Desenhos Solitários - Harry Styles PT

02. Convivência e Educação.

"A educação tem raízes amargas, mas os seus frutos são doces." - Aristóteles 

Charlie Bennett

Abro a porta da loja depois do almoço, agora sou responsável por abrir e fechar de manhã, á tarde e á noite. Não tenho a certeza se Bethany escolheu a pessoa certa para ter tamanha responsabilidade, mas acredito que preciso de começar a agir como uma adulta. Vinte anos, próximo mês nos vinte e um, então preciso de tomar atitudes. Ou pelo menos tentar.

Segundo dia de trabalho, estou empolgada. A manhã correu lindamente, pois não fiz absolutamente nada á exceção de trocar o CD da música de fundo. Bethany não tem bom gosto quanto à música e a mesma não precisa de saber sobre isso, a menos que me pergunte e serei sincera. Não é novidade. É quase automático...

Posiciono-me atrás do balcão e logo Norah e as suas colegas adentram o lugar com sorrisos e conversas aleatórias. Elas param no balcão á minha frente. Não faço mais do que sorrir para todas.

- Tudo certo Charlie? – Poppy questiona.

Conhecia ontem e simpatizei com a mesma e os seus óculos de graduação redondos tipo garrafão ou então estilo Harry Potter, o bruxinho de Hogwarts. Poppy é uma pessoa querida, percebi isso de imediato. A minha primeira impressão sobre ela foi boa, muito boa.

- Sim. – Digo ao debruçar-me no balcão. – Parece ser bom trabalhar aqui. É calmo.

Não que eu seja preguiçosa, mas ainda bem que não tenho que trabalhar muito. A verdade é que provavelmente iria-me atrapalhar bastante se tivesse realmente muita coisa para fazer.

- Verdade. – Norah entra na conversa e infere para Poppy. – Charlie estudou fotografia. Fez o curso, ela é ótima com uma máquina fotográfica.

Se com ótima Norah quer dizer ter somente dois álbuns com imensas fotos de Granger, o gato, tudo bem eu realmente sou ótima.

- Sério? – Poppy endireita-se para mim espantada. – Será que algum dia poderei ver algumas das tuas fotos?

Sorrio e mordo a bochecha um tanto sem graça. Apenas Norah e o meu pai viram o álbum do Sr. Granger.

- Claro, mas não é nada demais. – Comento fazendo pouco caso. – Apenas tiro fotos ao Sr.Granger fotogénico.

Tenho um outro álbum escondido, esse contém fotografias do exterior. Lugares, objetos, entre outras tantas coisas que eu vi e achei bons ângulos para uma fotografia.

- Os ângulos das fotos do gato dela são realmente muito bons. – Norah insiste. – Charlie tem imenso talento. E Granger é realmente um gato, uma enorme bola de pelo.

Pelo menos tenho talento para alguma coisa, uma vez que na maioria das vezes sou o desastre em pessoa. Prazer.

- Bom, estou ansiosa por ver as talentosas fotografias do Sr.Granger. – Poppy ri, as outras que assistiam à conversa seguem na direção do atelier. – Não vou esquecer.

Gostaria que ela o fizesse. Ainda assim sorrio e ambas seguem para o trabalho delas. Continuo debruçada sobre o balcão em pensamentos perdidos, quando em algum momento o sino da porta toca. Fico ereta e em posição a sorrir, mas logo o meu sorriso desmancha-se ao perceber quem é que acabou de entrar. Desta vez não foi diferente. Igual a ontem, ele não limpa as suas botas no tapete e muito menos me cumprimenta. Decido que é a altura certa para falar.

- Boa tarde, eu não sou invisível, portanto, se me consegues ver também podes cumprimentar-me para ser simpático pelo menos e o tapete existente serve para alguma coisa, caso contrário não estaria ali. – Infiro com uma pontada de sarcasmo.