Capítulo 17

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Um mês depois...

     As coisas estavam incríveis naqueles últimos meses. Desde eu Alex entrou na minha vida eu me sentia tão feliz, tão leve, tão... amada. Era fato, aquele homem tinha me salvado da escuridão.

     Comecei a trabalhar no Bistrô naquele últimos mês e graças a Deus as coisas estavam indo maravilhosamente bem. O Sr. e a Sra. Leroy se afeiçoaram a mim tão rápido que eu já estava trabalhando como membro oficial da cozinha deles. Nas horas vagas Alex e eu estávamos sempre juntos, eu conversava com frequência com a minha mãe e o pessoal de Miami (inclusive Mel e Tom que estavam marcando de irem a Boston só pra conhecer o homem que me “desencalhou”). Tudo estava finalmente dando certo pra mim. Mas é como dizem não é? Quando a esmola é muito o santo desconfia.

     Eu devia ter desconfiado mais.

     Era só mais um dia de trabalho. Alex tinha me buscado no trabalho e fomos juntos para a academia. De lá iríamos pra casa onde eu tinha uma torta de biscoito de chocolate com morangos esperava por nós. Nosso plano era nos esbaldarmos naquela guloseima e depois fazer amor até que nenhum de nós dois tivesse força pra se mover.

     Mas não foi o que aconteceu.

     Tive um pressentimento ruim assim que coloquei a chave na fechadura e percebi que a porta estava aberta. Lin sempre deixava trancada. Abri a porta e entrei em estado de choque com o que vi.

     A casa estava uma bagunça. Não tinha nada quebrado mas parecia que tinha passado um furacão por ali. Alex passou na minha frente com todo o seu corpo em alerta.

     -Fica aqui. –Pediu se movendo para a cozinha.

     Mas foi como se não tivesse dito nada porque eu corri escada acima com o coração batendo na garganta. Meu filho! Pensava enquanto ia direto para o quarto de Gabe.

     Ao chegar lá eu tive que me apoiar no batente da porta pra não desabar no chão. O quarto estava revirado e Lin estava no centro dele jogada no chão. Corri até ela ás lágrimas e me ajoelhei ao seu lado.

     Por favor esteja viva!

     O aperto no meu peito se desfez um pouco quando vi que respirava e tinha apenas um hematoma na testa ao redor de um corte de onde saía uma fina linha de sangue seco. A sacudi de leve chamando seu nome mas só obtive um gemido de dor em troca. Percebi um papel amassado na sua mão e não pensei duas vezes em pega-lo.

     Ao ler o conteúdo eu senti meu estômago revirar e a vista ficar nublada de lágrimas. A histeria dando as mãos ao pânico e eu me curvei no chão soltando um urro que feriu a minha garganta.

     Meu filho! Levaram meu filho! Pensei me erguendo e sentindo o coração se desintegrar. Meu bebê. Aquele maldito levou o meu bebezinho.

     Senti os braços fortes de Alex me ampararem enquanto eu me desfazia em uma crise violenta de choro. Por que aquilo tinha que acontecer? Por que sempre que eu estava tão perto da felicidade, que quase conseguia toca-la, eu era arrastada para longe sem dó nem piedade? Eu não merecia ser feliz? Não merecia ter uma vida normal ao lado do meu filho e do homem que amava? Era pedir demais?

     -Deixa eu ver isso. –Ele pediu suavemente tirando o papel (agora mais amassado ainda) da minha mão.

     Enquanto ele lia eu me afogava em lágrimas no seu pescoço.

     -Foi ele. –Minhas palavras soavam incoerente por causa do choro e eu funguei. –Ele levou meu filho.

     Jesus, falar aquelas palavras em voz alta era como cravar uma lâmina quente na minha traqueia. Doía demais, a ponto de me sufocar.

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