Capítulo 15 - Coisas estranhas

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 Não consigo dormir.

Passo o resto da noite com os pensamentos em Gael e no que aconteceu entre nós mais cedo. Parece que tudo é um sonho e que, se eu fechar meus olhos, vou acordar e descobrir que tudo não passou da minha imaginação me pregando algumas peças. Simplesmente não dá para acreditar que tudo isso é real.

Não é como se eu esperasse que algo assim fosse acontecer, principalmente num momento como esse, onde a minha onda de azar está cada vez mais forte. Ele foi a melhor coisa que me aconteceu no momento que eu mais precisava de alguém. Talvez alguma força poderosa o tenha colocado no meu caminho, às vezes eu gosto de pensar que ele é como meu trevo de quatro folhas. Eu nunca estive tão feliz. Que ironia.

Quando eu finalmente consigo dormir, ao invés de ter um sonho fofo e cor de rosa, caio em um pesadelo. No sonho, vejo minha avó distante alguns metros de mim, ela está pedindo desesperadamente por socorro e chorando. Começo a correr e sua direção, mas quanto mais eu corro, mais eu me afasto dela e mais ela sofre. Fico desesperada tentanto achar um jeito de a alcançar, mas já é tarde demais. De repende ela cai em seus joelhos e sangue começa a sair do seu nariz. Acordo aos gritos e suando.

- Meu Deus! – grito. – Foi só um pesadelo, Catarina. Só um pesadelo.

Saio da cama e vou para a cozinha em busca de um copo de água para me acalmar. Não consigo retirar da mente as cenas horríveis que eu acabei de sonhar, também é inevitável pensar no que pode ter desencadeado esse sonho. Para mim é bastante óbvio que tem a ver com a perda dos brincos, mas uma coisa me deixa inquietada. Será que o final do pesadelo pode ser uma visão do futuro? Será que vou falhar na busca desses malditos rubis? Essas perguntas vão ficar martelando na minha cabeça o dia inteiro. Eu odeio pesadelos.

Volto para o quarto e pego o meu celular para verificar o horário. Ainda são 05:00 da manhã, eu poderia tentar dormir mais um pouco, mas todo o meu sono foi embora para algum lugar muito distante. Fico deitada na minha cama e olhando para o teto. Como eu queria poder voltar no tempo. Nada disso ia ter acontecido. Porém, eu também nunca poderia ter conhecido o Gael. É, minha vida nunca sempre está me sacaneando.

Passo boa parte do tempo assim, deitada na minha cama e com a mente a todo vapor. Até que decido que já é hora de levantar e ir me arrumar para a aula. Mando mensagem para a Gabi pedindo carona, ela me responde rapidamente e me dá 30 minutos para ficar pronta. Assim que eu termino, desço até a rua e espero seu carro vermelho aparecer, o que não demora muito.

- Bom dia, Cat! Quer um café? – Gabi me cumprimenta assim que eu entro no carro. No banco de trás, seu irmão segura um copo de café com um grande sorriso no rosto. Ela deve estar indo deixa-lo na escola também.

- Bom dia, por que você está assim tão animada? Até onde eu sei, você odeia manhãs, principalmente uma manhã de segunda – pergunto confusa.

- Bom dia, Cat! Eu comprei esse café para você! – Thiago se dirige à mim e me entrega o copo.

- Bom dia, Thiago! Muito obrigada, você é um anjo! – agradeço.

- Ei, quem comprou foi eu! – Gabi reclama.

- Você só me deu o dinheiro, quem comprou foi eu! – seu irmão responde chatedado.

- Então, obrigada aos dois – digo para evitar uma briga.

- Então... – Gabi olha para mim com expectativa.

- Então, o quê? – finjo estar confusa enquanto bebo meu café, que, por sinal, está delicioso. Amém, cafeína.

- Não seja ridícula! Conta logo o que aconteceu com você e o Gael ontem.

- Quem é Gael? – Thiago pergunta no banco de trás.

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