Capítulo 15- Eu quero você para todo e sempre

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Sabe aquela sensação repentina de desespero? Aquela em que, por mais que a gente queira, não conseguimos fazer nada? A força mental é a mais poderosa que existe e o amor nos dá todas as ferramentas para agir, então porque simplesmente não fazemos o necessário no exato momento em que tudo acontece? Medo.

Regina urrou ao colocar suas pernas no chão novamente. Ela examinou cada detalhe, cada centímetro de seus pontos. Estavam perfeitos. O sangue só podia vir dela, mas como? Será que Rumple a havia machucado e torturado mais ainda? Ela não sentia mais dores. Não tinha um motivo aparente para aquele sangue que começava a se tornar um pouco mais túrgido misturado com a água do chuveiro.

Emma a olhava assustada, também sem entender o que se passava. Puta merda, será que a vida das duas seria eternamente assim? Uma coisa boa acontece e outra ruim vem rachando tudo? Não podia ser.

Emma soltou um grito de dor repentino. Ela posicionou a mão sobre a sua barriga, como quem tentava se proteger de alguém a esfaqueando, ao menos era essa a sensação. Regina a segurou para evitar que ela caísse no chão, e percebeu que o sangue vinha das pernas de Emma, que tremia rapidamente.

Um medo repentino a ocorreu, podendo significar o fim da vida que a loira estava carregando. Ela não conseguia se mexer sem que sentisse dor também, mas juntou todas as suas forças, ignorando-a. Ela saiu do chuveiro e, visto que não conseguia andar, agachou-se no chão e vou até o armário do banheiro. Pegou várias toalhas para estancar o sangue e dois roupões, um para ela e outro para Emma. Afinal, ela precisaria da ajuda de Mary Margareth para conseguir tirar Emma do chuveiro e colocá-la no quarto. A água escorria fortemente, mas parecia que a intensidade não era o suficiente. O sangramento não parava. Regina colocou várias toalhas no local, finalmente retardando a hemorragia. Emma chorava desesperadamente.

–Meu amor, olhe para mim.-dizia Regina-tudo vai ficar bem, eu prometo. Só se concentre nos meus olhos agora, está bem? Respire fundo, que logo tudo vai se acalmar.

Seguido de longos suspiros, o choro foi parando aos poucos. Os olhos de Emma estavam inchados e ela acariciava a sua barriga por entre o roupão. Ela arregalou os olhos repentinamente.

–Regina, eu senti um chute. Eu senti um chute!- Dizia alegremente.

–Viu? Tenho certeza que será preciso muito mais do que tudo que passamos para quebrar o elo que você tem com o seu filho, Emma. Ele está ficando forte, não está? Vou acompanhar cada centímetro do crescimento dele de pertinho. Eu queria que a minha irmã pudesse estar aqui para tratar ele da melhor maneira possível. É a especialidade dela na medicina e...

Regina estava emocionada, era verdade, mas triste também. Sua irmã havia ido embora havia muito tempo, mudando-se para longe. Ela era muito especial para Regina, era sua amiga confidente acima de tudo, para quem Regina compartilhava qualquer bom ou mau momento. E além disso, aquele filho era de Emma, e não dela. Após passar toda a sua vida pensando em como seria ter um ser que ela amaria mais do que tudo nessa vida, visto que ela era infértil, ela não podia negar que aquilo mexia com o seu emocional.

–Você consegue se levantar?- Emma confirmou com a cabeça.

Caminhava com dificuldade, mas aliviada, apesar de tudo. Terminou de secar-se com as toalhas e chamou Mary para ajudá-la a trazer Regina para o quarto.

–Parece que sou inútil mesmo, para tudo. Nem andar sozinha eu consigo! Que serventia eu tenho?- Dizia a morena.

–Você tem o coração mais lindo que eu já vi, Regina, e só de poder ficar perto dele já é algo maravilhoso. Eu não quero que você pense que ninguém a admira, porque não é verdade. Sou sua maior fã, e estarei, todos os dias, te admirando e me orgulhando cada vez mais pelas escolhas que você quiser.

A morena abriu seu lindo sorriso, visto que Emma também a encarava com o seu sorriso singelo, mas o mais bonito de todos para Regina.

