XVII

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POV Angie

Penteei o meu cabelo longo. Os fios caiam-me pelos ombros, a minha franja já era demasiado comprida para tapar a minha testa sem tapar também os meus olhos, então dividi-a em proporções aparentemente iguais e juntei-as ao resto dos meus cabelos loiros atrás das orelhas.

Estou tão entusiasmada pela visita do meu pai, apesar de sermos os dois um pouco tímidos quando o assunto é expressar o nosso amor, eu amo-o e eu espero que ele saiba disso. Eu adorava ser eu a ir para São Francisco, mas os meus treinos intensivos não me permitem, então Joseph conseguiu uma semana de folga para me visitar aqui em Nova Iorque. Mal posso esperar.

O som da campainha acorda-me e eu dei uma última olhada no espelho e na casa para ver se estava tudo do devido lugar. Por de trás da porta foi relevado um homem carregado apenas com o sorriso enorme. Eu, calmamente o abracei e ele apertou o laço.

- Tinha tantas saudades tuas, Angie.

A voz dele foi abafada pelo meu cabelo.

- Eu também tinha muitas saudades tuas, pai.

Eu admiti e nós afastamo-nos ligeiramente. Ele beijou a minha testa, picando-me a com a sua barba por fazer. Ele pegou na minha mão e aperto-a, olhando-me nos olhos. Eu podia sentir a sua alegria.

Então o olhar dele baixou para onde ele me tocava. Ele sorriu de novo, um sorriso mais aberto. Eu acho que nunca tinha visto aquele sorriso nele.

- Estás a usá-la.

O meu olhar encontra o objeto a que ele se refere. O seu dedo grande passa por cima da pulseira com um R gravado. Ambos sabíamos que era algo que representava um assunto emotivo: a minha mãe. Mais que isso, a minha maneira de lidar com a morte dela, acho que sempre a culpei por não estar aqui quando precisava, então sempre tentei esconder tudo o que me torcesse a sua memória á tona. Mas quando comecei a viver sozinha, eu senti-me sempre tão sozinha, eu precisava de um consolo. Talvez fosse mais fácil ir procura-lo em rapazes que estivessem dispostos a dar-me amor, mas eu precisava mais que isso, eu precisava de me sentir em casa. Pode parecer insignificante, mas aquele objeto fez-me sentir que não estava sozinha, que onde quer que ela esteja está a olhar por mim. Porque se ela não me amasse, ela nunca me teria dado a sua vida.

Eu abracei o meu pai de novo, as minhas mãos nas suas costas e as dele na minha cabeça a aprisionar para que eu descansasse no seu ombro.

- A viagem foi boa?

Eu desviei o assunto.

- A comida que vendem a bordo é um pouco cara e acordei com as costas um pouco dormidas, mas sim, acho que correu bem.

Ele sorriu, ele não conseguia esconder o sorriso, por mais desavenças que tenhamos não conseguimos estar muito tempo chateados. Ele foi entrando enquanto observava o espaço aberto, simpático e arrumado em que eu vivia.

- É agradável.

Ele elogia e eu sorrio.

- Obrigada.

A minha voz é quase apanhada pelo som da campainha estridente. Olhei para a porta com intriga, não era normal eu ter visitas, a única pessoa que eu esperava era o meu pai e uma vez com ele cá dentro não havia mais ninguém em mente que me pudesse querer visitar. Eu olhei para Joseph e ele olhou para mim no mesmo momento, eu sentiu a conter um sorriso o que foi estranho, o seu plafom de sorrisos deve estar quase a acabar.

Eu caminhei até alcançar os trincos e por de trás da grossa barreira de metal foi revelado um rapaz de cabelo cor de caramelo e um sorriso tão brilhante que imediatamente me contagiou.

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⏰ Última atualização: Jul 19, 2014 ⏰

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