Capítulo 12

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     Desembarcamos no aeroporto de Miami e eu engoli em seco sendo golpeada por várias lembranças (tanto boas quanto ruins). Durante a viagem eu evitei pensar que em algumas horas voltaria para o lugar onde cresci, onde fui tão feliz e onde conheci o inferno.

Ao meu lado Alex carregava um Gabe sonolento e eu sorri agradecida. Não conseguiria fazer aquilo sem ele.

Pegamos nossas mochilas (porque não pretendíamos ficar muito tempo ali) e entramos no primeiro táxi que parou para nós. A noite estava caindo então eu fui para o lugar mais indicado.

-Tamy?!

Tia Mirian me encarava com os olhos arregalados, e as duas esferas azuis esverdeadas migravam de mim para Alex que carregava o meu filho. Sua expressão de espanto seria cômica se não fosse trágica. Foram muitos anos sem vê-la e quando dei por mim já estava nos seus braços chorando copiosamente.

-Oi tia. –Murmurei contra o seu pescoço.

Ela me apertava com força nos seus braços rindo e chorando ao mesmo tempo.

-Ah meu Deus, entrem. Pode entrar. –Falou se afastando de mim e enxugando as lágrimas. Seu olhar caiu sobre o pequeno adormecido nos braços de Alex e um sorriso surgiu nos seus lábios. –Ah meu Deus, esse é...

-É o meu filho. –Falei orgulhosa. –Ele não está acostumado a viajar então acabou capotando.

Ela anuiu sorrindo e nos levou até a sua sala. Nos sentamos no sofá vermelho em forma de L e ela sentou em uma cadeira de balanço, ficando de frente para nós. Respirei fundo sabendo que teria muito o que explicar.

-Tia, esse é o Alex. Alex, essa é a minha tia de coração. –Fiz as apresentações.

Minha tia olhou bem para Alex com a boca aberta anuindo sutilmente com a cabeça (por Deus que o meu tio não ficasse sabendo daquilo). Ele sorriu para ela e ela ofegou.

-Garota, onde você arranjou esse Adônis? –Perguntou olhando fixamente pra ele.

Arregalei os olhos sentindo as bochechas queimarem.

-Tia! –A repreendi.

-Desculpa meu amor mas... olha pra ele! –Ela cruzou as pernas e apoiou o cotovelo no joelho e sorriu para Alex. –Tem mais de onde você veio ou é uma peça única?

Ai, caramba. Comecei a pensar que talvez a casa de Sindy fosse uma melhor opção quando minha tia caiu na gargalhada.

-Tô brincando querido. Eu sou muito bem casada. –Ela tranquilizou fazendo um gesto com a mão. –É um prazer te conhecer.

Que um buraco se abrisse no chão e me engolisse. Olhei constrangida para Alex e o filho da mãe sorria achando graça daquilo. Demorei um pouco o olhar nele. Aquela era uma bela visão. Alex sorrindo e segurando meu filho adormecido nos braços.

-O prazer é meu Mirian. –Ele falou sorrindo.

Minha tia se remexeu na cadeira.

-Uhh, não me chamou de senhora. Já gostei de você.

Rolei os olhos. Ás vezes eu desconfiava da existência de parafusos na cabeça de Tia Mirian.

-Tia. -Chamei e ela me encarou. –Eu preciso de um favor.

****

-Sua tia é engraçada. –Alex comentou colocando Gabe deitado no centro da cama.

-Muito engraçada. –Rolei os olhos.

Depois de explicar o resumo do motivo que tinha me levado de volta a Miami eu pedi abrigo à minha tia (Sindy e Mel tinham suas crianças e eu não queria incomodar), que caridosamente cedeu um quarto para nós. Agora estávamos arrumando nossas coisas para deitarmos já que o cansaço da viagem tinha batido. Na manhã seguinte iríamos para a casa dos nossos pais e depois voltaríamos para Boston.

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