[Twenty- seven]

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"Malia!" Gritou a Beh quando me apanhou no meu escritório.
"Posso saber que raio estás aqui a fazer?!" Atirou ela.
"Trabalhar.."
"Trabalhar sem memória ajuda muito realmente..." Bufou ela.
"Sai já daqui!"
"Não, tou farta de passar os meus dias sem fazer nada.."
"Continuas a mesma de sempre..."
"É bom saber.." Ironizei.
"Desaparece daqui!"
Saí contrariada e dirigi-me até ao oval.
"Olá pai!"
"Como é que está a minha pequena?" Disse ele tirando os olhos da papelada.
"Bem acho... Apenas queria começar a trabalhar só para não passar os meus dias sem fazer nada.."
"Está fora de questão.."
"Mas pai!"
"Não.."
"Mas eu até..." E fui novamente interrompida.
"Não vais voltar a trabalhar, pelo menos não tão cedo.."
"És um chato.." Ele sorriu e logo a seguir disse:
"Hoje á noite temos um jantar de beneficência em Nova York por isso aconselho-te a escolheres já uma roupa para levares.." Disse ele desviando o assunto.
"Se quiseres comprar alguma coisa, tens o meu cartão de crédito.."
"Porque é que eu tenho a impressão que tu estás a fazer de tudo para me meter longe do trabalho?"
"Porque é mesmo o que eu estou a tentar fazer."
"E como é que podes achar que eu quero comprar mais alguma coisa? Já olhaste para a imensidão de vestidos que há no meu closet?"
"Mas tu és mulher.."
"E daí?"
"Para as mulheres compras nunca são demais.." Disse ele como se fosse uma coisa óbvia.
"Acontece que eu não me incluo na maioria das mulheres, por mim até teria apenas 5 pares de calças, 10 sweats e 2 pares de ténis e sobreviveria á mesma..."
"Tu é que sabes..."
"Não achas um exagero tudo isto?" Perguntei.
"Tudo isto o quê exatamente?"
"A imensidão de coisas que nós como seres individuais possuímos, desde a dimensão dos nossos quartos á quantidade de sapatos repetidos.."
"Lá isso é, mas como sabes isso não nos cabe a nós decidir, cada um de nós tem uma equipa de estilistas que renovam os nossos closets e é quase como se não tivéssemos escolha.."
"Às vezes gostaria de viver uma vida normal sem coisas em demasia..."
"Até eu querida, mas a vida na casa branca nunca foi fácil para ninguém.."
"Como é que serão as nossas vidas quando sairmos daqui?"
"Como quisermos..."
"Que sonho.."
"Bem agora desampara-me a loja porque eu tenho que trabalhar."
"Até logo!" Disse batendo a porta.
Fui ao meu quarto fazer a tarefa mais difícil de sempre: escolher um único vestido para levar entre cerca de 500 existentes..
Caí de rabo em frente ao closet e para ser sincera preferia levar umas jeans e uma camisa... Mas devido ao facto de isso ser impossível vou ter que passar pela tortura de escolher um..
Passado um longo tempo decidi deixar essa tarefa para a Beh..
__________
{6 horas depois}

Eram 19:23 e eu encontrava-me de frente ao meu longo espelho encarando a figura que se encontrava á minha frente e era difícil para mim pensar que esta rapariga com este longo vestido vermelho com uma racha era a mesma de há 3 horas a trás... Sinceramente achei um exagero da parte da Beh pôr me dentro deste vestido, mas agora já era tarde demais para mudar de ideias.
"Entre!" Disse após ouvir suas batidas na porta do quarto.
"Menina o presidente pergunta se já está pronta.."
"Preciso de mais um minuto por favor.." Disse e ele assentiu deixando-me novamente perdida nos meus pensamentos.
É só uma noite, nada de mais... Pensava eu diante do espelho.
Saí do quarto ainda a tentar habituar-me aos saltos e sou vos sincera, não me dou nada bem com saltos mas o que posso fazer?
"U-A-U..." Soletrou o meu pai assim que olhou para mim.
"Tudo graças aos exageros da Beh.."
"Estás de tirar o fôlego.."
"Pai Pára com isso..." Disse sem graça.
"Mas será que não consegues mesmo ver o quão linda estás?"
"Pai já percebi agora por favor vamos..."
***

