Às vezes, a aparência das pessoas muda conforme nós as conhecemos. Uma pessoa que chama a nossa atenção de imediato pode ser aquela que desejamos passar o resto da nossa vida em sua companhia. Ao mesmo tempo, essa pessoa atraente pode se tornar feia, se não gostamos dela?
Ou talvez alguém de que nem ao menos tenhamos notado, a quem nossos olhos nem sequer observavam, se você ama essa pessoa, ela se torna a coisa mais linda que você já viu?
O mundo é o maior parque de diversões que poderia existir, não é? Ao mesmo tempo que ele nos proporciona a felicidade e o prazer, ele nos prega peças, nos engana.
Os protagonistas são aqueles que possuem duas fases: a da adrenalina, ou a alegria propriamente dita, e a tensão, o medo propriamente dito. E quem é que quer deixar o parque de diversões no final do dia? Ninguém. Mas e quanto ao mundo, quem quer sair dele? Mas que grande bobagem! Isso nunca acontece na vida! Pelo menos é o que pensamos...
–Senhor Gold, por favor, acho que sei o que está fazendo aqui, o que o senhor quer comigo. Eu não o conheço, mas estou aqui. Estou pronta pra aceitar o meu destino. Não há razão para tamanha crueldade. Vamos conversar, eu e você, você e eu, e vamos deixar a Regina fora disso.- Dizia Emma, respirando pausadamente, tentando acalmar seu coração que batia acelerado.
Quem conseguiu a deixar calma foi a própria Regina, também a razão do seu quase infarto. Ela a olhava de uma maneira como quem diz: "vai ficar tudo bem, eu prometo, Srta.Swan."
Gold soltou uma risada maquiavélica, a qual Emma não soube dizer exatamente o que significava.
–Ora, ora, o quanto engraçado é isso, não é? Por que todos aqui temos assuntos pendentes, nós três. E o melhor de tudo é que você não sabe o quanto Regina está envolvida nisso tudo.
Obviamente que Regina estava envolvida, era ela que estava com uma arma apontada para a sua cabeça. Mas o superpoder de Emma falou mais alto, dizendo-lhe que aquela risada tinha algo a esconder. Um passado, um presente, e, se a poeira não baixasse, um muito improvável futuro.
–Tem razão, Gold, então por que você simplesmente não se acalma e conversamos sobre todos os crimes que cada um aqui já cometeu, antes que você se precipite e outro desastre aconteça? Será que eu realmente sou a criminosa por ser judia?- falava ela, enquanto a comandante permanecia imóvel.
Gold soltou a morena, que soltou um prolongado suspiro quando pode encher seus pulmões completamente de ar novamente, sem ter que se preocupar com o possível deslize do gatilho se ela fizesse qualquer movimento brusco.
–Veja bem, estou pouco me lixando pro fato de você ser mais uma judiazinha. Mas o que eu realmente ligo é que ninguém descumpre acordos comigo, como a Regina bem sabe. E acontece, senhorita Swan, que a sua queridinha não cumpriu a parte dela no nosso acordo...
–Regina, você fez a burrice de fazer um acordo com esse homem?- Falou Emma, começando a aborrecer-se.
–Senhorita Swan...- Gesticulou Gold.
–Me desculpe, senhor Gold, mas acho que isso é entre eu e a Regina.
–Gold, deixe-nos. Eu irei com você depois. É uma promessa.- falava Regina, ao passo que tentava entender a atual situação.
Ele o fez, rindo novamente, como se gostasse de observar aquela situação de conflito. Um homem muito peculiar, pensou Swan, que estava com a cabeça girando numa velocidade estupenda. Tinha medo, medo de verdade que ele a levasse. E isso estava trazendo a flor da pele os sentimentos mais extrínsecos.
Emma nunca havia sequer cogitado ferir uma mosca. Algo estava mudando dentro dela, e não podia ser para o bem. Ela havia ensinado a Regina a bondade novamente. No entanto, será que seria castigada com o peso da consciência da maldade? Será que a energia era realmente algo transitório, que podia passar de pessoa pra pessoa?
–Emma...- Continuou a morena, muito calmamente, antes de ser interrompida pela ira de Swan.
–Antes de você começar a falar, Regina, eu quero deixar dito isso: é bom que tudo fique muito claro para mim, porque nesse momento eu estou sentindo que não conheço nada de você e muito menos dessa situação.- Podia-se ver uma pequena vermelhidão nos olhos dela, encarando profundamente os olhos castanhos de Regina.
