Capítulo 1 - Lágrimas são salgadas

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A festa de ontem a noite foi, com certeza, a melhor festa da minha vida, apesar de não conseguir lembrar de absolutamente nada do que aconteceu, apenas tenho essa sensação dentro de mim e uma das piores ressacas da minha vida. Se essa ressaca for proporcional ao quanto eu me diverti ontem, então, eu fui a mulher mais feliz dessa galáxia (talvez eu tenha exagerado um pouquinho).

Para a minha alegria, acordei sã e salva na minha cama, também não faço a mínima ideia de como vim parar aqui. Acordei às 10h00min da manhã de sábado, tomei uns comprimidos para a ressaca e fui tomar um banho demorado. Sempre achei que tomar um bom banho é uma das melhores coisas da vida, só ficar embaixo da água e sentir as gotas levarem todas as suas preocupações. Claro que só não é melhor que comer, dormir e ler um bom livro.

Depois de tomar meu banho, arrumar meus cabelos cacheados longos e escuros, vesti uma calça jeans escura e uma blusa cinza simples com mangas e fui em busca do meu merecido café da manhã com um maravilhoso cappuccino. Esse dia só fica melhor.

Sabe quando você sai na rua e parece que tudo vai dar certo? Esse foi um dia como esse, acredite em mim, eu não tenho muitos dias assim, decido que eu tenho que aproveitar ao máximo o quanto eu puder.

O céu estava lindo, parecia que o sol sorria para a Terra, nas ruas eu via o movimento de pessoas indo e vindo, entrando em estabelecimentos, se encontrando, dando as mãos, com suas famílias. Todos pareciam tão felizes por terem acordado hoje. Na praça perto da cafeteria tinha pessoas correndo e caminhando com seus animais de estimação, algumas crianças brincando com carrinhos e bola, idosos sentados e conversando.

Entrei na cafeteria e me senti em casa, o ambiente era muito bem iluminado, elegante e confortável, eu nunca conseguia evitar me sentir em outro lar, talvez seja porque eu sempre tenha vindo aqui desde que nos mudamos para perto há 5 anos atrás. Eu costumo vir aqui com minhas amigas, para passar um tempo sozinha ou lendo, todos os funcionários me conhecem e sempre me tratam como uma velha conhecida que foi visitar.

- Oi, Catarina! Como você está? – Ana me cumprimenta assim que eu entro na cafeteria, ela tem longos cabelos pretos e olhos escuros, também é uma universitária e está trabalhando na cafeteria há alguns meses para conseguir pagar sua faculdade, pois só conseguiu uma bolsa parcial.

- Eu estou ótima hoje – digo com um enorme sorriso no rosto. – Você também notou que o bairro está mais feliz hoje ou é impressão minha?

- Acho que fico com a segunda opção – ela responde se divertindo.

Faço o meu pedido e vou me sentar em uma mesa.

Quando meu maravilhoso cappuccino chega, eu quase consigo ouvir o Deus do Café me abençoando, está tão bom que eu poderia facilmente me casar com ele. Imagina só que manchete maravilhosa? Eu poderia ficar famosa no mundo inteiro. Vou amadurecer essa ideia.

Enquanto eu estou aqui de bem com a vida e me sentindo em completa harmonia com a natureza e os planetas, pensando em como os unicórnios são lindos e deviam existir, eu vejo uma garota que pode ter facilmente a minha idade junto com uma mulher mais velha que parece ser sua mãe. Nesse momento todo o meu mundo desaba.

Foi como se meu dia lindo de sol se transformasse, do nada, em um dia de tempestade com muitos raios e trovões. Pior ainda, nesse dia de raios eu estou embaixo de uma árvore enorme e sou eletrocutada, finalmente encontrado a paz onde quer que nós vamos depois da vida. Entretanto, na situação em que me encontro agora, a paz é apenas mais um sonho inalcançável.

A visão da dessa mãe e filha me lembraram da minha mãe, e isso me fez lembrar rapidamente que eu fui a pior filha de todas por pegar a única herança da família e ir numa festa onde eu fiquei completamente bêbada e agora não faço ideia de onde esses brincos foram parar, já que eu não acordei com eles e não levei nenhuma bolsa.

Sorte no AzarOnde histórias criam vida. Descubra agora