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A conversa sobre a máfia fluía com meu tio. Era bom encontrar alguém para desabafar além de Daniel e Anne. Eles não eram obrigados a ouvirem meus problemas.

— Não acho que devemos matar os Biebers, tio. Devemos deixá-los miseráveis, roubar todas as cargas, aliados e capangas que tiverem, mas que eles estejam vivos e de olhos bem abertos para o triunfo que iremos ter. – Sorri, vitoriosa.

— Sua ideia é boa, mas como pretender fazer isso, Kath? – Sorriu, caloroso.

De alguma forma, me sentia em casa com sua presença.

O cheirinho doce dos bolinhos de chuva e café de minha mãe, em uma tarde chuvosa e papai em seu escritório. De alguma forma, tudo aquilo sempre fez parte da minha vida e sempre seriam lembranças boas e felizes.

— Não é assunto para agora, tio. Minha maior preocupação, no momento, é encontrar quem provocou meu acidente. – Meus olhos azuis estavam furiosos, consequentemente, mais escuros. – Quem fizer, pagará caro, tio.

— Você não acha que tenha sido o Justin? – Perguntou, estudando minhas reações.

Justin era um assunto complicado. Quando tocavam em seu nome, eu me sentia diferente, de certa forma; era como se algo dentro de mim queimasse, como se eu pudesse me sentir, ao mesmo tempo, feliz e protegida. Era, claramente, tudo uma ilusão.

Não respondi, apenas continuamos conversando e dando risada de suas piadas sem graças. Alguns minutos depois, fomos interrompidos pela porta branca do quarto de hospital sendo aberta e um Daniel sorridente entrando.

Eu sorri instantaneamente. Daniel me abraçou forte e me aconcheguei em seu abraço, fazendo do seu colo, minha morada.

— Nunca mais me assuste assim, meu amor – Seu lábios foram de encontro à minha bochecha e um beijo terno foi depositado lá.

Seus olhos pararam em Gregori e nada mais foi dito, eles apenas se abraçaram e um sorriso contagiante pairava no rosto dos dois.

Querendo ou não, essa era minha nova família. Eu me sentia feliz em tê-la.

Eu amava o jeito bondoso e ao mesmo tempo grosseiro de Anne, sua amizade leal; amava Daniel e nossa amizade colorida, amava como seu maxilar trincava quando ele estava nervoso. Amava até o tio Gregori, suas lembranças boas de uma época inocente.

— Não sabia que você darias as caras tão cedo para Katherine. – Eles conversavam como se eu nem estivesse aqui.

— Eu preferi contar logo, quanto mais aliados estiverem ao nosso lado, melhor. A máfia russa está querendo expandir e obviamente – Olhou para mim, terno – Virá atrás da nossa garotinha.

Então eles já se conheciam?

— Vocês já vinham se falando há muito tempo? – Perguntei, insatisfeita.

Por que Daniel tinha que me esconder tantas coisas?

— Nos falamos no dia do enterro de seus pais. Daniel queria saber onde você se escondeu, então mandei alguns capangas meus de confiança te procurarem pela cidade. – Gregori esclareceu.

— Eu não queria ser encontrada. – Franzo o nariz em sinal de desgosto.

Anne e mais alguns caras haviam me encontrado aquele dia, eu só queria ter um tempo para assimilar tudo, mas parecia que ninguém entendia isso.

— Era preciso, Kath, quanto mais cedo terminaríamos seu treinamento, mais cedo teriamos sua vingança. – Daniel sorriu.

— Gregori não sabe muito sobre o que aconteceu nessas três semanas que fiquei em coma, poderia me explicar? – Fui rude. Algo me dizia que nesse tempo que fiquei desacordada coisas boas não aconteceram.

Fate or Chance [J.B.]Onde histórias criam vida. Descubra agora