11. Sobre Confiança.

54 5 5
                                    

"O que molda um homem são as escolhas que ele faz. Não é maneira como ele começa as coisas, mas como ele decide terminá-las." - Hellboy

Charlie Bennett

Os dias seguintes foram uma autêntica correria no trabalho. Bethany estava impossível de aturar, mas fui firme e aguentei tudo. Afinal não podia dar-me ao luxo de falhar mais uma vez e arriscar ser despedida. O dinheiro que iria cair na conta este mês seria muito bem-vindo além de necessário. Bastante!

Depois que adormeci nos braços do sujeito rude tatuado eu nunca mais o vi. Quando acordei ele não estava lá, apenas a porta de vidro um pouco aberta aonde deixava o vento gelado ter acesso á minha pele na brisa de inverno. A prova de que realmente aconteceu, para além da minha memória um pouco turva por vezes, foi o seu cheiro impregnado na minha almofada de penas. Agora durmo abraçada ao objeto e finjo que é ele. Uma idiotice tenho noção, mas ninguém pode julgar-me por Harry Styles deixar-me à deriva. A cada palavra, a cada toque, a cada olhar.

O meu coração parecia sentir muito a falta dele, mais do que gostaria de admitir. Era ridículo ter tal sentimento em relação a uma pessoa que tão pouco conheço ou quase nada. A verdade é que tentei distrair-me, mas no fundo desejava que ele aparecesse e ficasse a meu lado. Não sonhes! Digo para mim mesmo a fim de cortar qualquer pensamento infantil sobre ele.

Nesta sexta-feira, estou um tanto produzida do que é costume. Em frente ao espelho eu observo a minha figura curiosa. Envergo umas calças brancas com tiras verticais azuis juntamente com uma camisola preta e um casaco de couro preto, além das sapatilhas estilo botas um pouco acima dos tornozelos. O meu cabelo castanho claro posicionado para o lado, nada de risco ao meio para esta noite.

Olho alguns utensílios de maquilhagem que fora prenda do meu pai quando atingi os dezanove anos e nego com a cabeça. Não, ainda não vai ser hoje que vou usar esses cosméticos.

Em cima do móvel, a minha máquina fotográfica chama-me a atenção. Há algum tempo que não desfruto dela e embora seja noite algo no meu sexto sentido avisa-me de que devo levá-la comigo esta noite. Coloco a máquina dentro da minha mala, talvez eu possa fotografar algo interessante, quem sabe?

Desço as escadas e avisto o meu pai sentado no sofá. O seu ar hoje está um pouco abatido, contudo ele garantiu-me que não tarda vai para a cama. Fi-lo prometer que me ligasse caso houvesse algo com ele.

- Diverte-te. – Samuel diz de olho em mim. – Aproveita a noite, estás muito bonita filha.

Aperto os meus lábios e olho mais uma vez para a roupa que escolhi. Será uma grande noite enfadonha, tenho a certeza.

- Obrigada. – Agradeço e beijo o seu rosto. – Vou tentar ser breve.

Avisto Samuel revirar os olhos e não dou a mínima. Ele é a minha única família, obviamente que me preocupo.

Fui convidada, mais uma vez, pelas minhas amigas e colegas de trabalho para mais uma noite no Lori's. Desta vez apenas eu, Norah, Poppy e Willow. Não creio que vá acontecer algo de hilário, porém necessito de estar fora da minha zona de conforto e aproveitar a minha vida.

Eu gostaria sim de aproveitar melhor a minha vida, acontece que não tenho alguém que me acompanhe em aventuras.

A noite, surpreendente, não está tão fria como as anteriores. Talvez por isso eu me sinta bem enquanto caminho até à avenida dos bares onde se situa o local combinado.

O cheiro a álcool desagradavelmente presenteia-me assim que entro no Lori's. Como não é novidade, sou a última a chegar, pois vejo as três já sentadas a bebericar as suas bebidas.

Desenhos Solitários - Harry Styles PTOnde histórias criam vida. Descubra agora