Três - Tentando achar sentido

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Amanhecemos ali mesmo na varanda, acabamos em um silêncio, apenas olhando o dia chegar.
Bárbara acabou dormindo com a cabeça em meu ombro, e eu por minha vez não consegui pregar os olhos. Só consigo pensar na vida que está me esperando na Califórnia. Amigos, estudos, namorada, minha vó...

- Não conseguiu dormir? - diz meu pai aparecendo na varanda e interrompendo todos os meus pensamentos torturadores e minhas teorias fracas.

- Não! Acho que tivemos agitação demais e nosso cérebro não conseguiu descansar. - digo dando os ombros. O som de nossas vozes desperta Bárbara que estava em um leve sono.
- Já amanheceu?! - diz surpresa.
- Sim! Suba, precisa descansar melhor. - digo e sigo até a cozinha onde meu pai estava a preparar café.
- O que aconteceu na noite passada? - pergunta meu pai demonstrando bastante interesse.
- Nada! - olhamos para trás de onde vinha a resposta, era Bárbara um tanto aflita. - fomos apenas dar uma volta com alguns amigos meus! - completa ela me olhando de modo que dizia para eu confirmar.
- É... foi só uma volta! - confirmo tentando ser o mais convincente possível.
- Então ta bom! - diz meu pai em um tom não muito convencido. Tomamos café em meio a um silêncio meio incômodo, meu pai sai para trabalhar e eu vou ler um pouco.
Ao decorrer da tarde, Bárbara e eu decidimos andar um pouco. Ela disse que tinha um lugar onde ela costumava ir quando queria ficar sozinha. Fomos até um parque, só dava para ouvir pássaros e grilos cantando, tudo muito calmo. Deitamos na grama sob uma árvore, e ficamos um bom tempo em silêncio apenas olhando o céu.

- Estou pensando em terminar tudo com Jack! - diz Bárbara quebrando o silêncio.
- Eu até perguntaria o motivo disso, mas acabei de lembrar que eu já sei o motivo.
- O que acha disso? - pergunta Bárbara se virando para mim.
- Eu acho que já deveria ter feito isso e ter denunciado ele.
- Eu tenho medo! - olho para ela, ao falar essa frase sinto sua voz trêmula. - ele é policial, as ameaças dele podem bem se tornar algo concreto.
- Não vai acontecer nada! Só faz o certo e o que é melhor para você. - ela dá um sorriso de lado e faz que sim com a cabeça. Ficamos olhando o céu por mais pouco e conversamos um pouco mais. Bárbara tem alma de criança, e em meio a conversas ela inicia uma guerra de cócegas, quem diabos faz isso? Só ela! Quando me dou conta, estamos correndo como duas crianças pela grama. Como uma boa pessoa estabanada, acabo caindo e derrubando Bárbara. Ela sorria incansavelmente, um sorriso lindo, com vontade de quem realmente achava graça da situação. O vento batia em seus cachos ruivos que se baguncavam fazendo-a tentar inutilmente arruma-los de forma graciosa. Quando percebi o que estava fazendo, estava a olhando após beija-la. Eu não sabia como reagir, se é que tem alguma reação que nos ajude nesse momento. Sinto meu rosto queimar, e então me levanto mais nervosa do que ja pude me ver algum dia.

- Desculpa! Isso não vai se repetir novamente. - digo tentando achar algo melhor que isso para dizer.
- Não precisa explodir. - ela diz sorrindo da situação. - pode respirar, não precisa ficar vermelha assim.
- Ah, acho melhor a gente ir embora.
- Isso tudo por causa de um mini beijo Noah? Acho que somos grandinhas para lidar com isso. Aconteceu e só isso! - ela volta para onde estávamos deitadas e enfim eu consigo controlar minha respiração.
Chegamos em casa, me tranco no quarto e tomo um banho para tentar aliviar toda a sensação vergonhosa que estava sentindo.

- Vou pedir uma pizza, qual o sabor que mais gosta? - diz Rebeca entrando no quarto.
- Gosto de bacon! - digo sentando na cama, onde estava deitada.
- Sebastian vai demorar a chegar hoje e a Bárbara vai sair com o namorado. Então vamos comer pizza sozinhas hoje! - me pego surpresa com o fato de Bárbara sair com o então namorado que ela disse que iria terminar.
- Tudo bem! - sorrio para parecer mais sociável, já que apesar de estarmos na mesma casa, convivendo todos os dias, Rebeca e eu não conversamos muito.
- Por que não escolhe um filme? A gente pode se conhecer mais, já que agora somos uma família. - diz Rebeca enquanto sai do quarto.
- Claro! Já vou para a sala. - escolhemos um filme de comédia, bem leve, assim quando não tivesse o que falar, tínhamos do que sorrir.

Escutamos barulho na porta e vemos meu pai entrar. Ele vem com um sorriso largo distribuindo beijo entre Rebeca e eu.
- Quero poder chegar em casa e ver algo assim todos os dias! - diz meu pai sentando-se com a gente. - Então, cadê a Bárbara?
- Saiu com o namorado! - diz Rebeca com um tom de descontentamento.
- Espero que ela saiba o que está fazendo. - diz meu pai preocupado.
Assistimos o filme, comemos, conversamos bastante. De longe essa foi a melhor noite que tive com meu pai desde que minha mãe se foi. Depois de tudo isso Rebeca e meu pai resolveram dormir e eu fiquei assistindo tv, algo que não fazia direito a alguns dias.

- Acordada ainda? - diz Bárbara parecendo não está tão sóbria.
- Sim! Está passando um filme bem legal.
- Vou assistir com você! - ela se joga no sofá e com cinco minutos de filme ela já estava dormindo. Termino de assistir o filme e carrego Barbara até o quarto dela.

- Está tudo bem? - pergunta Rebeca ao me ver saindo do quarto de Bárbara.
- Está sim! Ela chegou meio alterada, acabou dormindo no sofá. Só vim trazer ela para cama. - sigo para meu quarto e fico com meus pensamentos torturadores e ansiosos até pegar no sono.

Descobri Que Te AmoOnde histórias criam vida. Descubra agora