O hospital mais próximo era no centro dá cidade. Paulo dirigia o mais rápido que podia, enquanto eu estava no banco de trás com Kelly apagada. Ela estava muito ferida, e a única coisa que eu podia fazer era orar para que ela ficasse bem.
Comecei a conversar com ela bem baixinho. Somente para que ela me escutasse. Supliquei para que ela aguentasse e fosse forte. Revelei quem nos éramos na verdade. E esse meu pequeno segredo fez Paulo olhar diretamente para mim.
Não sei o que ele estava pensando em fazer depois, e eu muito menos o que iria dizer.
Chegamos finalmente no hospital. Os médicos levaram Kelly para o centro cirúrgico e eu não podia entrar. Meu desespero só aumentou.
Duas horas depois eu estava andando de um lado para o outro. Ítalo tentava me acalmar. Chegou a me dar um calmante, mas foi inútil. Paulo não tirava os olhos de mim. Seu olhar era uma mistura de curiosidade e um pouco de medo talvez.
Um médico finalmente saiu dá sala de cirurgia.
-Como minha irmã está?- perguntei nervosa.
-O que aconteceu com a sua irmã para ficar daquele jeito?- indagou
-Ela foi sequestrada doutor- Paulo falou se aproximando- Sou o delegado federal Paulo Andrade. Estou a frente dá investigação. E ela é a irmã mais velha dá moça que você operou eu suponho.
-Esta bem. A sua irmã por pouco não morreu na mesa de cirurgia. Tivemos que colocar em coma para salva-la.
-Coma?- não conseguia respirar direito.
Se aquele desgraçado estivesse vivo eu o mataria novamente.
-Continua por favor doutor- falei com dificuldade
-Ela teve algumas fraturas nas costelas, várias escoriações pelo corpo, uma pequena hemorragia interna, estava bastante desidratata também e com uma anemia profunda. E felizmente não houve abuso sexual. Pedi para uma enfermeira obstetra verificar isso.
-Posso vê-la?
-Sim, mas não demore muito. Ela precisa de muito repouso.
-Obrigada doutor.
Fui conduzida até o CTI do hospital. