Sinceramente, não sabia que postura havia de ter depois de uma mensagem de Angie, a pedir para no encontrarmos no café, perto do videoclube, para conversar. Eu não sabia se devia de ficar chateado pela sua atitude um pouco rude, há uns dias atrás ou se deveria de meter o orgulho para trás das costa e sorri-lhe com todas as minhas forças.
Nenhum de nós tinha dito nada desde que nos sentáramos ali. O ambiente estava tão tenso que até me doíam a costas do banco duro. De repente quando pensei ter achado as palavras certas para romper todo aquele ambiente duro, Angie atropela-me.
- Eu acho que nós devíamos parar de falar.
Eu dei uma risada, mas no rosto dela não envergava qualquer rasto de humor. Não percebi, o nosso problema era não era não estar a falar, como é que ela queria parar de falar?
- Mas nós ainda nem falamos.
- Eu estou a falar a serio, Harry. Eu acho que nós devíamos parar de nós ver.
Ai o humor acabou e eu sentia como se tivesse sido atropelado por um camião, literalmente. Talvez, literalmente, não, mas eu estava-me a sentir como se tivesse.
Antes que eu pudesse dizer algo, ou pensar em dizer algo, ela levantou-se e saiu. Deixando-me sozinho daquele café fantasma.
*****
Respirei fundo e olhei em volta, nada se passava, como sempre. Aborrecido, rodei o botão do som do meu amplificador e dedilhei a guitarra no meu colo, enquanto segurava o cigarro entre os lábios. O som foi grandioso, no entanto sem sentido. Ela assim que eu me sentia sem Angie, sem rumo ou objetivo, principalmente, sem inspiração.
- Quero dormir, seu idiota!
Um pó branco caiu sobre mim. Talvez o vizinho tivesse razão, eu era um idiota, mais precisamente um idiota que não conseguia dormir. Estava-me a faltar algo, mas esse algo, não precisava de mim e isso fazia de mim a pessoa mais idiota á fase da terra. Dedilhei uma última vez as cordas da guitarra, não sei bem porquê, talvez para aborrecer mais um pouco o vizinho rabugento.
- Hey!
Ele voltou a gritar em desagrado. Retirei o cigarro queimante dos meus lábios, expirei o fumo e atirei a beata pela janela que deixava o subtil vento bater na minha cara e cabelos.
Depois de minutos a observar o nada, decidi ir para a cama, tentar dormir. Enquanto o sono não vinha, observava o céu escuro e sem estrelas, ele estava assim há mais de duas semanas e isso era riste, pois parecia que o céu se sentia como eu, vazio.
*****
Deixei as moedas caírem e pressionei o botão de lavagem. A máquina começou a fazer um barulho igual ao da do lado, que cause acabava a sua tarefa de lavar a roupa, daquela senhora que quase adormecia ao seu lado. Apoiei-me ao eletrodoméstico azul gasto e deixei a minha cabeça cair. Estava tão farto da minha vida, era tão aborrecida sem ela, eu não nem me sentia tristes nem alegre. Eu, simplesmente, não sentia nada.
Impulsionei-me para trás na tentativa de não pensar mais na falta que ela me fazia, mas isso era o grande tema da minha mente há meses e eu sentia-me dependente dele. Empurrei a porta comercial de vidro e sai para o nevoeiro do fim de tarde. Do meu bolso tirei um maço amachucado de cigarros e o isqueiro, começando a fumar o meu cigarro pensante. Eu precisava tanto de para de pensar, de pensar nela. Espezinhei o cigarro no passeio húmido e voltei para dentro da lavandaria. Abri a porta da máquina e atirei a roupa húmida para a minha mochila.
O curto caminho até casa só me fez querer que não fosse assim tão curto. Estar entre quatro paredes onde já se tinha passado tanto, não me fazia bem. Por isso apenas atirei com a mochila para a entrada e voltei a descer a escada do prédio até ao exterior. As nuvens cinzentas cada vez escureciam mais e isso, estranhamente, fazia-me sentir melhor. Eu sentia que não estava sozinho nesta revolta de sentimentos. O céu estava comigo.
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assim assim » h.s. au [status]
FanfictionEsta é a história de um rapaz que conhece uma rapariga. Harry cresceu a pensar que nunca poderia ser verdadeiramente feliz, até que conhece a que pensa ser "A Tal". Angie apenas ama duas coisas na sua vida: O seu longo cabelo loiro e o ballet. Esta...