Great Distraction.

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Oi, meu amores!!! Venho deixar-lhes cientes de que em algum momento desse capítulo Normani vai dançar, e como eu não deixo passar nada, nos 5:09 do vídeo aí em cima, a mulher que vai dançar lembra bastante nossa rainha. Quem estiver curioso deve ir conferir.

Pra quem quiser ouvir a música durante o capítulo ou até depois, é só procurar "Privacy - Chris Brown" no Spotify, Youtube ou iTunes.

Agora vamos ao capítulo!

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DINAH JANE'S POINT OF VIEW

Como era de costume, fui dormir às oito horas naquela noite de sexta-feira. Papai me acompanhou até a cama, me cobriu à altura dos ombros com um lençol azul e amarelo do Bob Esponja e contou mais uma de suas histórias de Gangster. Eram histórias cheias de ação, e a forma com que ele relatava cada acontecimento com tanta empolgação, acabava retardando meu sono e atrapalhando a intenção inicial dele que era me fazer dormir. Eu ficava tão fascinada com aquelas histórias, escutava tudo sem falar um "ai", e mal piscava os olhos. Talvez a minha quietude o fizesse imaginar que aquilo me dava sono, ou talvez ele soubesse que na verdade só me mantinha acordada por mais tempo, mas era evidente que ele gostava de compartilhar suas aventuras com alguém.

Eu adorava meu lençol do Bob Esponja, como também adorava assistir o desenho e ouvir as histórias que meu pai contava. Papai e Bob eram minha combinação favorita e em momentos como aquele, eu me sentia a garota mais feliz do mundo por tê-los. Podia vestir pijamas azuis, verde ou de qualquer cor que eu quisesse. Nunca quis nada rosa.

Não era como as outras garotas da escola. Elas só falavam de bonecas e maquiagem. Já eu, gostava de brincar e andar com os garotos. Eu não os via como o restante das garotas, eu os via como amigos. Meu pai não reclamava do meu jeito e da minha preferência por coisas "masculinas", muito pelo contrário, inclusive fora ele quem me ensinou ainda quando pequena que eu era diferente. Me levava para passear de carro, andar de bicicleta e me ensinou até como subir papagaio. O que não agradava em nada minha mãe. Ouvi eles discutindo algumas vezes por minha causa, mas quando eu achava que meu pai mudaria comigo, só melhorava. Ele sabia que eu estava feliz daquela forma e não se importava com o que minha mãe e as outras pessoas diziam. Eu o via como um herói, indestrutível e sentia que com ele ali nada e nem ninguém poderia tirar minha paz.

Depois de um certo tempo ouvindo papai contar suas histórias, as pálpebras foram pesando e meus olhos não estavam mais tão esbugalhados e atentos, até que adormeci tranquilamente.

Meu mundo todo virou de ponta cabeça quando acordei no sábado de manhã com um barulho estrondoso de tiro. Levantei da cama apressadamente, o lençol enrolou em meu pé e quase me fez cair. Consegui me reequilibrar e corri para a sala com o coração batendo na garganta.

A cena mais dolorosa que eu já vi em toda minha vida foi a do meu pai estirado no chão, com a mão ensaguentada no peito e gemendo de dor. Eu não entendia com clareza o que estava acontecendo, mas pensar que ele era indestrutível fora otimismo demais. Como pude deixá-lo sozinho?

Sacudi o corpo imóvel de papai sem muita força para não machucá-lo. Embora eu não soubesse exatamente porquê ele não acordava, também já tinha idade suficiente para saber que o sangue não deveria estar fora do corpo dele, e sim dentro.

Chorei até me questionar o que tinha acontecido com as lágrimas. Elas simplesmente não escorriam mais, porém meus olhos doíam e a pele das minhas bochechas queimava. Talvez a forma que eu esfregava minhas mãos ali sem parar tivesse causado isso. Eu implorava para que papai acordasse e não me deixasse sozinha. Quando todas as minhas tentativas de reanimá-lo pareciam inutéis, apelei para uma que com certeza não falharia.

A Gangsta Loves Better - NorminahOnde histórias criam vida. Descubra agora