Point Of View Katherine Williams
Eu ouvia vozes falando sobre meu estado, mas era difícil decifrar, como se fosse criptografado igual arquivos da internet.
Às vezes eu caia no sono, se é que posso chamar assim. O estado que me encontrava agora era triste, como se eu estivesse vegetativa; eu queria me levantar, queria dizer ao Daniel que descobri quem matou meus pais, mas talvez ele já soubesse. Queria dizer o quanto eu o amo, o quanto amo Anne.
Anne.
Senti uma dor aguda, acho que era meu coração. Se algo acontecesse à minha melhor amiga, eu jamais me perdoaria.
Havia sido minha culpa.
Será que ela estava bem?
Minha mente foi se acalmando, devagar, de todos os pensamentos ruins e foi dando lugar para os bons. Justin estava neles. Meu coração acelerou.
O que estava acontecendo?
O cansaço foi dando lugar a todos os pensamentos confusos e voltei para a escuridão novamente.
[...]
Uma luz branca apareceu na minha visão e eu fechei meus olhos, rapidamente. Os abri de novo, assustada.
Eu voltei a enxergar?
Movi, lentamente, minha mão direita; doía, mas eu conseguia vê-la e mexê-la. Eu gritava de felicidade por dentro.
Quanto tempo eu fiquei desacordada?
Olhei ao redor. As paredes estavam pintadas de um amarelo descascado e todos os móveis eram brancos. Um botão vermelho tinha a palavra "Nurse" em branco, o apertei, fazendo um barulho irritante. Minha cabeça latejava.
Uma moça com o olhar tranquilo e uniforme azul entrou, segurando uma prancheta. Seu olhar era acolhedor.
— Finalmente acordou! – Seu olhar era apreensivo e analisava cada detalhe meu.
Que porra, não tem mais para onde olhar não?!
— Quanto tempo fiquei inconsciente? – Perguntei, rude. Eu só queria a minha cama e o colo dos meus melhores amigos.
— Três semanas, mocinha. – Olhou sua prancheta e seus olhos voltaram para mim. – Sem nenhuma sequela, apenas alguns ferimentos superficiais. Diria que você tem muita sorte, o acidente foi horrível e poucas pessoas sobreviveriam a isso. Você é uma guerreira. – Sorriu e foi checar o soro em meu braço.
Eu era uma guerreira.
Meus pais morreram e eu ainda estou viva e feliz.
Talvez vazia, mas sempre com um sorriso no rosto.
Será que o significado da felicidade era forçar um sorriso por todos aqueles que eu amo?
Três semanas. Três semanas vegetando em uma cama de hospital. Isso era deprimente. Era tudo culpa minha, tudo culpa de Grace e Robert, eu não queria essa vida, não queria isso para mim!
Eu não queria machucar as pessoas que eu mais amava.
— Uma menina chegou comigo. Seu nome é Anne Marie Bencker. – Meus dentes tremiam e calafrios surgiram. Acho que era nervosismo, ou talvez o frio.
— A menina Anne? – A enfermeira sorriu. Quanta felicidade. – Ela fez uma cirurgia complicada, pois teve um pulmão perfurado, mas passa bem. Mais tarde, virá alguém para alimentá-la, como ficou muito tempo sem ingerir qualquer alimento, sua garganta irá reclamar ou até rejeitar, mas com o tempo, volta ao normal. – Sorriu e saiu do quarto.
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Fate or Chance [J.B.]
FanfictionSua vida sempre foi uma mentira. Jantares com o governador, sorrisos para todos, sempre para esconder a verdadeira identidade dos Williams: os chefes do crime. Inimigos causam terríveis acidentes; uma inexperiente sobe ao trono, mas será que ela...