[Eighty]

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Neste momento não sabia se o que sentia era medo ou raiva...
Dou por mim a pensar que tipo de infância teve este homem para se ter transformado neste monstro sem coração, porque no fundo a pessoa que cada um de nós é hoje acaba por ser um reflexo daquilo que os nossos pais nos transmitiram.
Não consigo sentir compaixão por ele se é isso que se estão a perguntar, porque nada neste mundo justifica a quantidade de crimes cometidos por este homem, mas por outro lado continuo curiosa por saber o que o tornou assim.
Meti o meu telemóvel no bolso traseiro das minhas calças mas antes ativei a localização só para prevenir.
Entrei por uma passagem que dava até ao exterior, apenas conhecida por mim e pelo meu pai e mal saí do alcance da casa branca chamei um uber.
À medida que me aproximava do local assinalado no Google maps, o meu coração acelerava e neste momento tentava distinguir se o que estava prestes a fazer era o mais racional ou a maior estupidez que já fizera.
Após pagar, saí do carro e as minhas pernas tremiam como varas verdes...
"Malia!" Ouvi de repente atrás de mim aquela voz carregada de sarcasmo.
"Por favor diz-me apenas o que queres."
"Mas não é óbvio?"
"E que tal me tratares como uma criança de cinco anos que necessita de uma explicação extremamente pormenorizada." Ironizei lançando-lhe um olhar azedo, o que por qualquer motivo lhe causou um ataque de riso.
"A versão da Malia mazona tem uma certa piada se queres que te diga. Mas pronto voltando ao assunto em questão, o que eu quero é nada mais nada menos que terminar o trabalho que iniciei." E desta vez quem teve vontade de rir fui eu e claramente como podem imaginar, não me contive.
"Explica-me lá a piada que eu também me quero rir."
"Tu estás seriamente a pensar que conseguirás tirar o meu pai do poder assim sem mais nem menos?"
"Claro, porque será ele quem irá rescindir do cargo."
"Desculpa?"
"E que tal entrarmos no café? Preciso de comer algo." Disse ele com aquela típica cara hipócrita.
"Estás me mesmo a ver com cara de quem quer passar um bom tempo de frente para ti na porra de um café?!" Atirei.
"És mais complicada do que imaginei, como é que o meu filho te atura?"
"Não tens o direito de o tratar desse modo, aliás perdeste qualquer direito sobre ele a partir do momento em que me tentaste matar."
"Realmente consideras-te assim tão importante para ele? És só mais um peão no seu jogo doentio, sinceramente pensei que já tivesses apreendido com situações anteriores, mas mais uma vez subestimei a perspicácia da filha do presidente."
"Neste momento poderia estar a fazer um milhão de coisas realmente importantes, mas em vez disso estou aqui de frente para o homem que mais abomino, portanto dá me um bom motivo para não te virar costas e sair porta fora."
"Porque caso o fizeres, já sabes o que acontecerá." E automaticamente pensei na gravação que ele possuía e congelei interiormente.
"Não te atrevas." Cuspi.
"Garante-me que daqui a um ano o teu pai rescinde do cargo e apagarei eu mesmo todas as cópias desta triste gravação."
Podes esperar sentado pensei interiormente.
"É tudo?"
"Ah e manda cumprimentos ao meu tão amado filho." Revirei os olhos e voltei para casa de metro.
Ao entrar no meu quarto, tranquei a porta e atirei a minha mala para o raio que a parta.
Assim que olhei em direção à cama apanhei o maior susto da minha vida ao dar de caras com nada mais, nada menos que o Jake com a cara mais fria e arrogante que eu alguma vez vira.
"Que porra é esta e o que raios fazes aqui?!" Atirei.
"Diz-me que não fizeste o que acabaste de fazer..." Disse ele ainda sentado e olhando-me com aquela tão familiar furiosa cara.
"Jake...."
"Malia responde!"
"Tu não entendes..."
"Não? Agora fazes contratos com o diabo?"
"Desculpa?! Andas-me a seguir, é?"
"O foco da conversa não é esse, por isso não te tentes desviar! Tu encontraste-te com ele e nem foste capaz de falar comigo antes."
"Porque tu nunca irias aceitar tal coisa!"
"Disso podes ter a certeza!"
"Sai do meu quarto!" Gritei.
"Não até me explicares o que raio foste fazer!"
"Não te devo explicações!"
"Malia pára de agir como uma criança irritante, não suporto!"
"Se eu sou uma criança irritante, nem imagino o que sejas para me estares a seguir que nem um doente maníaco."
"Tu deixas-me exausto!" Disse ele em frustração.
"Queres mesmo que te diga!? Ele chantageou-me com a merda de uma sex tape nossa! E como deves calcular fui obrigada a ir ter com ele e tudo o que quer como é óbvio, é tirar o meu pai do poder."
"Porque não falaste comigo merda!?"
"Baixa o teu tom, não estás a falar com as tuas putas!"
"Malia..."
"Sai, por favor!" Gritei mais uma vez sem conseguir olhar para ele sequer de tão nervosa que já me encontrava.
Ele foi-se aproximando aos poucos como sempre fazia antes de me beijar mas desta vez recuei, pois tudo o que menos queria era esquecer os motivos pelos quais me encontrava chateada com ele e ser seduzida pelo seu toque hipnotizante.
"Não te aproximes mais!" Rugi mas ele pareceu ignorar a todo o custo e assim que alcançou os meus lábios tudo o que fiz foi morder-lhe o lábio com tanta força que o fiz sangrar.
"Estás louca?"
"Eu disse para não te aproximares!" Mais uma vez ignorou o aviso e voltou-me a beijar e desta vez não me encontrava capaz o suficiente para o afastar, pois não podia negar as saudades que senti do toque dos seus lábios.
Ele deslizou as suas mãos pelo interior da minha camisa causando-me arrepios e quando dei por mim já me encontrava sem camisa e ele já me transportava agilmente para a minha cama.
"Pára!" Sussurrei.
"Queres mesmo?" Perguntou ele encarando-me suplicante.
"Eu..." Mas antes que pudesse formular uma frase coerente já ele me estava a beijar novamente e aquele travo a sangue, devo dizer que me excitou mais que o normal...
Retirei a sua t-shirt e passei suavemente as minhas mãos pelas suas largas e macias costas enquanto se fletiam contra o meu corpo e naquele momento tudo o que era racional em mim desvaneceu-se como névoa.

A Filha do PresidenteOnde histórias criam vida. Descubra agora