VIII

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Os raios de sol que atravessavam o pano que tapava a janela, acabou por não me deixar dormir mais. Afastei o lençol fino por cima de mim e sentei-me na ponta do sofá. Mergulhei os dedos nas ondas do meu cabelo e olhei para a porta, ao seu lado ainda se espalhava a mala de couro da Angie.

Caminhei calmamente pelo corredor em direção ao quarto. Empurrei cuidadosamente a porta. Os cabelos loiros de Angie estendiam-se pela almofada onde descansava a cabeça e ainda um pouco da outra, o seu corpo apenas estava coberto a metade com o cobertor com que na noite anterior a aconcheguei.

Acabei por não ter coragem de a acordar.

Na secretária arranjei um pouco de papel onde escrevi: “Volto já. Por favor, não te vás embora.”. Pousei o papel na mesa-de-cabeceira na esperança que ela o visse e obedecesse ao meu pedido quando acordasse.

Agarrei num par de jeans pretas e numa das minhas imensas t-shirts brancas. Calcei as minhas converse antes de agarrar nas chaves e sair com o objetivo de encontrar um café onde comparar alguma coisa para o pequeno-almoço.

-

Rodei a chave da porta do prédio. Corri pelas escadas, pulando dois degraus de cada vez, antes de abrir a porta arranjei um pouco o cabelo dos estragos que o vento tinha feito e que a corrida pela escadaria não tinha ajudado.

Empurrei a porta. Rapidamente, fui confrontado com a rapariga mais adorável que já alguma vez conheci. Eu tenho a certeza de que vou continuar a adorá-la, mesmo quando ela tiver as suas mãos á volta do meu pescoço com o objetivo de me matar… Ela mantinha-se sentada no parapeito da janela enquanto olhava para mim com o seu cabelo despenteado.

- Acordaste.

Eu evidenciei o óbvio. Ela levantou-se, arregalei os olhos quando me apercebi que as suas pernas estavam nuas, ela simplesmente vestia uma t-shirt branca que a cobria até um pouco acima da curva do seu traseiro. Eu parei para a ver caminhar na minha direção, ela não parecia estar incomodada com a falta de roupa que apresentava.

- E-eu troce o pequeno-almoço.

Eu engasguei-me com a falta de ar. Eu queria que aqueles pensamentos pervertidos saíssem da minha cabeça, mas era impossível. Eu só queria que o mundo parasse e que eu pudesse sair daqui com ela.

- Harry?

A voz doce dela chamou-me. De repente senti a minha mão vazia, já não sentia a rugosidade do papel nos meus dedos. Olhei para Angie, era ela agora que se apoderava da comida. Eu estava tão perdido com as suas pernas altas e preciosas que nem percebi que ela me tinha roubado o saco.

Aproximei-me dela na cozinha, o meu corpo só voltou a arrefecer quando ela se sentou na pequena cadeira de metal e cobriu as suas pernas fletidas com o pano da t-shirt.

- Obrigada pela comida.

Ela agradeceu antes de levar o donut á boca. Eu sentei-me no banco que tinha dúvidas que suportasse o meu peso com as suas três pernas velhas.

- Não vais comer?

Ela perguntou erguendo as sobrancelhas. Sim, na verdade no caminho quase caia no desejo de comer aquilo enquanto não chegava a casa, mas preferi comer com ela. Eu sem dizer nada tirei um café dos suportes de papel que me foram dados na loja.

Interrompendo a minha atenção sobre as ações de Angie, um vibrar suou seguido de uma música chamativa. Vi-a abandonar o donut lambendo os dedos. Ela não sabia o quanto me estava a meter louco…

As suas mãos vasculharam todas as bolsas da sua mala, que desde a noite passada sem mantivera perto da porta. A sua cara quando encarou o nome no ecrã do telemóvel ficou dura e gelada, o seu dedo pressionou drasticamente o botão vermelho e o toque parou de imediato. Ela atirou com o telemóvel contra a almofada do sofá. Parecia incomodada com o telefonema rejeitado.

assim assim » h.s. au [status]Onde histórias criam vida. Descubra agora