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- Mas que porra você tem na cabeça?! - Anne praticamente gritou, enquanto dirigia até o apartamento de seus pais, ao leste de Atlanta.

- Eu tava confusa, Anne. Eu não sei o que pensar; ele é lindo e sabe brincar comigo. - Coloquei as mãos na cabeça, eu não sabia mais o que estava fazendo com a minha vida.

- Você não pode sair transando com seu inimigo como se vocês fossem ter uma linda noite de amor. Isso não existe. - Ela parou no sinal vermelho.

Eram 3 da manhã e não tinha mais ninguém nas avenidas, fora as boates, que a essa hora ainda bombavam.

Três Hilux, apareceram atrás de nós, de repente. Senti um aperto no coração, algo de ruim estava para acontecer.

- Você sabe atirar? - Perguntei à Anne, olhando a todo instante para trás.

- Sim, seu pai nos ensinou. Por que?

- Não se desespere. Têm três carros no seguindo. Me dê o volante e atinja na roda de cada um. - Seus olhos se arregalaram e eu dei um tapa em sua cabeça, de leve, para que acordasse do choque.

Ou ela acordava ou a gente morreria. Não havia tempo para frescura ou sentir medo.

Troquei de lugar com Anne e acelerei. Uma Range Rover não corria tanto, mas acho que estaria boa o suficiente para uma Hilux.

Anne abaixou o vidro e conseguiu atirar na roda da Hilux que se encontrava no meio, a mais perto de nós. Dois tiros foram perdidos acertando seus vidros, que não sofreram nenhum dano por serem blindados.

Acelerei mais, atingindo quase os 200 km/hr. Não conseguia ver nada, apenas rastros de luz da cidade. Olhei para o lado, para Anne, e a última coisa que vi foram suas mãos trêmulas tentando atirar e um carro aparecendo da rua ao lado, de repente.

Talvez existam estrelas boas e ruins. As boas, vão para alguma dimensão, onde exista o tão aclamado paraíso, as estrelas ruins, são condenadas a viverem em um vácuo, vivendo na escuridão pelo infinito.

Abri meus olhos, mas logo os fechei novamente. A luz era muito forte e eu não conseguia deixá-los abertos. Ouvia vozes ao fundo, mas não conseguia distinguí-las, a dor de cabeça era demais. A escuridão me puxava de volta e eu não conseguia mais me segurar, voltei para onde quer que fosse.

Point Of View Justin Bieber

Acordei com alguns gritos vindos do andar de baixo e logo me levantei, fazendo minha higiene matinal. Tudo estava indo perfeitamente bem, fazia uma semana e sem ameaça alguma de Daniel ou Katherine. Mas tudo estava quieto demais e começaria a desmoronar.

A porta do quarto foi aberta e gritos masculinos foram ecoando por todos os cantos.

— Porra, mano! Vocês sabiam que existe privacidade? - Exclamei. Não eram nem 10 horas da manhã e esses infelizes conseguiram me deixar puto.

— Não existe privacidade quando sua protegida - Apontou para Danielle.- aprontou sem ter nos avisado. - Para Ryan usar aquele tom, as coisas estavam sérias.

— O que ela fez? - Perguntei, fazendo pouco caso. Se Danielle fez alguma coisa, foi para o nosso bem. Eu confiava nela de olhos fechados.

— Te daremos uma semana para descobrir com seus próprios olhos, dude. Caso não descubra, a Danielle está fora. - Ryan disse isso e saiu, acompanhado de todos os outros, menos Charles.

— Uma dica: procure no Los Angeles Grace Hospital. Por mais que ela não fosse nossa aliada, ela nunca nos fez mal. - Disse e saiu.

Ué, mas ele estava falando de quem?

Deduzi que Danielle deixou alguém em um grave situação médica, mas quem? Ela não poderia mexer com Daniel e nem com as protegidas dele. Isso eu deixaria para resolver depois, já que não me importo tanto.

