HeartBroken

#13- "o céu está chorando"

[Hirry e Sean na capa]

Passado ON:

POV Hirry ON:

Eu tinha acabado de ser encontrada na floresta por uma sacerdotisa de uma vila de religiosos, ela tinha me encontrado desmaiada, sozinha, com as roupas rasgadas, cheia de sangue e machucados, eu tinha apenas um colar dourado com um brasão estranho e uma etiqueta com meu nome e sobrenome. Ele me levou até sua casa e cuidou dos meus ferimentos, eles eram tão fortes e profundos que ela ficou impressionada que eu não acordei enquanto ela fazia pontos por todo o meu corpo, quando eu acordei, tinha se passado uma semana, ela estava estudando os pedaços que sobraram da roupa que eu estava usando, tudo parecia normal, me levantei e fui em sua direção, ela se assustou, com todos aqueles pontos e o rosto confuso, eu parecia um zumbi.

- você acordou? - falou a mulher ainda assustada - você parece bem melhor!

Eu continuei calada, por alguma razão, eu não tinha a menor vontade de falar com ela. Toquei no meu pescoço procurando e arregalei os olhos quando notei que nem o colar nem a etiqueta estavam mais lá.

- procurando por isso? - disse a mulher pegando as duas coisas, eu tentei agarrar das mãos dela - primeiro... Me diga uma coisa... Você é um humano?

Balancei a cabeça positivamente, ela me devolveu a etiqueta, observei meu nome por um tempo, de onde eu vim, tenho que lembrar, tentei pegar o colar mas ela o afastou de mim.

- me diga o que fazia na floresta! - disse a sacerdotisa nervosa, claramente ela estava tentando se manter firme e estava falhando
- caso não tenha notado, eu estava desmaiada! - falei cruzando os braços, minha voz realmente soava como a de um zumbi

- ah... Verdade... - ela me devolveu o colar - meu nome é Neidy, eu encontrei você!

- obrigada... - falei com dificuldade, eu estava com uma enorme vontade de desmaiar

- você está bem, Himuyra? - Neidy me perguntou ainda nervosa

- fome... Eu estou com fome... - quanto tempo fazia que eu não comia algo? Não tenho ideia

Neidy me deu comida e depois saiu para comprar algumas roupas para mim, ela me deu um vestido curto branco e colocou um lacinho na minha cabeça, agora eu parecia um fantasma, ela lavou meu rosto e passou algo no meu olho que fez ele deixar de ser vermelho e tirou minhas olheiras. Agora eu parecia uma menininha qualquer que morava na vila, mas eu não era. As outras crianças brincavam e estudavam para serem sacerdotes e sacerdotisas, mas eu não tinha o menor interesse naquilo, eu simplesmente sentava o dia inteiro e lia um livro que eu havia roubado da biblioteca da cidade. Quando Neidy descobriu que eu vinha roubando livros, ela me bateu, enquanto o tempo passava, ela se tornava cada vez menos doce e amigável, admito que a culpa foi minha, eu nunca seguia as regras e estava sempre quebrando algo.

Às vezes, algumas crianças me chamavam para brincar, eu as encarava com um olhar mortal e sorria dizendo "claro! Vamos brincar!" E elas corriam de mim, enquanto eu as perseguia sem fazer nada, quem olhasse pensaria que estávamos brincando de pega-pega. Com o tempo, alguns adultos começaram a perguntar a seus filhos sobre mim, eles não ouviram coisas boas, mas por alguma razão, Neidy não deixava ninguém se livrar ou tocar em mim, provavelmente eu era seu experimento ou algo assim. Ela não me tratava como filha, mas também não​ me tratava como um monstro.

Um dia, quando Neidy havia saído em uma viagem para a cidade grande, eu estava sentada encima do telhado da casa quando os moradores vieram com seus instrumentos de exorcismos. Eu achei tudo ridículo, mas as armas machucavam não só monstros e demônios, se fossem usadas da forma certa, elas machucavam qualquer ser vivo. Eu desci do telhado e comecei a correr para a floresta desesperada, conseguia escutar os barulhos deles me seguindo, eu fui para o fundo a floresta tentando despistar os moradores, mas eles estavam completamente malucos. Eu realmente era um monstro agora.