My favorite song (part.2)

323- Você é aquela chance boa que a vida não dá uma segunda vez

Any acordou durante a madrugada, olhou para Poncho e viu que o mesmo dormia tranquilamente. Com todo o cuidado, saiu dos braços dele, levantando da cama, pegou suas roupas intimas e a camiseta dele e as vestiu, saiu do quarto deles, abriu lentamente a porta do quarto de Melissa e Miguel e se certificou que os dois dormiam como anjinhos, sorriu olhando os filhos. 

Miguel lembrava Poncho em tudo que fazia, quando fazia birra ou brigava com a irmã era como ver o mini Poncho em ação, era adorável e alegre, para ele não existia tempo ruim. Era o Poncho em miniatura, como todos falavam, a única coisa de Any nele, era os olhos, que cintilavam de tão azul.

Já Melissa era Any em tudo, desde pequena já adorava moda, dança e tudo mais, Poncho fazia tudo que a filha pedia, era sua princesinha, tinha o sorriso, o carisma da mãe e conquistava todos por onde passava. Não podia pedir filhos mais perfeitos que os seus.

Any sorriu e fechou a porta do quarto dos filhos, desceu as escadas e sentou no sofá. Fechou os olhos e abraçou suas pernas. Naquele dia faziam 18 anos do acidente que vitimou os pais dela e por pouco não acabou com todo esse sonho de fadas que vivia.

Poncho acordou sentindo falta do calor do corpo de Any na cama, ela tinha esse péssimo costume de sair da cama quando perdia o sono, já ele não conseguia dormir sem ela ao seu lado. Suspirou levantando e vestindo uma cueca e uma calça de moletom. 

Poncho: Any, quantas vezes eu tenho que te falar- ficou mudo no meio da escada ao vê-la chorando toda encolhida no sofá.

Ele terminou de descer as escadas de pressa, se aproximou dela e se ajoelhou na frente dela. 

Poncho: Vida, porque chora?- perguntou limpando as lágrimas do rosto dela.

Any: É uma coisa minha- falou e as lágrimas voltaram a rolar em sua face.

Ele sentou ao seu lado e a puxou para sentar no seu colo, deixando que ela chorasse por um tempo.

Poncho: Nós somos casados Any, nada mais é só seu, ou só meu, é nosso. Então o seu problema, também é o meu problema e eu quero saber o que te deixou triste, foi alguma coisa que eu fiz?- perguntou ao ver que ela tinha parado de chorar.

Any: Desculpa- ela falou baixinho.

Poncho: Eu fiz algo errado?- ele perguntou colocando uma mecha do cabelo dela atrás da orelha.

Any: Não meu amor, não tem nada a ver com você- Poncho suspirou aliviado- hoje fazem 18 anos do acidente dos meus pais, eu ainda lembro daquele dia como se fosse ontem, dói tanto saber que eles não estão mais aqui.

Poncho: Sei que é uma dor só sua, mas eu me coloco no seu lugar e vejo o quanto deve doer isso tudo. Quando eu tive que escolher entre você ou os pequenos, por Deus Any, eu por um momento pensei que teria que contar histórias sobre a mãe incrível que eles teriam, pensar em te perder pra mim é o fim do mundo- ela franziu a testa, não entendendo muito o que ele falava- no que eu quero chegar falando isso, é que eu imagino como é perder a sua base, seu apoio, e é uma dor insuportável, mas eu to aqui agora meu amor, e eu sei que onde eles estiverem, estão olhando por você e devem estar cheios de orgulho dessa mulher maravilhosa que você se tornou.

Any: Obrigada por existir- falou abraçando Poncho- você foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida, mesmo quando a gente brigava dia e noite, você é aquela chance boa que a vida não dá uma segunda vez. Eu pensei que tanta felicidade fosse só em novela, mas não. Ás vezes me bate essa tristeza, mas é bom lembrar que a vida não é só felicidade. Eu sinto a falta deles, sinto tanto. Queria que tudo fosse diferente, mas se desse pra voltar no tempo e mudar tudo, talvez hoje eu não estaria aqui nos teus braços. Sei que eles de alguma forma olham por nós.

Poncho: Tenho certeza que sim- deu um beijo na testa dela- sei que dói, sei que nada que eu diga vai passar, mas ameniza ao menos. Você se tornou uma mulher incrível que eu morro de orgulho, eu te amo bem mais que palavras podem definir.

Any: Eu te amo também bebê, obrigada por me amar até nessas crises- falou baixando a cabeça.

Poncho: Eu amo tudo em você- falou levantando o rosto dela- minha rainha.

Any: Fui promovida?- sorriu.

Poncho: Amo esse sorriso- tocou no rosto dela- você me deu um príncipe e uma princesa, então merece um título de rainha- apertou o nariz dela.

Any: Eu te amo meu rei.

Poncho: E eu te amo minha rainha.