em ficar noivo. Merda! Claro que eu não amava a Raquel do jeito que ela merecia ser amada. Gosto de estar com ela. Temos um bom relacionamento, nos damos bem na cama e fora dela, gostamos das mesmas coisas. Somos bons juntos. E sinceramente, achei que a havia superado.
Mas de que adianta isso tudo? A quem eu queria convencer? Eu não a amo e acho que nunca vou amar. Meu coração sempre foi de uma só mulher. Minto, mulher não. De uma menina. Uma linda menina magrela de cabelos e olhos castanhos tão escuros e intensos. Menina essa que entrou novamente na minha vida nessa última noite em forma de uma mulher maravilhosa, corpo escultural e ainda de olhos castanhos, mas agora com compridos cabelos cor de fogo...
7 anos antes...
Morrendo de raiva, me xinguei mentalmente de novo. Por que eu tinha concordado com aquilo? Quando meu pai me pediu que ajudasse seu melhor amigo, o meu padrinho Jonas, com o novo bar que ele estava abrindo aceitei achando que seria um emprego temporário, até o padrinho achar alguém pra meu lugar. O nome do lugar? Bar Bodocó (e isso era lá nome de bar? Jonas era meio louco). Agora completariam três meses que, aos 23 anos, perdia minhas sextas e sábados trabalhando até de madrugada...
Bom... Não posso dizer que eu “perdia” esses dias porque na verdade nunca tive tanta mulher me cantando como nesses últimos meses. Eu me sentia um pouco incomodado. Sempre fui um pouco tímido e cada fim de semana que passava aumentava o número de mulheres pra cima de mim. Claro que eu saia com algumas. Eu escolhia dentre todas, aquela que achava a mais bonita ou a mais gostosa da noite. Não sou santo e nunca fui. E muito menos cego. Homens são visuais. E nada melhor do que ser bela ou gostosa pra animar minha noite.
Mas eu estava ficando cansado disso tudo e naquela sexta eu não queria ir trabalhar... Haveria um encontro da turma da faculdade e mesmo que não estudasse mais com eles (minha matrícula está trancada) gostaria de ir e rever algumas pessoas. Mas minha obrigação era ir trabalhar. Ia conversar com o padrinho hoje mesmo quando ele fosse me pagar e o lembraria de contratar alguém pro meu lugar.
- Marcelo! Ooo Marcelo! Se você quiser carona vem logo que tô saindo e não vou ficar te esperando - gritei pro meu irmão mais novo. Nos dávamos bem, a implicância só se devia ao fato de sermos irmãos e morarmos na mesma casa.
- Pô Rico, já tô pronto a um tempão. Tava só comendo o sanduiche que a mãe fez pra mim. Hoje é dia de o bar ficar cheio e não ter tempo nem de comer - ele me respondeu. - E oh, pode parar com esse mau humor porque aposto que seu fã clube vai tá lá hoje. Vai tratar a mulherada mal, é?
Odiava concordar com ele, mas dessa vez estava certo. Quanto mais felizes elas ficavam mais dinheiro eu fazia.
E realmente aquela sexta estava louca. Nunca vi o bar tão cheio como naquele dia. Pelo que o André, o gerente, tinha falado tínhamos seis turmas comemorando aniversário.
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Puro Pecado
RomanceHenrique “Rico” Carvalho sempre foi um cara tímido mas que por causa de sua beleza sempre teve ao seu redor e principalmente a seus pés todas as mulheres que quis. Todas menos uma. Aquela que era o amor da sua vida. Desde que Maria Luiza Borges And...