A primeira coisa que se pensa, falando de campos de concentração, é em morte instantânea. Mas isso não é completamente verídico. Muitas pessoas não sabem do seu destino ao chegar a um lugar como este, mas elas acabam descobrindo a partir dos atos das pessoas. Sim, eles foram criados para o fim de extermínio, mas está pode ser lenta ou rápida. As câmaras de gás, por exemplo, são meios rápidos, mas horríveis. Até passar pela porta que leva ao seu interior, várias pessoas não têm ideia do que pode acontecer.
A vida se passa por um flashback de mais ou menos 30 minutos, as pessoas tentam escapar, mas isso não é possível, é um destino predestinado, muitas vezes injusto e cruel, mas que ocorre mesmo assim. Na vida fora dos campos, no cotidiano, por assim dizer, as pessoas optariam por uma forma como essa de morrer, rápida, mas sem esquecer da dor.
Há também as mortes que ocorrem depois de um longo período de muita luta, muitos dias de trabalho pesado. Aquela morte que se reflete nos olhos daqueles que partiram, que estavam convictos de que conseguiriam superar todas as dificuldades e voltar a ter uma vida comum um dia. É o momento em que o corpo não mais aguenta a pressão pela qual estamos passando, como se a nossa mente quisesse viver, enquanto não temos forças para isso.
A doutrina de Regina era simples: a vida, como um todo, tem seus altos e baixos. Temos forças dentro de nós que nos fazem querer viver intensamente, lutar pelo que é nosso e tentar fazer o bem comum acima de tudo. Mas o mundo, muitas vezes, rouba todas as nossas energias. Fazemos coisas horríveis para tentar sentir aquela boa sensação novamente, entramos em desespero, agimos sem pensar e acabamos por nos deixar levar.
De que adianta lutar se o mundo é horrível? Ou de que adianta o resto do mundo, se podemos ser felizes apenas com uma pessoa, com um sentimento, com um simples gesto? Deixar Emma foi a pior coisa que ela já poderia ter cogitado. O mundo sugou tudo de bom que ela tinha, mas ela estava fazendo o bem também.
A sua consciência estava confusa, sem saber ao certo o que fazer. Acalmava-a lembrar dos toques de Emma, do suor que fez com que elas conquistassem o que queriam e do amor que tinha quebrado tantas barreiras. Mas até onde vai o amor? Se não fosse por ele, talvez ela ainda estaria no seu quarto, como se nada tivesse acontecido. Talvez até esquecer todo o sofrimento que causou, afinal.
A vontade mesmo que Regina tinha era de se matar, sem dúvida alguma. Mas isso seria ridículo visto que foram várias pessoas que a tornaram quem ela é. Sua mãe a tornou uma dama, a ajudou a construir seu caráter, lhe mostrou a paixão por cuidar das pessoas e como prolongar a vida. Mas ela também tirou muitas vidas, criou o passageiro sombrio de Regina e a estimulou a alimentá-lo.
Seu pai? Nem se fala! Aquele tipo de pessoa que dá pra jurar que é boa, mas no fundo é de uma índole e maldade pior do que um dia pudesse imaginar. Ou Gold, que deu a ela as peças e o cominho para o seu lado sombrio. Regina tentava apagar o que ele a ensinou com muita força de vontade, mas era impossível esquecer. Ela se lembrava, todos os dias, daquele dia em que a neve caía fina e gélida, em que ela chegou a Storybrooke pela primeira vez com o intuito de melhorar sua profissão, tentar mudar um pouco o seu destino...
–Ora, ora, mas que belo projeto de futuro temos aqui!- Dizia ele, apesar de Regina pouco ligar. Ela evitava de conversar com os nazistas, sua índole era melhor, com certeza, o que a levava à boa postura.
–Obrigada, senhor..?- Replicou ela.
–Gold, comandante Regina. Veja bem, o seu futuro pode ser grandioso, se me deixar ajudar. Você pode ser muito mais do que uma doutora, sabia?- Percebendo o desinteresse da comandante, apesar dela não saber como ele a conhecia, Gold continuou com seus truques.
–Eu posso ajudá-la a esquecer do passado, torná-la grande, assim como seu pai era. Mas sabemos que ele não cumpriu a função dele com muito sucesso, já que você, queridinha, sem ao menos saber, destruiu tudo que ele construiu.- Falou Gold, fazendo um gesto com as mãos.
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No Amor e na Guerra
Fiction HistoriqueEmma Swan e Regina Mills são duas mulheres que veem o seu futuro predestinado diante dos seus olhos. Depois de perderem os seus primeiros amores, a jovem judia exilada na Inglaterra e a médica alemã decidem traçar o seu próprio destino. As duas nunc...