Capítulo 5

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      Sentada na sala de espera da clínica eu abraçava a minha barriga e evitava pensar no quão errado aquilo parecia

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      Sentada na sala de espera da clínica eu abraçava a minha barriga e evitava pensar no quão errado aquilo parecia.

-Acredite em mim bebê, eu estou fazendo um bem para nós dois. -Falei baixinho apesar de estar sozinha ali. - Você não ia gostar do mundo aqui fora. É tão frio e perigoso.

Ficar encolhida em posição fetal na cadeira conversando com o bebê me acalmou. Eu tentava miseravelmente não me considerar um monstro por fazer o que eu estava prestes a fazer.

-Não me leva a mal bebê, mas eu não seria uma boa mãe. Eu não ia poder cuidar de você como você merece. -Continuei. -Talvez no céu você encobre alguma mulher bondosa que não teve a chance de ter filhos. Ela cuidaria bem de você e te amaria pra sempre.

Senti algo dentro de mim se condoer e continuei.

-Eu te amaria. -Sussurrei. -Mas não é o momento certo para você vir.

Foi quando a doutora chamou o meu nome e abriu a porta me dando passagem. Levantei da cadeira, dei dois passos na sua direção e travei. Um pico de consciência bateu em mim e eu olhei para ela como se estivesse olhando um monstro. Cambaleei quando comecei a me afastar e corri na direção da saída abraçando a minha barriga em um gesto protetor enquanto lágrimas escorriam livremente pelo meu rosto. Deus, o que eu ia fazer? Eu ia tirar uma vida! Ia tirar a vida do meu filho! Um pedaço de mim! Me senti o pior dos seres humanos.

Passei correndo por uma multidão de protestantes e eles aplaudiram gritando que eu tinha feito a coisa certa ao sair correndo de lá e que tudo daria certo. Essas foram as mesmas pessoas que me vaiaram e me xingaram de vadia assassina de bebês quando entrei na clínica.

Enquanto dirigia para casa eu pensava que agora teria que contar aos meus pais, e se eles não aceitassem eu teria que bolar um plano. Mas eu seguiria com aquela gravidez e cuidaria daquele bebê. Cuidaria do meu filho mesmo ele sendo o esperma... Dele. Meu bebê não iria ter pai, apenas a mim. Ele era só meu e de mais ninguém.

A partir daquele momento eu não estava mais sozinha na minha dor e no meu sofrer. Tinha alguém comigo que sentia tudo que eu sentia, e por esse alguém eu voltaria a viver.

**********

- Eu vou te pegar!

Gabe gritou e saiu correndo pela casa quando eu comecei a persegui-lo fazendo sons de animais. Eu adorava os finais de semana. Eram os dias que eu não trabalhava e podia ficar vinte e quatro horas com o meu anjo.

-Nãããão! - Ele gritou quando eu o agarrei e o enchi de cócegas.

Ouvi a campainha e coloquei o pequeno no chão para atender a porta, sem me ligar ao fato de que provavelmente eu estava suada e descabelada pela brincadeira.

Abri a porta e não consegui disfarçar a minha expressão surpresa. Em seguida pulei em cima das duas visitas inesperadas.

-Ahhhhh! Eu não acredito!

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