A minha relação com Aaron estava se tornando insuportável, e tudo ficou ainda pior depois dos dois dias anteriores.
Na noite passada, logo que minha sogra e cunhada foram embora depois de terem passado o dia todo comigo e com as crianças, eu fui dormir na nossa suíte, e antes que ele tentasse se enfiar lá dentro, tranquei a porta, impedindo sua aproximação. Aaron urrou, fez mais pirraça do que Theo faria e assim que percebeu que não teria sucesso, foi dormir em outro lugar.
De manhã, já descansada e revigorada, acordei mais cedo, arrumei meus filhos, amamentei-os e fui tomar meu café da manhã na cozinha. Fiz meu capuccino, panquecas e me sentei, deliciando-me com a comida e pensando na vida.
Não vi quando ele chegou, só quando ele passou por mim, abrindo a porta da geladeira, deliciosamente sem camisa, somente de moletom e descalço, que pude perceber sua presença.
- Chels.. - ele começou me chamando, mas eu não o respondi. Concentrei-me na minha refeição e mantive meu foco ali. Foquei tanto que a panqueca que estava na minha mão virou uma massinha de modelar, de tanto que eu a apertei. Aaron olhou para mim e pigarreou, tentando fazer com que eu olhasse para ele, lhe dando atenção. Ele percebeu que eu não iria olhá-lo e continuou. - Chelsea, não quer falar comigo, tudo bem! Só queria avisar que meu irmão chega hoje, - sem querer, saltei meus olhos para ele, sendo surpreendida por aquela notícia, e meu marido, imediatamente, tomou para si uma rigidez em seu corpo e expressão. Logo, abaixei novamente meu olhar, fugindo da carranca de Aaron. - e ele vai ficar em uma das suítes de hóspedes. Tenho uma reunião com meu pai hoje, e só devo voltar a noite. Fiquei muito tempo afastado do trabalho, então tenho bastante coisa à fazer. Mas, qualquer coisa, me liga, sim?! - não respondi, continuando a manter meus olhos fixos na panqueca amassada na minha mão. - Chelsea, será que você pode responder pelo menos um sim?! - ele continuava a me encarar, já irritado.
- Sim, Aaron. Mais alguma coisa? - perguntei, encarando-o friamente.
- Não, só isso. Um bom dia pra você! - ele se aproximou, tentando beijar o topo da minha cabeça como sempre fazia, mas eu me afastei.
Ele saiu em disparada do cômodo, e em menos de meia-hora, ouvi a porta da frente sendo batida com força, e seu carro cantando pneu com fúria. Fazer o que, ninguém tem culpa dele ser um cuzão.
Depois que me tornei mãe, desde a primeira vez, vinha trabalhando de casa. Revisava contratos, avaliava novas aquisições, fazia algumas reuniões por vídeo, porém tudo estava limitado a empresa em si, e não ao clube. Há mais de um ano e meio eu não colocava os pés lá e nem me envolvia na parte administrativa. Tudo com relação a ele, eu havia deixado nas mãos de Suzie, que parecia gostar de estar envolvida com este tipo de negócio.
Trabalhei a manhã inteira no escritório muito bem equipado da mansão e nem vi as horas passarem. As crianças estavam sendo cuidadas pelas babás que Aaron fez questão de contratar, pois ele achou que eu estava ficando sobrecarregada ao cuidar de três bebês , mais ser esposa de um Backer, mais ser CEO de uma das maiores empresas dos EUA.
Sim, eu continuava no mesmo ambiente que meus filhos, e sim, eu estava morrendo de saudades de ficar vinte e quatro horas do meu dia com meus nenéns. Mas eu não podia reclamar; um tempinho para respirar era mais que necessário, ainda mais depois de tudo que eu vivi pelo menos nesses últimos dois meses.
As horas voarem e eu nem vi. Em algum momento, uma das funcionárias, muito amada, me trouxe o almoço, pois senão eu nem teria percebido que não havia comido. Quando terminei a última reunião do dia, já perto das quatro da tarde, me joguei no sofá da sala e coloquei minhas pernas pro alto; mas não durou muito tempo, esse meu descanso.
