Capítulo 8

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Minhas mãos suavam enquanto eu trambolicava os dedos na minha barriga à espera da doutora. Fiquei em pânico quando disseram que um homem me examinaria, tanto que quase desmaiei na recepção do hospital. Depois disso eu fui transferida para a doutora Channing. Uma senhora de cinquenta anos com óculos fundo de garrafa. Gostei dela logo de cara.

- Bom dia mamãe! -Falou entrando na sala sorrindo para mim. -Vamos ver como está esse bebê?

Somente sorri em resposta e olhei atentamente casa movimento que ela fazia. Desde espalhar aquele negócio frio na minha barriga até ligar alguns aparelhos aqui e acolá.

-Humm, aqui diz que você só foi a uma consulta e isso foi há cinco meses. -Falou com um olhar de repreensão apontando para a prancheta.

Encolhi os ombros sentindo minhas bochechas esquentarem. Eu não sabia que precisava ficar indo direto ao médico, por isso fui só uma vez para saber da saúde do bebê. Eu também não queria passar por aquilo de novo sozinha então depois que a doutora me receitou algumas vitaminas de pré natal eu nunca mais fui.

-Foram meses difíceis. -Murmurei suspirando.

Ela estreitou os olhos amendoados para mim e ajeitou os óculos no lugar.

-Ok então. -Pegou o aparelho e começou a passar na minha barriga. Levou alguns segundos até ouvirmos o coraçãozinho do bebê. -Ah! Olha ele ali. -Apontou para a tela.

Meus olhos arderam cheios de lágrimas e eu puxei o ar surpresa. Aquilo não se parecia nada com o borrãozinho que eu tinha visto cinco meses atrás.

-Está tão grande. - Falei emocionada.

O bebê se mexeu e eu ri junto com a doutora.

-Meus parabéns mãe. Você vai ter um garotinho bem forte e sapeca. Olha! -Falou surpresa quando ele chutou forte a minha barriga.

É indescritível o que eu senti naquele momento. Foi como se o meu peito se enchesse de um amor materno que eu bem sabia que tinha. Claro, eu amava o meu bebê antes, mas ali vendo ele... acho que passei a ama-lo mais.

A doutora Channing me liberou para ir me limpar e quando voltei ela digitava algo no computador.

-Qual vai ser o nome dele? -Questionou sem se virar.

Olhei a imagem congelada na tela e um sorriso apareceu nos meus lábios. Meu garotinho. Ele não seria como o seu doador de esperma vindo direto do inferno. Seria o meu anjo.

-Ele vai se chamar Gabriel. Gabriel Castro.

********

Naquela noite eu dormi acariciando meus lábios. Nunca pensei que pudesse sentir aquilo só com um roçar de lábios. Eu estava... queimando. Mas de um jeito bom. Era como se um formigamento gostoso estivesse envolvendo todo o meu corpo. Meu coração acelerava cada vez que eu me pegava lembrando do que tinha acontecido na varanda da minha casa.

Aquilo estava me preocupando. Se um homem era capaz de fazer o meu coração acelerar com apenas um roçar de lábios... Não! Eu não podia me apaixonar. Tinha mantido meu coração trancado a mil chaves ao longo daqueles dois anos, e só bastou Alex chegar com seus olhos azuis incríveis, seu jeito protetor e... Agh! Eu já estava até colocando adjetivos nele. Aquilo não podia acontecer. Mas algo dentro de mim me dizia que não ia adiantar fugir.

Eu não tinha saída.

Na noite seguinte quando cheguei na academia não tinha ninguém lá. Só Alex sentado em uma cadeira olhando fixamente para mim.

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