Um PM atrapalhado...

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Por Marçal...

Às vezes tenho a impressão de estar indo muito rápido, mas gostei desse cara e quero conhecê-lo melhor. O fato é que não gosto de coisa enrolada e nessas, já tomei no rabo algumas vezes pela minha afobação.

Só tenho um jeito de ser e no passado eu achava torturante ter que fingir ser o que não era, enquanto ficava trancado no "armário" com medo de julgamento.

Terça eu tava na escala de folga, geralmente costumo dormir, jogar bola com os moleques que ficam aqui na frente de casa ou vou dar uma "banda" de bicicleta. Mas dessa vez, passei o dia ajeitando a casa, porque a moça que vem dar uma limpada a cada quinze dias, me deixou na mão.

Combinei de buscar o Liseu na escola a noite e trazer pra cá, mas como ele é um cara de família, acho que não vai rolar nada além de uma conversa, para a qual percebo que tô sem assunto.

Afinal, o que se fala com uma pessoa que tem faculdade? Eu nem sei que tipo de assunto puxar com ele, porque a única coisa que sei comentar é sobre meu dia a dia, sobre meu passado e sobre família. Eu nunca namorei um cara antes... Que que eu tô pensando? Ele não é meu namorado. Espera, deixa eu consertar essa frase: Nunca assumi o namoro com um cara. Quase tudo era baseado naquela coisa de pele, que a gente "rela" no cara e fica de pau duro, aí o "amor" acaba junto com o tesão e a gente parte pra outra.

Porque o Eliseu?

Ele me diz muita coisa só com a presença dele. Primeiro senti aquele tesão que é fogo de palha no sábado, porque achei ele muito bonito e se tivesse transado, talvez eu nem estaria insistindo. Mas ele não deu abertura e isso despertou a curiosidade que me levou a ligar na segunda e pedir para vê-lo outra vez.

Porra, trinta e cinco anos completos e comportamento de guri? Assim eu tô me sentindo.

Quando beijei ele, posso ter ultrapassado alguma barreira que ele fez em torno de si por algum motivo. 

Porque eu quero ele, quando posso ter coisas mais fáceis?

Porque quero alguém que tenha conteúdo. Ele é bonito sem precisar de muito e quando penso "naquelas" coisas com ele, fico estranho. Tem alguma coisa que me diz que ainda vou tomar um susto. Não, acho que não, ele é muito comportado e vou ter que ser carinhoso e gentil.

Ah como sou idiota.

Eu tô afim dele!!! Falo sentado no sofá.

Estou acabado de esfregar a calçada e lavar roupa. Lavei louça, limpei fogão, passei um produto aqui e ali e esfreguei o banheiro com cloro, porque morro de preguiça de limpar aquela merda todo dia. Não gosto de fazer comida e acho que vou me sentir envergonhado o dia em que ele me pedir pra cozinhar.

A hora passou muito rápido e tenho que tomar um banho no capricho, porque o cara é cheiroso, senti uns arrepios estranhos quando beijei a boca dele ontem. Quando apertei forte sua cintura, fiz pra descarregar aquele tesão louco de rápido, se eu o abraçasse, acabaria ficando sem graça em demonstrar que minha rola estava inchada na cueca.

Busco ele no seu prédio para dar-lhe uma carona até a escola na qual ele leciona a noite. É engraçado o quanto ele me aperta, deve ser medo de andar de moto. Sei que fiquei com a costela dolorida. Deixei ele em frente a escola e passei três horas feito barata tonta e tendo todo tipo de nervosismo.

Antes de sair pra buscá-lo às 22:30, eu penso em ir caminhando, são menos de 10 minutos a pé, mas mudo de ideia e quase me atraso porque volto pra pegar uma blusa quente pra ele. Aquele casaquinho que ele veio deve ser de gelar o corpo numa moto.

— Oh professor, tudo certo? Chegou muito atrasado?

Pergunto quando ele tira o capacete aqui na garagem e ajeita o cabelo. Espero que ele solte aquele cabelo comprido que tem cor de mel, fios finos e lisos...

O PROFi E O POLiCiALOnde histórias criam vida. Descubra agora