A campainha tocou e como eu estava perto da entrada, corri lá para atender. Abri a porta e meu queixo quase caiu.
- Alex?! - diante dos meus olhos estava ele, com uma pequena mala na mão, e sorrindo desconcertado para mim.
- Oi, Chels! Aaron está aí?
- Não.. é.. ele está trabalhando com seu pai hoje, e acho que vai ficar fora até tarde. - ele parecia desconfortável por estar aqui. - Mas ele tinha me avisado que você viria hoje, pode entrar! - dei espaço para ele, e Alex passou por mim, entrando na casa.
- Bonita casa! - ele olhou ao redor. - Bem a cara de Aaron. Faz lembrar um pouco o estilo do Loft dele em Nova York...
- Sim, percebi isso também, só que aqui tá mais pra uma versão cem vezes ampliada do Loft né! - nós rimos sem graça.
- Pois é..
- Você quer alguma coisa? Beber, comer algo?
- Se você pude me dar um copo d'água, eu ficarei grato!
- Claro! Vou te mostrar seu quarto, você pode se instalar e aí te dou a água, tudo bem?!
- Por favor! - levei Alex até seu quarto, que ficava em frente ao quarto que, provavelmente Aaron, estava dormindo e depois desci à cozinha, pegando sua água. Em menos de cinco minutos Alex já estava lá, bebendo.
- E então.. Amanda não quis vir? - perguntei, querendo puxar assunto.
- Ela teve que resolver algumas questões, como a saída do clube, mas deve ficar em Seattle.
- Vocês vão ficar num relacionamento a distância?
- Chels, sabe que eu só vim pra cá porque Aaron insistiu, né?! - ele me lançou um olhar cúmplice - Ele está tentando castigar tanto a mim quanto a você com essa história de querer bancar de irmão protetor.
- Sim, eu sei..
- Depois que essa palhaçada acabar, eu volto para Seattle, e volto para o meu emprego dos sonhos, se minha chefinha liberar, é claro! - Alex piscou pra mim, fazendo uma piadinha, e nós rimos.
- Está contratado! - continuei rindo.
- E meu filho? Tá aqui? - olhei para Alex e vi seus olhos brilharem, em devoção a Theo.
Aquela seria a primeira vez que o pai veria o filho, cara a cara. Me bateu um certo remorso por mantê-los afastados um do outro por tanto tempo, mas a espera com certeza valeria a pena.
- Tá sim, vamos lá, ele deve estar no jardim com as babás.
- Vou poder conhecer meus sobrinhos também! Os gêmeos já devem estar grandes né?!
- Sim, quase três meses..
- Nossa, passa muito rápido! - passei com ele pela casa, e nos dirigimos ao jardim na parte de trás da mansão. Olhei pela porta que dava ao jardim e vi ao longe Theo andando em seu velotrol, todo sorridente. Olhei novamente para Alex, ao meu lado e ele estava debulhado em lágrimas, chorando feito criança, emocionado com o que via. - Ele é tão lindo, Chels! Tão lindo!
- Eu sei.. - sorri para ele - Vamos lá! Ele vai adorar conhecer você!
Nos aproximamos dele, nos agachando no chão e Theo veio correndo me abraçar. - Meu amor! Sentiu saudades da mamãe?! - enchi ele de beijos. - Filho, esse aqui é o Alex, o seu papai! - olhei de soslaio para um Alex completamente iluminado, com um sorriso de orelha a orelha. Sua emoção fez com que lágrimas caíssem pelo meu rosto.
- Papapapapa! - Theozinho tentou falar, à sua maneira, como é previsto para uma criança de um ano e meio falar.
- É meu filho! Eu sou seu papai! - Alex abraçou Theo, que o envolveu com seus pequenos bracinhos. - Meu Deus, Chelsea! Muito obrigado! Muito obrigado! Eu amo meu filho! Nunca mais quero me afastar dele! - ele chorava continuamente e eu me juntei a ele.
Brincamos até cansar com Theo, e eu fiquei apenas admirando a interação de Alex com o filho. Fiquei pensando em como seria minha vida com Alex se nada disso tivesse acontecido. Alex com certeza seria um ótimo pai, isso eu tinha certeza. Nós teríamos sido uma família feliz. Mas por outro lado, tudo o que passamos fez com que todos nós amadurecêssemos de alguma forma. Tudo teve seu propósito.
