[Sixty-four]

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Enquanto dormia senti alguém a massajar-me o couro cabeludo o que me fez despertar e fui obrigada a acender o pequeno cadeeiro que se encontrava na modesta cabeceira, para poder vizualizar quem se encontrava diante de mim.
"Jake?" Perguntei bocejando.
"Hey... Ouve, fui chamado mais cedo e o meu voo parte daqui a 2 horas." Olhei incrédula para ele sentando-me na cama e olhando para o seu formal traje, o que explicava tudo.
"Mas porquê?"
"As coisas complicaram-se e precisam de mim o quanto antes."
"Quão má está a situação?"
"Ainda podemos controlar..."
"Porque é que eu tenho o pressentimento que me estás a ocultar parte da história?"
"Malia, já tivemos esta conversa... Eu sei que estás insegura quanto a isto e acredita que eu também estou por estar prestes a encarar o desconhecido, mas tem um bocado de fé."
"Só preciso de ti vivo e de boa saúde!"
"Não te preocupes." E dito isto, levantei-me e abracei-o tao fortemente que conseguia sentir o seu batimento cardíaco contra a minha face.
Não sei ao certo quanto tempo ficámos assim mas por um momento desejei que o tempo congelasse e ele não tivesse que ir nesta viagem.
Ele finalmente afastou-se encarando-me e juntando num movimento lento os seus lábios nos meus e aquele tao familiar hálito invadiu-me por completo.
"Tenho a sensação que esta é uma despedida definitiva.." Disse receosa enquanto ele acariciava a minha face.
"Não sejas tão pessimista por favor.." E eu só pude suspirar.
"Guarda isto, normalmente mantenho o sempre comigo, mas tenho a sensação que vais precisar mais dele do que eu." Disse ele entregando-me um pequeno pinguete na forma de uma âncora metalizada.
"Não me devias estar a entregar o teu amuleto da sorte.."
"Considera-o um símbolo para que te lembres de mim.." Sorri encarando o pequeno pinguete.
"Acho que isto é o adeus..." Disse trémula.
"É mais um 'até já', adeus é uma palavra forte.."
"Até já, então." Disse sorrindo enquanto ele alcançava a maçaneta.
Naquele momento só me apetecia chorar como naqueles romances clichés em que o amado parte numa viagem de descobrimentos deixando a sua amada em terra de coração nas mãos, mas em vez disso tentei manter me o mais positiva possível e foi quando dei conta que já eram quase oito da noite e ainda nem tinha jantado.
Encaminhei-me até ao refeitório encontrando lá a Karlene e o resto do grupo e juntei me a eles.
"Malia, tens novidades da Sam?" Perguntou me o Jeff.
"Não me deixam vê-la." Disse frustrada e ele bufou.
"Não te preocupes, amanhã ela já deve estar de volta." E era complicado ignorar o facto de me sentir culpada por não ter agido antes dela ter posto os pés na água, mas como diz o ditado, não vale a pena chorar sobre o leite derramado e fui trazida de volta dos meus devaneios quando a Karlene disse:
"Só vais comer isso?" Ela olhou para o meu tabuleiro que basicamente só tinha uma tigela de sopa e um copo de água.
"Não tenho muito apetite para ser sincera.."
"Ah e não sei se já sabes, há poucos minutos informaram-nos que o comandante Ballard foi para o Iraque em missão..." Disse ela revirando os olhos.
"Foi? Não sabia.." Disse fazendo me de desententida e concentrando me na sopa que definitivamente não tinha absolutamente vontade nenhuma de comer.
"Sim, o que significa que durante as próximas semanas estamos sob o comando da nossa querida e amável tenente Jonhson." Arregalei os olhos e atirei em seguida:
"Quem disse isso?"
"A própria com um sorriso tao falso que nem sei..." Revirei os olhos enquanto terminava a minha refeição.
"E outra coisa, tu já reparaste naqueles olhares que ela lança ao comandante Ballard?" E assim que ela pronunciou aquelas palavras congele completamente e olhei para ela horrorizada.
"O que queres dizer?" Disse tentando manter um tom controlado mas acredito que soou a tudo menos isso.
"Bem, a minha teoria é que ela anda atrás dele e provavelmente já tentou algo, mas nota-se de longe que ele está com a cabeça noutra galáxia o que me leva a pensar que provavelmente é comprometido e isto gera a dúvida de quem será a sortuda..." Dei um grande golo de água e estava determinada em cortar está conversa que já me estava a meter completamente desconfortável.
"Muito drama por aí, mas enfim, estão a pensar fazer algo hoje à noite?"
"Não estás curiosa para saber quem é a mulher que possui um deus grego daqueles? Só sei que aquela tenente deve andar com o radar ligado disposta a cavar até descobrir quem é e quase aposto que assim que souber era bem capaz de meter veneno na água dela, pobre mulher."
"A mulher até pode sentir uma certa atração pelo comandante mas duvido que envenenasse a outra." Disse gargalhando.
"Não subestimes aquela tenente, mas bem voltando ao ponto principal, ainda não temos nada combinado para hoje."
"Pessoal, o que querem fazer neste tempo livre?" Perguntou ela captando a atenção de cada um.
"Estou cansado, vou é dormir!" Anunciou o Kurt retirando-se e tal como ele, todos os outros estavam demasiado cansados para fazer seja o que fosse.
"Bem só restámos nós, que triste situação."
"O que duas mulheres sozinhas irão fazer ás nove da noite num navio como este?" Interroguei-me e de repente vi algo a piscar dentro do seu cérebro e claro que tinha tido alguma ideia.
"Temos uma piscina livre e à disposição..." Sugeriu ela.
"Não me parece uma boa ideia." Disse contrapondo.
"Vamos Malia, não sejas uma cortes."
"Primeiro que tudo acabámos ainda agora de jantar e segundo nem sequer permitem a entrada naquela estabelecimento a não ser que seja em treino."
"Malia tu nem sequer comeste nada de especial e estás preocupada com uma paragem de digestão? E depois não vejo qualquer problema nisso, nós sabemos ser discretas e precisamente nesta hora quando estão todos a jantar e a recolherem se nos seus dormitórios é que devíamos aproveitar." Revirei os olhos continuando a achar que não era uma boa ideia e tendo em conta a quantidade de problemas que gerei desde a minha entrada, não acho que ser apanhada a infringir outra lei me iria ajudar a manter nesta base, mas como podem imaginar após tantas súplicas acabei por ceder e so rezo para que ninguém se cruze no nosso caminho.

Ps: não revisto, por isso mais uma vez desculpem qualquer erro ortográfico!

A Filha do PresidenteOnde histórias criam vida. Descubra agora