–Sabe, amor, eu não quero encher a sua vida com mais dor e sofrimento, principalmente contando coisas do meu passado. Mas eu quero que você entenda aonde eu quero chegar, está bem?- Regina assentiu.

–Quando eu voltei para Alemanha, a minha esperança era de encontrar os meus pais em Berlim, apesar das chances serem mínimas. A minha infância foi maravilhosa em todos os sentidos. A minha família adotiva me criou com todo o amor possível, mas eu acho que a principal responsável pela quebra da minha relação com eles fui eu. Eu já não agia mais como antes, e estava sempre em busca de algo mais, apesar de já ter tudo. Eu os machuquei de diversas formas. Mas quando perdi o meu primeiro amor, eu parecia querer não mais somente outras coisas, mas o mundo inteiro. Poucos dias depois, eu fui deportada para o gueto, e fiquei muito magoada quando soube que foi por uma denúncia que eu fui pega. Eu tinha certeza absoluta que havia sido os meus pais adotivos e isso me levou a depressão naqueles dias. Foi quando conheci o Neal e ele me proporcionou uma amizade, algo que eu já não tinha a tempo. Fazíamos praticamente tudo juntos, e escondidos, porque era extremamente proibido qualquer forma de expressão no gueto. Então, ele começou a ter a ideia de fugirmos dali. Ele me ensinou coisas aparentemente horríveis, que era violar todas as doutrinas que eu seguia na minha visão: nunca roubar, sempre ser educada e gentil, nunca pensar que eu era alguém melhor do que as outras pessoas. Mas eu estava cega com a amizade dele e ele parecia gostar de mim. Depois que perdi Ruby, disse que nunca mais me envolveria com mulheres novamente, para não me machucar mais uma vez. Então, nós fugimos e fomos até um vilarejo vizinho. Lá, Neal encontrou uma casa que aparentemente pertencia a nazistas mas na estava abandonada a tempos. E naquela noite, eu me rendo para ele. Eu queria sentir a sensação de prazer novamente, mesmo que mínimo. Ele era encantador, eu tinha que admitir. Passamos lá vários meses e eu me sentia eternamente grata pela paz que tínhamos ali. Só que nada é eterno, não é mesmo? O dia em que Neal foi embora e os guardas da SS invadiram a casa foi um dos piores dias da minha vida. Foi o dia que, eu acordei saltitante, pois estava animada para contar a ele que estava grávida, mas não o encontrei em lugar algum. Ele havia fugido com todo o dinheiro que tínhamos e me deixou lá para ser pega. O buraco no meu coração só aumentava. E então eu fui deportada, e a escuridão só prevalecia cada vez mais.

Aquilo mexeu com Regina de todas as formas possíveis. O lado sensível de Emma sempre fazia com que a morena enxergasse o melhor dentro dela mesma. Mas a vida já havia machucado Emma de todas as formas possíveis e Regina tinha medo de machucá-la ainda mais.

–Emma, eu te magoei, não foi? E você não merece isso. Eu sinto muito, de verdade.

–Regina, eu te magoei também. Mas o que eu disse antes, lá em Auschwitz, é a mais pura verdade. Eu tenho medo de perder você e ficar sozinha novamente.

Mais um aperto no coração de Regina. Ela não negava que tinha um coração mole, porque era verdade. Ela era forte, muito destemida também, mas era amável, carinhosa e não suportava ver Emma daquela maneira. A loira havia se doado completamente para ela, confiado todos os seus segredos e seus feitos, mas Regina parecia não fazer completamente o mesmo, visto que ainda gerava incerteza em Emma. Todos os momentos ela sonhou em tem Emma ao seu lado e a loira estava pronta para passar o resto da vida com ela e o que ela estava esperando?

–Emma... Eu... Eu... Te amo, você sabe disse, não é? E saiba que é extremamente difícil não morrer do coração todas as vezes que você inventa de querer ir embora da minha vida. Sabe por quê? Porque eu não quero que você saia dela. Esse filho, se você concordar, pode ser o nosso bem mais precioso. Eu quero criá-lo com você, meu amor. É tudo o que eu sempre quis na vida! E não importa se o mundo virar de cabeça para baixo ou se a guerra continuar por mil anos, o nosso amor é mais forte que isso e eu quero aproveitar cada segundo disso. Eu quero você para mim para sempre, Emma Swan.

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