1 de abril de 2017

15 5 14
                                    

Alan se levanta e toma um banho, desce animado.

Ele toma uma xícara de café e come ovos, espera Alice descer.
Minutos depois ela desce e ele olha para ela com os olhos brilhando.

— A mais linda desta casa acordou! —Alan abre os braços chamando-a para um abraço.

Alice abre um enorme sorriso.

Hoje era o dia da mentira e não haveria dia melhor para pregar uma peça na pessoa mais ingênua daquela casa: Alice!

— Obrigada!

— O amor está no ar... —Maria entra na cozinha puxando o ar para dentro dos pulmões.

Charles entra logo depois tapando o nariz.
Alan ri.

— Não há amor no ar, moramos em Nova York. —Alice revira os olhos.

— Eu esqueci de onde morávamos! —Charles volta a respirar — Ainda mais no dia da mentira...

Alice olha para Alan irritada, então ele sai em silêncio.

Ela olha para seus pais esperando que digam algo, qualquer coisa, mas eles só a observam.

Alice bufa e sai de casa com sua bolsa, não olha para as pessoas que passam por ela, apenas caminha. O barulho de sua mente parece calar tudo a sua volta, como sempre esbarra nas pessoas e algumas vezes tropeça.

Quando finalmente ao seu destino olha para o prédio é vê algumas pessoas saírem e outras entrarem, todas elas com grandes carros.
Seus pais tem um carro, um pequeno que compraram há 18 anos e estão sempre a reclamar e sua vontade era que tivesse ao menos condição para lhes dar um carro novo.

Ela caminha diretamente para o elevador, sem olhar para os lados aperta o botão e espera olhando fixamente para reflexo um pouco fosco nas portas.

As portas se abrem e ela entra e Himineu parece ter aparecido no momento exato, ele entra no elevador.

— Bom dia, Alice! —ele cumprimenta se virando para olha-la.

— Bom dia, sr. Himineu...—ela olha para seu reflexo no espelho e ele assente.

—Como está Alan? —ele pergunta e ela se lembra de suas palavras de manhã.

— Melhor impossível.—Alice responde tentando camuflar a raiva que sentia no momento.

— Ele é difícil as vezes... —Himineu diz.

— As vezes? Eu agradeço todos os dias por não ter me casado com ele! —Alice revira os olhos e depois os fecha se lembrando de seus beijos.

Ela não se controla e suas bochechas ficam rosadas, logo um sorriso em seus lábios brota.

— Entendi... —Himineu diz com uma pitada de malícia em sua voz.

As portas se abrem novamente e Alice sai rapidamente com um pouco de vergonha.

Ela passa a manhã normalmente e fala com algumas pessoas, analisa cada letra ou número com atenção, escuta cada palavra dita à ela.

As pessoas estranham sua atulitude, mas Alice estava bem, só estava quieta pensando em Alan.

Se perguntava se havia alguma explicação para as atitudes de Alan, queria poder olhar em seus olhos dizer algumas verdades que nem mesmo ela sabia, mas que estavam em sua garganta prontas para serem despejadas sobre ele.

Ela volta para casa depois de uma manhã inteira dentro de sua sala.

— Como vai seu trabalho?—Maria pergunta se sentando à mesa com Alice.

— Está indo bem, hoje vi Himineu...

— Sobre o que conversaram? —ela pergunta curiosa.

— Nada importante. —Alice se lembra de como Himineu a respondeu com aquele tom e decidiu que era melhor não falar nem pensar mais sobre isso.

Alice termina sua refeição em silêncio.

— Marquei uma consulta para você! —Maria diz rapidamente e se sente como se retirasse de seu ombro um peso.

—Uma consulta?—Alice pergunta irritada— Não há nada de errado comigo!

— Não disse que tinha algo! —ela rebate.

Alice queria ser uma médica, mas detestava ter que entrar na sala de um.
Tinha medo de que tivessem más notícias.

— Vou embora. —Alice se levanta.

— Embora? —Maria se levanta assustada.

— Vou para a faculdade! —Alice pega sua mochila, sobe para escovar os dentes.

Ela se olha no espelho e coloca a pasta na escova, depois leva à boca.
Olhava para seu reflexo no espelho e se perguntava o que Alan fazia nesse momento.

(...)

Alice olha para o quadro branco que começava a ser preenchido por frases, números, copiava tudo.

Todos tinham duplas, pessoas com quem sentar, mas naquele dia Alice não tinha ninguém.
Ela era extremamente social, conversava com qualquer pessoa que se aproximasse.

A porta da sala de aula se abre, ela escuta e olha para trás curiosa.

Lá estava ele, caminhando entre as cadeiras. "Licença" —ele sussurrou.

— Pode se sentar aqui. —o professor se vira para trás e o vê, aponta para a cadeira ao lado de Alice— Se apresente.

Alice olha para seu rosto antes que ele se sente.

— Meu nome é Pietro, eu vim de Austin, Texas. —Ele coloca sua mochila sobre a mesa e se senta ao seu lado.

— Como é no Texas? —Alice pergunta sem parar de copiar.

— Como é em Nova York? —Pietro sorri olhando para ela.

Ela para de copiar, morde o lábio olhando para seu rosto, sorri e olha para o caderno novamente.

— Qual é seu nome? —Pietro tira um caderno de sua mochila.

— Alice, Maria Alice... —ela continua a copiar.

— Esse é o meu lugar! —A garota de preto cutuca o ombro de Pietro.

— O professor disse que eu podia sentar aqui... —ele responde.

— Quero meu lugar! —Ela revira os olhos.

Alice se levanta com suas coisas e vai para o fundo da sala.

— Por que saiu? —a garota pergunta.

Alice não respondeu só continuou a copiar.

Durante o pequeno intervalo entre as aulas, Pietro procura Alice. A única com quem conseguiu conversar durante os primeiros horários.

Alice compra um café expresso e faz o caminho de volta para a sala.

— Estava te procurando! —Pietro para de frente Alice.

— Me procurando? —Alice retira a tampa do café e bebe um gole.

— Por que saiu de seu lugar? —ele pergunta.

— Lisie é encrenca, não queria que ela começasse seu show ali. —Ela bebe outro longo gole.

— Queria um café...

— Por aqui. —Alice aponta em direção à cafeteria.

Pietro acompanhou Alice, os dois conversaram durante todo intervalo sobre tudo que se pode imaginar.
Em menos de uma hora Pietro sabia que Alice seria um ótimo passatempo e também boa companhia. Naquele momento ele nem imaginava que poderia se apaixonar.

A dracma da felicidadeOnde histórias criam vida. Descubra agora