Capítulo 08

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N/A Último capitulo de hoje, a partir daqui a história toma o rumo que eu queria, e eu adianto que será tenso, pesado, e bastante questionador, fiquem a vontade caso não queiram ler, pra quem quer ler, e gostam de drama, espero que gostem!


13 anos e dois dias.


Há 13 anos e dois dias Mama me dava a luz, aqui mesmo onde eu estou, na horta, na parte de trás de casa, completamente sozinha, nem mesmo papa estava no momento.


Mama plantava de tudo um pouco e deixava que eu me aventurasse a plantar o que eu quisesse também, eu plantei Rosas, Lírios, Maria-Sem-Vergonha, dois girassóis imeeeensos, Oh e é claro, eu estava acabando de plantar uma muda da Flor de Laurel, completamente distante de todas as outras, até por que ela é perigosa.


- espero que você não fique rebelde e morra só porque mudei você de lugar - falei baixinho para ela. - eu vou cuidar de você certo?


- Camila vem comer antes que esfrie - o grito de Mama ecoou e eu me levantei devagar limpando minhas mãos das roupas masculinas que eu usava.

Sim, alguns pacientes de mama apenas davam o pouco que tinham,e eu usava, hoje eu vestia uma calça de linho, e uma camiseta de botões, todas na cor de algodão queimado.

A verdade era que em geral eu odiava vestidos, cerimônias, Tardes de chás, 


definitivamente eu odiava chá.

 Regras de etiqueta, apesar de saber me portar por que mama achava que era necessário aprender,

Em casa eu era livre pra ser quem eu realmente quisesse ser e isso inclui me vestir de forma a vontade para mexer na terra, fui até a pequena bica de água e lavei as mãos.

Minha barriga roncou ao sentir o cheiro gostoso que vinha da cozinha. Pelos céus, teria que dar a volta na casa inteira para poder chegar a cozinha e comer, minha vida não era necessariamente fácil. ri com do pensamento.


Barulhos de cavalos.

eram muitos.

Parei onde estava e me esgueirei por entre alguns arbustos me aproximando até que pudesse ver o que acontecia em frente da minha casa. Eu vi um homem, ele era da igreja, sabia disso porque pude ver o grande crucifixo pendendo em uma das suas mãos, tinha alguns homens da realeza em seus cavalos, mas algo em especial chamou minha atenção, um deles usava uma capa azul escura.


- Duque Jauregui! - sussurrei.

- Vocês foram denunciados por práticas de bruxaria, estão presos e serão julgados segundo Malleus Maleficarum - a voz daquele homem de preto fez todo o meu corpo paralisar.

Vi alguns homens invadir minha casa e automaticamente me enfiei mais entre os arbustos, isso não podia estar acontecendo, minha casa, minha família! eles não tinham esse direito.


Um dos homens trazia minha mãe consigo, e outros dois seguravam com muita dificuldade meu pai que lutava para se soltar. Mama olhava em volta, ela estava apavorada, ela estava esperando por mim, talvez com esperança que eu fugisse, mas eu estava paralisada, eu estava com tanto medo que não conseguia me mexer, se eles me vissem me pegariam, e eu sabia o que acontecia com quem era acusado de bruxaria, não não não, eles não podem fazer isso com meus pais!!


Uma lagrima quente escorria pelo meu rosto e um choque percorreu meu corpo quando um dos homens desferiu um golpe contra meu pai, fazendo-o perder os sentidos.


- Vamos embora, esse lugar me dá arrepios - um outro homem falou, já montando em seu cavalo.


- Não ainda...


 O provável líder olhou em volta... e eu me encolhi mais uma vez. 


- A denuncia é pai mãe e filha. temos apenas pai e mãe. voltem e vasculhem a casa!!


E com essa ordem eu tive certeza que o mundo nunca mais seria o mesmo pra mim, com essa ordem eu senti que perdi minha alma, minha humanidade.


Eu vi o homem entrar na minha casa, ouvi o choro da minha mãe, vi meu pai desacordado, e ouvi o som do grito histérico de Sofia.

Eu sabia que ela estava dormindo, eu mesma a acordava para comermos, ela tinha um habito de dormir algumas horas depois do café da manhã.

- Queimem a casa - ouvi a ordem.

Eu fechei meus olhos e esperei.

Esperei que viessem atrás de mim, eles deveriam!!

Esperei tanto que não vi quando o barulho de cavalos estava já longe.

- Aí está você!! - senti um braço me puxar e comecei a gritar e me debater, eu não me renderia fácil! - se acalme, eu quero tentar te ajudar!

Eu reconhecia aquela voz de algum lugar, mas eu não conseguia pensar com clareza, o desespero era maior do que minha consciência.

De repente aqueles braços fortes me tomaram em um abraço, e eu desmoronei. eu não sei ao certo por quanto tempo chorei, mas eu sentia o calor das chamas da minha casa, minha família tinha sido levada. Eu tinha perdido tudo.

- Eu quero te ajudar.... - a voz soou novamente e eu abri os olhos. Azul. Tecido Azul escuro. - Eu preciso que me perdoe. Eu fiz pela minha filha.

Me afastei bruscamente daquele homem, como se ele fosse a própria brasa que queimava minha casa.

- Duque Jauregui - me assustei com o tom ameaçador em minha voz - Foi você.

Não era uma pergunta. senti algo novo imergir dentro de mim, algo que eu nunca tinha sentido antes, era ódio, um ódio assassino, por culpa dele 3 inocentes tinham sido levados, por culpa dele eu perdi tudo o que eu mais amava no mundo, eu queria mata-lo.

- Eu preciso que você me entenda - ele tinha olhos marejados.

Eu ri... eu soltei um gargalhada completamente fora do normal, eu estava completamente fora do normal.

- Eu juro - minha voz saiu baixa, e ele se levantou - Eu juro por todas as bruxas que possam existir ou que virão existir nesse universo - seus olhos dobraram de tamanho - eu vou fazer você pagar pelo que fez! - EU JURO! -

Gritei e ele deu três passos para trás.

- Se você não sumir da minha frente agora, eu vou matar você envenenado, e você sabe que eu posso fazer - o Homem estava assustado e ofegante e eu pensava em todas as plantas que eu poderia usar pra mata-lo. 

Mas ele correu, ele correu sumindo das minhas vistas como um raio. 


Eu cai de joelhos, chorando e sem expectativa nenhuma do futuro. Pela primeira vez na vida eu estava...


 Sozinha.

ATHAMEWhere stories live. Discover now