"Malia estás deslumbrante." Disse uma mulher que me fez olhar com uma cara de interrogação para o meu pai.
"Esta é uma amiga de longa data da tua mãe.."
"Prazer." Disse e ela sorriu abraçando-me.
"Estás uma rapariga tão linda!"
"Obrigada.." Disse meio forçadamente pois eu na verdade não dou tanta importância á beleza, ou melhor nem me acho assim tão linda como dizem...
A noite decorreu mais calmamente do que aquilo que eu estava á espera repleta de risos, abraços e de um ambiente familiar, é claro que haviam fotógrafos por todo o lado e a imprensa tirou proveito da situação para as primeiras páginas do jornal do dia seguinte.
"Malia, dás-me a honra de me dares está dança?" Perguntou um homem pouco mais velho que o meu pai, ele era negro olhos escuros e com um ar humilde.
Olhei para ele meio sem saber o que dizer e ele rapidamente disse:
"Sou o Fitzgerald Grant um amigo de longa data do teu pai e tenho que dizer que tu cresceste imenso nestes últimos anos.."
"Prazer Fitzgerald.."
"Oh por favor trata-me por Fitz.."
"A dança?" Perguntou ele.
"Ahmm.."
"Por favor Malia eu também não sou um grande dançarino.."
"Tudo bem.."
Acabou por ser algo divertido conhecer aquele amigo do meu pai, tinha um grande humor e parecia de facto alguém decente e um bom homem de família.
Fiquei a saber que ele também tinha uma filha da minha idade que ele ficou de me apresentar um dia mais tarde é que ele trabalhava já há muitos anos no pentágono.
"Bom foi um prazer falar contigo Malia, um resto de boa noite.." Disse o Fitz dando-me um beijinho e desaparecendo no meio da multidão.
"Boa noite, um minuto da vossa atenção por favor." Ecoou uma voz por todo o salão que era impossível de esquecer.
Olhei para o meu lado esquerdo e lá se encontrava ele no cimo do palco com um microfone na mão e em instantes a minha atenção foi captada.
"Hoje como todos sabem estamos aqui reunidos por uma boa causa como temos feito todos os anos. Milhares de crianças morrem todos os anos de cancro e este ano doaremos cerca de 2 milhões de dólares a vários hospitais e instituições que acolhem crianças ás portas da morte e tudo isto se deve ao contributo de cada um de vocês.. Obrigado por tornarem o sonho de várias famílias em ter os filhos recuperados realidade! Hoje é por eles e amanhã poderá ser por nós!" Disse finalmente o Jake.
Aquela palavras tocaram-me e neste momento tencionava ir falar com ele mas assim que ele saiu do palco perdi-o logo de vista o que não me deu muita hipótese..
Sentei-me novamente na minha mesa que se encontrava desta vez vazia pois estavam todos animados na conversa uns com os outros.
Assim que me sentei tirei os saltos debaixo da mesa e suspirei de alívio.
"Entediada?" Perguntou uma voz rouca atrás de mim.
"Acho que essa é a melhor palavra para me descrever neste momento." Disse encarando-o.
"Como estás?" Perguntou o Jake sentando-se ao meu lado.
"Para além de aborrecida, bem acho eu." Respondi evitando o contacto visual.
"Queres sair um pouco daqui?" Perguntou ele e eu nem precisei de responde, pois ele percebeu logo pelos meus olhos que essa era a única coisa que eu tanto ancorava neste momento.
Ele guiou-me até ao terraço e disse:
"Já te disse o quão estás de tirar o fôlego?"
"Não, mas já estou farta de o ouvir vezes sem conta.." Disse sentando-me na beira do parapeito.
"Não lidas lá muito bem com elogios pois não?"
"Nunca foi o meu forte.." Respondi encarando as luzes da cidade de Nova York.
"É tão bom estar cá em cima.." Disse finalmente.
"É mesmo... Como se pudéssemos esquecer tudo por um momento.."
"Posso te fazer uma pergunta?" Disse meio tremula.
"Acabaste de fazer uma.." Disse ele sorrindo.

Ps: não revisto

A Filha do PresidenteOnde histórias criam vida. Descubra agora