Capítulo 16 - Surpresa!

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Eu sempre fui muito medrosa desde criança, meus medos são bem amplos, vão desde coisas animadas a coisas inanimadas e passam até por coisas que eu não posso controlar. Quando eu era criança, cheguei em casa chorando desesperada, logicamente, minha mãe também ficou desesperada por ver meu estado, ela ficava me perguntando o que aconteceu e, uns 30 minutos depois, quando eu consegui falar, disse à ela que tinha aprendido na aula que as pessoas ficam velhas e morrem. Ou seja, eu também iria passar por isso. Na cabeça de uma criança como eu, isso parecia o fim do mundo.

Esse é só um exemplo de como eu tenho medos muito bobos, claro que quando eu fui crescendo, alguns medos foram embora e outros foram nascendo com a adolescência. Porém, um medo nasceu e nunca foi embora: medo de decepcionar a minha mãe. Talvez seja um dos meus maiores medos? Eu nunca parei para pensar nisso, na verdade. Mas esse deve ser um medo até muito comum e também é bem compreensível. Pensar em decepcionar a pessoa que mais te ama em todo o mundo é horrível. Eu sempre fiz tudo o que eu podia para não cometer esse erro. Claro, até o dia da maldita festa, em que eu fiz a única coisa que eu não deveria de jeito nenhum.

Agora minha mãe se encontra sorridente em frente à nossa casa, bem antes do dia que estava programado para a sua chegada. O pânico toma conta de todos os meus ossos. Eu sempre pensava nesse dia, no dia que ela ia voltar, mas na minha cabeça, eu já tinha recuperado os rubis, ia agir como se nada tivesse acontecido e tudo ia ficar bem. Eu devia saber que tudo acontecer exatamente ao contrário do que eu imaginei. Não é sempre assim?

- Catarina, minha filha, que saudade! – minha mãe solta as bolsas que estava segurando nas duas mãos e avança para me abraçar. Esse abraço era tudo o que eu pedia todos os dias quando ela estava longe, mas agora eu não posso sentir felicidade nenhuma. Só pânico, puro pânico.

- Tia Cláudia? Mas a senhora não ia vir só semana que vem? – Gabi pergunta levantando do sofá, com a mesma expressão de medo misturado com surpresa no rosto.

- Eu decidi vir logo, não aguentava mais de saudade da minha Catarina – minha mãe responde, entrando na sala com suas malas.

- Ah, entendi – minha melhor amiga responde nervosa e me encarando, nada sutil da parte dela, devo acrescentar.

- Menina, para de fazer essa cara de surpresa e vem dar um abraço apertado em mim, não estava com saudade?

- Ah, claro, morrendo! – Gabi abre os braços e vai em direção à minha mãe. Enquanto elas se abraçam, ela olha para mim e seus lábios formando a frase "Você está muito ferrada". Como se eu não tivesse notado ainda.

- O que vocês estavam fazendo aqui, meninas? Mais uma das suas reuniões calóricas?

- É, a gente tava vendo um filme na televisão – respondo.

- Podem continuar vendo, vou para o meu quarto me livrar dessas malas e tomar um bom banho. Deixem alguma comida para mim – ela avisa e vai em direção ao cômodo.

- Meu Deus! – digo e me jogo no sofá. Gabi senta ao meu lado logo em seguida.

- O que a gente vai fazer agora? Ainda não tem nem sinal da mala, Cat!

- Eu não sei, eu não faço idéia.

- Ela costuma olhar esses brincos com muita freqüência? Vai notar a falta muito cedo? – Gabi questiona.

- Não, acho que ela não vai notar por algum tempo.

- Bom, a gente vai ter que esperar e pedir para todos os deuses para que o brinco volte para as suas mãos antes dela perceber que eles não estão mais aqui.

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