–Emma, eu não vou mentir, porque afinal o que tivemos foi verdadeiro, e por isso não posso deixar tudo como está. Apesar de que seria perfeito o mundo voltar meia hora atrás e que o tempo permanecesse parado eternamente... Eu não tinha razão para aproveitar a minha vida até conhecer você. Eu cogitei suicídio muitas vezes. O que me manteve viva foi ver a dor das outras pessoas ser maior do que a minha. O Gold me ajudou com os meus planos muitas vezes, mas eu não sabia o que ele queria exatamente, só que aquilo me daria a sensação de poder. Matei, torturei e senti prazer com isso. Não pensei nas consequências nos meus atos...- falava a morena, tentando simplificar o máximo possível.
A verdade era que ela queria deixa do passado exatamente onde ele estava: a caminho do esquecimento. Emma já não a olhava mais da mesma maneira do que antes, e isso fez com que Regina tivesse que olhar profundamente no seu passado. Aquela sensação de arrependimento era horrível, lembrar das pessoas que ela perdeu e das vidas que ela tirou também. Mas, principalmente, lembrar que ela não mais seria como antes.
–Regina, eu já lhe falei que o passado está no passado, mas quando diz a respeito do presente você não pode mais deixar tudo no esquecimento. Até agora, tudo o que você me disse foi das atrocidades que você fez e não vou fingir que não entendo porque eu entendo, você tinha o coração quebrado. Mas o aqui e agora não está acontecendo por causa de um coração quebrado, está? Eu pensei que eu tivesse começado a preencher ele novamente... Eu vi quem você pode ser, e não é essa pessoa que faz acordos com um assassino. Só que parece que isso não faz diferença, já que você ainda continua me escondendo tudo o que me diz respeito.- Emma explodiu nessa última frase.
Não há como negar que as duas estavam divididas. Ambas estavam sofrendo, mas de maneira diferentes. Era horrível para ela cogitar que tudo o que ela viveu nos últimos dias foi uma mentira, que ela não mais conhecia aquela mulher com quem compartilhou a mesma cama e o mesmo ar.
–Eu mudei, está bem? Eu mudei por você, Emma. Mas muito antes de te conhecer eu já havia feito o bem, por você, sem ao menos que soubesse.- Lágrimas escorriam do rosto de Regina, e sua voz se tornava rouca.
–Então você sabia? Você sabia o tempo todo, quem eu era, de onde eu vim? Foi você que fez com que eu quase morresse naquele gueto, que eu fosse em seguida deportada para cá como um animal, ser tratada como uma mercadoria ou como um rato mesmo? Me diga, Regina!!!!- Emma gritava sem parar. Ela já não era mais a mesma, assim como a comandante. A morena também perdeu o controle, e ela não mais podia aceitar a outra gritando com ela daquela maneira.
–Fui eu quem fiz com quem você não morresse, sua ingrata! Enquanto você estava na Inglaterra, eu protegia os seus pais com as unhas e dentes. O meu primeiro amor morreu enquanto eu tentava protegê-los, e você Emma, teve uma família que a amava, mesmo que distante! A minha família nunca me amou, a minha própria mãe foi a causadora da morte do meu amante e o meu pai o autor, e eu o matei por vingança pelo que ele fez. E quer saber? Eu gostei de ter feito isso. E o que mais lhe diz respeito e que deve fazer você se sentir ótima, é que o seu pai morreu em troca da sua vida. Ele morreu Emma, porque ele teve de mandá-la para longe, para que você sobrevivesse, enquanto ele e sua mãe sofriam aqui mesmo, nesse campo. E sabe o que mais? Eu que o mantive vivo por muito tempo, não a porcaria do amor. Amor é fraqueza, querida. O seu pai tinha uma doença. Foi horrível ver ele morrer, porque eu o ouvia falar em você todo santo dia, dizendo em como seria encontrar você novamente. Você não acha que doeu ver ele nunca realizar esse sonho? E a sua mãe? Agora, eu tento salvá-la, apesar de tudo e de todos, porque eu devo isso para ela. Eu fiz outro acordo com o Gold, será a minha vida pela dela.- o olhar de Emma tornou-se de puro pavor e suplicação.
–É a última coisa que posso fazer, porque não sei mais se o que temos aqui é amor, porque eu simplesmente não consigo respirar nem pensar enquanto você está por perto.
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No Amor e na Guerra
Fiksi SejarahEmma Swan e Regina Mills são duas mulheres que veem o seu futuro predestinado diante dos seus olhos. Depois de perderem os seus primeiros amores, a jovem judia exilada na Inglaterra e a médica alemã decidem traçar o seu próprio destino. As duas nunc...