[Sixty-nine]

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Acordei repentinamente e ele já não se encontrava na cama, fiz uma busca com os meus olhos por todo o quarto e continuei sem sinal dele.
Olhei para o relógio que marcavam 17:36 e surpreendi-me pois havia dormido apenas por uma hora e meia.
Levantei-me e suavemente abri a porta da casa de banho e deparei-me com ele retirando as suas gazes que se encontravam parcialmente ensopadas de sangue e devo admitir que o simples facto de olhar para todos aqueles ferimentos que se encontravam cozidos e avermelhados deixou-me de estômago revirado.
Aproximei-me dele segurando nos seus pulsos como sinal a que parasse e permitisse que eu terminasse o que ele havia começado.
Retirei cuidadosamente a última gaze que se encontrava no abdominal e comecei a desinfetar as feridas e apesar dele se mostrar forte eu sabia que aquilo lhe estava a causar uma dor inimaginável.
"Quando é que voltarás ao teu cargo?" Perguntei após finalizar a minha tarefa e atirando o algodão ensanguentado para o lixo.
"Por mim voltava hoje mesmo, mas é claro que não me permitem."
"Quanto mais tarde melhor, precisas de recuperar." Ele sorriu e depositou um beijo delicado nos meus lábios, elevando-me em cima do lavatório e num movimento automático, entrelacei as minhas pernas em redor dos seus quadris, suspirando em seguida assim que senti o leve toque dos seus lábios contra o meu pescoço.
Assim que alcançou novamente os meus lábios, puxei o seu corpo contra o meu recebendo um gemido em resposta e foi quando me apercebi que provavelmente tinha sido bruta no movimento tendo em conta a sua condição física.
"Desculpa, eu não queria.." Mas rapidamente fui cortada assim que ele alcançou os meus lábios como se não se importasse com a dor que sentia.
"Jake!" Disse interrompendo.
"É melhor pararmos por aqui, eu não te quero magoar e além disso preciso de me ir preparar porque logo à noite iremos ter um desafio."
"Tu não me magoaste.." Disse ele apenas.
"Admitir que sentes dor não faz de ti um fraco." Respondi saindo de cima do lavatório e encaminhado-me de volta para o quarto.
"Disseste que tinhas um desafio? Que tipo de desafio?" Ele claramente estava a fazer de tudo para não ter que admitir que estava em sofrimento e eu também não iria insistir mais.
"A tenente Jonhson apenas nos disse que hoje à noite iríamos fazer algo como nunca antes fizemos, até tenho medo só de imaginar.." Ele deitou-se novamente na cama enquanto me observava a calçar os ténis e apenas respondeu:
"Hum..."
"Depois dessa resposta, deduzo que tu saibas a que tipo de desafio é que ela se refere.."
"Pela tua descrição sei bem ao que ela se refere e tudo o que te posso dizer é que hoje 7 dos recrutas serão mandados para casa e quem fôr apurado será oficialmente soldado de primeira classe."
"A única coisa que não entendo é o meu papel neste desafio, visto que eu e mais cinco soldados já temos a insígnia de primeira classe e se o objetivo é tornar todos os restantes em soldados de primeira classe, o que estarei lá a fazer?"
"Não te vou responder a mais nada, logo verás..." Revirei os olhos e ele apenas sorriu.
"Não és mais que os outros para teres conhecimento da prova antes do tempo, além disso que piada teria chegares lá e já saberes em que consiste a prova." Eu sabia que ele tinha razão no que disse mas ao mesmo tempo sentia necessidade de saber ao certo com o que me irei deparar logo à noite.
"Que namorado de merda que me saíste..." Disse apenas brincando com ele.
"Acabaste de me chamar namorado?" Disse ele com uma evidente ironia na voz.
"Bem tendo em conta a quantidade vezes que já nos beijámos e o facto de me teres tirado a virgindade, acho que explica tudo." Disse entrando na brincadeira.
"A verdade é que nunca oficializámos, ou melhor eu nunca te cheguei a fazer um pedido formal." Disse ele divertindo-se com a situação.
"Sinceramente não vejo a necessidade de um pedido, até porque era estranho que após tudo aquilo que passámos juntos vires-me pedir em namoro, não achas?"
"Nem tencionava, mas soa estranho ouvir-te a chamar-me de namorado"
"Acho que apenas te soa estranho porque a nossa relação tem sido muito turbulenta repleta de altos e baixos ao longo destes anos e nunca tivemos uma definição específica para aquilo que tínhamos."
"Concordo plenamente, mas vá namorada vai-te preparar para o desafio!" Disse ele num tom de gozo.
"Por favor não me voltes a chamar de namorada soa horrivelmente mal." Disse entre gargalhadas e ele respondeu:
"Vou me ficar apenas por te chamar Malia." Disse ele piscando o olho.
"É um excelente plano!" Respondi rindo-me, beijando-o e saindo pelas traseiras o mais rápido que pude afim de não ser vista.
Entrei no quarto e felizmente não havia sinal da Dawson e deste modo evitava uma pilha de perguntas sobre o meu paradeiro nas últimas horas.
Ainda eram 18:00 e como tínhamos duas horas livres antes da prova deduzi que todos tivessem ido para a sala de convívio.
Assim que lá entrei, avistei o meu grupo ao longe e todos eles encontravam-se a jogar dardos.
"Malia!! Onde te meteste? Não te vejo desde a hora do lanche.." Atirou a Dawson como já podia imaginar.
"Fui descansar um bocado, estava mal disposta."
"Queres entrar no jogo?" Perguntou o Nathan e claro que aceitei o convite.
"Vamos lá testar as habilidades da filha do presidente no que toca os dardos, se é que tens habilidades sequer." Disse o Klaus mais uma vez com as suas picardias.
"Não a subestimes, acho que ela já provou claramente o seu valor.." Disse a Karlene defendendo-me e eu agradeci mentalmente.
O resto da tarde foi passada entre gargalhadas, conversas e jogos, sendo que durante um tempo pude abstrair de certa a minha mente da necessidade de saber o que nos esperava daqui a umas horas.

Olá a todas quero pedir as mais sinceras desculpas por todo este tempo sem atualizar :/
As últimas semanas foram muito complicadas a nível pessoal e só hoje é que finalmente me pude voltar a focar na escrita.
Espero que possam entender e que tenham gostado deste capítulo :)

A Filha do PresidenteOnde histórias criam vida. Descubra agora