03. Conversas de Socialização.

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"Não te preocupes em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento. " - Clarisse Lispector

Charlie Bennett

Bethany está na loja esta manhã. Desde que chegou que não para quieta um segundo. Se fosse a contar diria que a mesma já rodou a loja inteira inclusive o armazém. O porquê de tanto alarido apressado? Bom, estou á duas horas a tentar descobrir, porém a minha chefe mantém-me às escuras.

Atendo clientes e mais trabalho acumula para os corretores. Scott ainda não chegou. Rio baixinho só de pensar que de agora em diante o irei chamar assim. Sempre é melhor ser Scott do que sujeito rude. Além disso ele tem cara de Scott.

Estou á três dias a trabalhar na loja e ainda não entendi se o horário dele é diferente dos demais trabalhadores e seus colegas ou se é ele que vem nas horas que lhe apetece. Pelo funcionamento da loja talvez acerte na segunda opção, visto que é o único diferente em cumprir as regras do bom funcionamento bem como o horário de trabalho.

- Charlie! – Bethany chama por mim e juro que dessa vez os meus pensamentos nem chegaram perto do pote de rebuçados de chocolate. – Aponta tudo o que te disser. – Ela pede e arranjo uma folha branca aleatória. – Telas, pincéis, tintas...

Inicialmente fico confusa, porém logo percebo que ela dita-me o material em falta na loja. A minha mão esquerda começa a doer de tanto escrever na velocidade que ela fala. Ao fim acho que apanhei tudo o que a minha chefe falou. Se falta algo sempre posso alegar que a culpa foi sua por ter falado muito rápido. Na verdade, tão rápido quanto um carro num filme de Velocidade Furiosa.

- Aqui está a lista. – Entrego para Bethany confirmar.

- Perfeito, encomenda tudo por favor. – Pede e eu assinto, este é o meu trabalho. – Tenho uma reunião importante, preciso de ir. – Avisa e mais uma vez aceno com a cabeça. – E Charlie, se Styles chegar diz que é a última vez que se atrasa tanto para o trabalho, caso contrário será despedido.

Após ordenar vira costas enquanto faço uma careta ao deitar a língua de fora. Styles? Então o último nome de Scott é Styles? Com toda a honestidade, Scott Styles é um nome tão horrível que a minha vontade de rir é imensa. Afinal Scott não combina tanto assim com ele.

Paparico um dos rebuçados do pote proibido e encomendo tudo o que está escrito na lista. O senhor do outro lado do telefone parece um tanto aborrecido com tudo o que falo. Sei que se fartou de me ouvir quando, na despedida, nem sequer me deixou acabar de dialogar desligando a chamada na minha cara. Eu não sou tão insuportável como ele me fez parecer. Aliás, ele deveria ter mais pessoas como eu ao seu redor, dessa forma nunca reagiria como um ogro.

Pouso o telefone e a campainha da porta soa. Os meus olhos encontram Scott. A vontade de rir aparece novamente, porém mordo a língua.

- Hey Scott. Limpa as botas no tapete e espera que tenho um recado para ti. – Informo e alcanço a lista de material fingindo ser algum recado. – A chefe B.K. disse que é a última vez que chegas nesse horário tardio, caso contrário terás o teu rabo chutado daqui até Marte.

Por cima da folha vejo-o parado a encarar-me. Pelo olhar que o mesmo me lança não parece estar bem-disposto. Devo correr daqui?

- O meu nome não é Scott. – Reclama entre dentes e fico surpreendida.

De tudo o que falei ele só me diz isso?

- Eu não sei o teu nome, porque tu não me dizes então tenho que te dar um temporariamente. – Dou de ombros e pego em um rebuçado do pote proibido. – Scott é um bom nome, devias sentir-te feliz com isso. Facilmente poderia chamar-te de Leeroy. – Digo com indiferença, logo coloco o rebuçado na boca e fecho os meus olhos ao apreciar o sabor. Amo chocolate.

Desenhos Solitários - Harry Styles PTOnde histórias criam vida. Descubra agora