Alex conheceu os gêmeos e babou neles também.
Assim que escureceu, entramos todos na casa, alimentamos as crianças e colocamos elas para dormir.
Eu e Alex fomos para a sala de estar, descansar e jogar conversa fora, enquanto a noite caía.
- Mas, me diz. O que aconteceu entre os pombinhos depois do hospital? O sexo de reconciliação foi o melhor? - Alex estava tentando puxar assunto, o que fazia a situação ficar ainda mais estranha, pois agora éramos quase melhores amigos; melhor amiga do meu ex, que hoje é meu cunhado. Quem diria?! E ainda tem mais, quem diria que chegaríamos a fazer uma piadinha sobre sexo de reconciliação?!
- Que nada! - passei horas para ele tudo o que ocorreu, como meu encontro com seu irmão no avião, nossa briga na casa dos seus pais, o que Aaron fez e como eu estava dando um gelo nele. E como sempre damos uma puta sorte, só que não, Aaron adentrou à casa.
- Boa noite! Alex, que bom que chegou, irmão! - Aaron sorriu para Alex, que, imediatamente voou no pescoço do irmão, tentando enforcá-lo. - Alex, porra! - meu marido gritou, sufocando.
- Alex, para, por favor! - pulei por cima dele - Você vai matá-lo! Para!
- Como você pôde falar isso da sua própria esposa?! Seu cretino! Eu quero mesmo é matá-lo! E ainda meteu a minha mulher nessa história seu filho de uma puta! - Nunca tinha visto Alex tão bravo assim na vida.
- Alex, por favor! Se você matá-lo, meus filhos vão ficar sem pai! Pelo amor dos céus! - Alex saiu do transe em que se encontrava, e afrouxou seu aperto sob o pescoço de Aaron. Ele passou a mão tentando afastar a dor que se encontrava no local e eu me aproximei dele perguntando se estava tudo bem; ele apenas concordou com a cabeça.
O clima estava muito tenso ali, e eu podia sentir a raiva emanando dos corpos de Aaron e de Alex.
- Eu já pedi desculpa para Chelsea, okay?! - Aaron tentou se explicar. - Porra! Eu estava caindo de bêbado! E afinal, o que você tem haver com isso?!
- Eu me preocupo com ela! Chelsea é mãe do meu filho! Me importo se ela está sendo bem tratada pelo covarde do meu irmão! - o clima estava esquentando novamente.
- Olha aqui.. - Aaron já estava prestes a partir pra cima do irmão quando eu me meti no meio deles.
- Ei, ei, ei! Podem parar agora! Mas que saco! Alex, por favor, eu sei muito bem me defender sozinha, e seu irmão já está sendo punido por só falar merda. Se eu te contei algo desse tipo é porque eu confio em você, e se eu tenho tanta confiança assim, eu espero que você não saia socando meu marido por aí! Estamos entendidos? - ele desviou o olhar e eu tornei a pergunte; emburrado e contrariado, ele concordou. Me virei para Aaron e também lhe dei um sermão. - Alex está cuidando de mim, coisa que quem deveria fazer, não está fazendo. Agora vamos parar com essa bobagem e vamos todos jantar por favor porque eu tô morrendo de fome! - Segui batendo o pé para a cozinha e pude sentir os irmãos Backer vindo atrás de mim feito cachorrinhos.
Sentei na cabeceira da mesa na sala de jantar, depois de ter pedido à cozinheira que preparasse uma massa, e os meninos sentaram-se cada um ao meu lado, estando um de frente para o outro.
A comida foi servida, e jantamos em silêncio, só observando os olhares tortos sendo lançados. Eu tinha a impressão de que as coisas ficariam ainda mais tensas naquela casa pelos próximos dias.
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DOMINADORA ( EM REVISÃO )
RomanceChelsea White, uma CEO decidida e poderosa propõe um acordo de trinta dias à Alex Backer, para que este consiga um emprego em sua empresa. Ele aceita, e ao concordar, Alex entra de cabeça no mundo da dominadora Chelsea. Mas este é apenas o começo. O...