Sorte no Azar

Capítulo 6 - Agora vai?

Conto para Gael tudo o que consigo me lembrar da fatídica noite.

Lembrei que, durante a festa, saí com a Gabi para a varanda da casa, para tomar um ar e conversar com ela sem que todos pudessem ouvir. Enquanto estávamos lá, comecei a tremer de frio e estava sem casaco, nesse momento apareceu o Felipe, um garoto que estava flertando comigo desde que eu cheguei. Ele me ofereceu seu casaco e eu aceitei, momentos depois alguém o chamou e ele saiu da varanda deixando seu casaco comigo.

Acabei indo dançar ainda vestida com o casaco, enquanto dançava, minhas orelhas começaram a doer pelo uso dos brincos, por isso achei que era uma ótima ideia tirar os brincos e guardar no bolso interno do casado preto de couro no meio de uma festa onde eu perdia meus sentidos com a bebida.

Quando a música acabou, Gabi fez uma performance icônica no meio da sala que servia como pista de dança. O grande consumo de álcool fez com que minha amiga vomitasse todas as tripas em seu parceiro de dança, que não gostou nenhum pouco desse show conceitual. A dona da casa a expulsou da festa e, logicamente, eu tinha que ir com ela.

Pedi carona para Felipe, mas ele já estava muito bêbado à essa altura da festa, não podia dirigir, então ligou para seu primo vir nos buscar. O carro do primo dele chegou depois de uns trinta minutos e após mais um vômito da Gabi, que foi usado como adubo para o jardim da casa, entramos no carro e partimos para a casa dela, só lembrei do casaco quando o primo dele finalmente parou na frente da minha casa e me perguntou se eu não estava usando o casaco do Felipe. Entreguei a peça de roupa para ele e entrei em casa, o resto todo mundo já sabe.

- Você sabe o número de telefone desse Felipe? – Gael pergunta assim que termino de contar a história.

- Não, mas sei de alguém que pode saber – respondo indo procurar meu celular na cozinha, onde deixei pela última vez.

Volto para a sala e disco o número da Gabi no meu celular, começa a chamar e ela atende rapidamente.

- Que foi agora? – nada como o carinho de uma melhor amiga.

- Oi para você também – respondo irônica – Quero saber se você tem o número do Felipe.

- Não me diga que você decidiu investir – ele fala do outro lado da linha.

- Não é nada disso – respondo rapidamente. – Eu lembrei do que aconteceu na festa, eu deixei os brincos no casaco dele, eu estava usando por causa do frio. Lembrei de algumas coisinhas que você fez também.

- Acho que é melhor eu nunca saber o que aconteceu - ela fala sorrindo. – Vou passar o número dele por mensagem.

- Tudo bem – me despeço dela e desligo o telefone.

- E aí? Ela sabe o número? – Gael pergunta curioso enquanto passa os canais da TV da sala.

Gael está na minha sala com os pés em cima da mesa de centro, assistindo televisão e tomando uma latinha de refrigerante, parecendo muito bem confortável. A visão dele na minha sala me deixa com o estômago cheio de borboletas, mas também me faz sentir que tudo isso é apenas certo.

- Sabe sim, vou ligar para ele assim que ela me mandar o número – assim que termino de falar, a mensagem finalmente chega no meu celular.

Digito seu número imediatamente e espero por uma resposta, o celular chama várias vezes e ele não atende. Na segunda tentativa, ele atende.

- Alô? – uma voz masculina fala comigo, quase não consigo ouvir o que ele fala com o barulho enorme que está no fundo.

- Oi, Felipe, aqui é a Catarina – falo.