Mas o que me incomoda é saber que eu ainda não sei o paradeiro de Caitlin. Era a primeira vez que ela passava a perna em nós, e confesso que não esperava isso. Já nos amamos, tivemos uma história e eu trabalhava junto de seu irmão, ou seja, ela traiu sangue de seu sangue por poder, nada seria mais vergonhoso e sem caráter do que isso.

Hoje teríamos uma grande carga de drogas e armamentos para pegarmos ao lado da fronteira e eu não deixaria um mandado qualquer ir buscar. As armas eram caras e novas no mercado, tudo com a famosa qualidade do Bieber.

Desci as escadas, já pronto para acertar os últimos pontos do carregamento com os meninos, mas fui surpreendido por Caitlin, sendo segurada por dois seguranças, em frente à grande porta de madeira da mansão.

— Ora, ora, se não é nossa pequena traidora. - Passei a mão por seus cabelos, os bagunçando.

Caitlin havia sido meu amor do ensino médio, mas claro, não o único.

— Bieber, você não entende o que fiz porque nunca amou alguém, nem a mim, nem a Alexia. Você jamais sentirá o que eu sinto por Daniel. - Cheguei bem perto dela e dei um soco em sua boca. Falar sobre Alexia era um assunto complicado demais para mim. - Sabe por quê, Justin? - Sorriu, com os dentes cheios de sangue à mostra. - Porque você jamais será amado na mesma intensidade, você e Katherine são feitos um para o outro, ela é a munição da sua arma, os dois são uma bomba prestes a explodir e o poder que querem ter sempre será mais forte que os sentimentos. - Disse isso e caiu no chão de joelhos.

Estava claro que ela não comia há dias, sua voz era falha e suas mãos tremiam.

Mas por que Diabos ela falava que eu era perfeito para Katherine?

O amor no mundo em que vivo gira em torno do desejo carnal, nada mais que sexo. Já fui diferente, já amei e fui amado, mas as circunstâncias mudam e precisamos mudar com elas.

— Levem-na para o quarto dos fundos, deem comida e não façam mais nada. Se eu souber que encostaram nela, eu garanto que a família de vocês receberá o mesmo tipo de cuidado, ou até pior, pense bem. - Sorri irônico e saí andando, indo para meu escritório.

Apesar de eu ser um filho da puta rancoroso, Caitlin participava de um passado sincero e relaticamente feliz, eu ainda sentia um carinho por ela, mas bastaria mais um vacilo e ela iria para o inferno.

Christian ainda continuava preso, a audiência para definição de fiança iria ser na próxima semana, o que fodia era que ele foi pego em flagrante, mas dinheiro não era problema.

— Era a Caitlin ou era impressão minha? - Danielle abriu a boca.

— Sim, e eu não quero ninguém perto dela. Vocês são moles demais e cairiam fácil na lábia dela. Caitlin sabe muito bem usar nosso passado pra nos atingir e eu não quero isso. - Sentei em minha cadeira e enrolei a maconha no papel de seda, tragando em seguida.

— Você só fala isso, porque ainda ama Alexia, mas sabe que sua atração pela Katherine é forte, você tem medo que ela descubra sobre sua verdadeira identidade, Bieber. Você tem medo de que ela possa te destruir igual Alexia fez. - Chaz soltou.

Mas que porra era aquela?! Eles estavam mesmo insinuando que eu poderia ter um relacionamento amoroso com Katherine?

— Ninguém nunca me destruiu, eu sou Justin Bieber. Não é uma vadia qualquer como a Alexia que vai ressurgir do inferno e me assombrar.

— Mas temos uma vadia que está disposta a isso. - Ryan soltou, rindo.

Comecei a rir junto, talvez seja o efeito da maconha. Ou como dizem, as pessoas que riem em qualquer momento, de qualquer coisa, são vazias por dentro.

Talvez eu seja vazio mesmo.

Mas qual vazio não é preenchido com bebidas, drogas e putas?

Fate or Chance [J.B.]Onde histórias criam vida. Descubra agora