Capítulo 8 - Borboletas nervosas

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Depois do episódio do elevador para fechar meu dia com chave de ouro, Gabi me leva de volta para casa com todos os suprimentos necessários para me consolar por hoje, ou seja, muitos salgados e doces que, com certeza, serão um dos motivos para a minha saúde entrar em pane. Quem se importa com saúde olhando para essas delícias mega calóricas fabricadas pelo ser humano? Eu não.

Enquanto fazíamos as compras, minha melhor amiga me falou sobre o cara responsável por deixa-la parecendo uma virgem apaixonada, palavras dela. Seu nome era Felipe, tinha 23 anos e cursava o quarto período de Medicina, eles se conheceram na biblioteca do campus. De todos os lugares onde a Gabi já conheceu ficantes, a biblioteca é o mais excêntrico de todos.

Quando chegamos em casa, nos acomodamos no sofá da sala, organizamos toda a comida e as cervejas na mesa de centro e decidimos assistir a um reality show qualquer que estava passando na televisão no momento. Eu preciso confessar uma coisa: apesar de não assistir muito realitys, eu adoro esse tipo de formato de programa. Ver episódios aleatórios de programas aleatórios é um dos meus hobbies favoritos com a Gabi, ela pode dizer para o resto do mundo que não gosta desse estilo de programa, mas nunca rejeita ver comigo. Confiem em mim, ela ama, esse é seu maior segredo.

- Eu não acredito! - Gabi grita com a boca cheia de salgadinhos quando vê uma participante do programa falando mal de outra, que, inclusive, era sua amiga há dois minutos. - Que pessoa falsa. Quem acredita nela?

- É por isso que eu amo reality show - respondo enchendo minhas mãos de marshmellows coloridos. - Eles mostram a vida como ela é.

- A vida é uma merda então - ela responde olhando incrédula para a TV.

- Eu não disse que não era - respondo tentando sorrir com a boca cheia de doce.

Continuamos assistindo o programa até terminar e Gabi começar a discutir feito uma louca sobre o quão falsas as pessoas podem ser. Essa, senhoras e senhores, é a pessoa que não gosta de realitys shows. Depois de terminar seu monólogo fervoroso e de derrubar um balde de pipoca amanteigada sobre todo o sofá, trocamos de canal até a Gabi me fazer parar em um filme de terror infeliz. Sério, esse deve ser o pior filme que eu já vi na minha vida. E olha que eu já tenho uma boa idade nas costas.

- Sério que a gente vai ver isso? - falo para Gabi no momento em que uma mulher faz um ritual macabro com as tripas de um cara que ela acabou de matar na floresta. É isso mesmo. Esse tipo de filme. Enquanto olho a cena com um misto de nojo e raiva por estar perdendo meu tempo, adiciono uma nota mental de nunca ir passar as férias em uma casa no meio da floresta.

- Tudo bem, desisto desse filme - ela pega o controle da televisão e muda de canal por uns cinco minutos seguidos.

- Acho que a gente está sem sorte - digo para ela enquanto observo sua saga interminável pelo programa perfeito.

- Desisto - ela diz por fim, desligando a TV e se aconchegando no sofá.

- Acho que isso é um sinal para irmos dormir - falo para ela e bocejo.

- Ah não! Ainda não é nem meia-noite, Cat! Deixa de ser preguiçosa - ela me repreende e joga uma almofada na minha cara.

- O que você sugere, então?

- Eu tenho o plano perfeito.

Gabi se dirige ao meu quarto e traz consigo os meus vários jogos de dança da franquia Just Dance. Afastamos os móveis da sala, instalamos todos os aparelhos para começar a jogar e dançamos freneticamente na frente do televisor até as três da manhã de sábado, quando nossos músculos já estão muito fracos para continuar qualquer exercício físico.

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