Capítulo 9- Como se fosse a primeira vez

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Emma estava vermelha, tentando extravasar seus sentimentos mais extrínsecos apertando as palmas das mãos. Dá para imaginar o quanto é apavorante estar em uma situação como àquela. Regina não tentava apagar nenhuma palavra que ela tinha dito, não se arrependia de nada da última frase, pelo incrível que pareça. Mas, ao refletir mais fundo, não é assim que as pessoas agem em momentos de fúria, impulsivamente?

Talvez fosse melhor parar de lutar contra a passageira sombria dentro dela, deixar a escuridão tomar conta de seu coração de uma vez. Mas o que fazer quando já havia alguém lá? Parar de lutar não adiantaria nada, só faria com que Regina permanecesse em seu coração por mais tempo.

Mas o futuro era incerto, no entanto, porque dizem que aqueles que amamos e dizemos adeus são os que mais ganham espaço nesse melancólico órgão, que, invés de somente bater e nos deixar vivos, como é a sua função, resolve nos fazer sentir dor, saudade, raiva e os sentimentos mais profundos quando libera ocitocina. Ninguém falou que a vida era fácil, muito menos vivê-la de uma maneira equilibrada.

Swan estava cada vez mais perto de pular no pescoço de Regina. O que estava acontecendo com ela era simplesmente um devaneio muito bem planejado pela sua mente, que a dominava cada vez mais. A pura essência estava indo embora. Talvez ela tivesse voltado a ser aquela garota que bateu em Roland até sangrar há muitos anos, que foi consumida pela raiva por Zelena e pelo mundo também, que a tirou Ruby.

–Você está insinuando que a responsável pela morte do meu pai fui eu, Regina?- Falou ela, com um olhar um tanto melancólico. Podia-se ver a vermelhidão de seus olhos aumentando cada vez mais ao passo que ela encarava a comandante mais profundamente.

–Não. Eu estou dizendo que ele morreu por você e parece que nem sequer se importa com isso. Você esqueceu há muito tempo, sem nem ao menos perceber! Se lembra da imagem nítida do seu pai, Emma? Porque eu me lembro! Você é uma mentira. Todo esse papo de que não liga para a maldade, que é capaz de perdoar e também de seguir em frente... Me diga, Srta.Swan, se eu sou perdoável ou só mais uma memória. - Nesta última frase, Regina articulou bem com o fim de provocação. Era como se ela quisesse que Emma duvidasse de quem ela era. A loira não se controlou mais, não havia mais meio para isso.

–Acha que eu não passo um dia sequer pensando em como tudo o que eu vivi depois da minha partida foi uma mentira? Acha que eu não lembrava deles, das suas vozes, todas as noites? É porque você nunca teve isso, não é Regina? Você só teve mordomias toda a sua vida, sem saber como era ser amada! É uma puta mimada, isso sim! Me responda, sua nazista!- Quando Emma pode perceber, Regina estava sem os pés encostados no chão, e as suas mãos estavam estrangulando seu pescoço. Suas veias e artérias saltavam da pele, quando como se o sangue que corria nelas pulsasse, querendo sair. A morena revidou, puxando os braços de Emma com toda a força possível. As duas cambalearam e caíram no chão. Regina só tentava segurar Emma de todas as maneiras possíveis... Não reconhecia aquele lado dela, ou melhor, a pessoa que estava a atacando.

–Então você sabe como é ser amada muito bem, não é Emma? Ou uma bomba destruiu ela? Não sei exatamente.- Agora sim, o mundo se perdeu. Regina perdeu o controle, conseguiu desprender as mãos de Emma do seu pescoço, percebeu que seus braços estavam sangrando pelos arranhões. Mas Swan a segurou por trás, pressionando o seu tórax e dificultando a sua respiração. Já estava ofegante por causa da adrenalina e pela força que estava fazendo para se defender, mas agora seus pulmões não conseguiam se encher de ar de maneira alguma.

–Espero mesmo que a minha mãe tenha sido aquela que denunciou o seu amor, Regina... Que você pudesse ter visto toda a vida de vocês juntos escorrer pelos olhos dele enquanto você ficava encharcada com todo aquele sangue. A partir daquele dia, você só sujou a suas mãos com mais, não é?- respondeu Emma, que logo ficou sem ar também, resultante da tremenda força que seus braços faziam nas costelas de Regina. Era maior que ela, e mesmo que com um pior porte físico naquele momento, viu que a comandante estava se entregando.

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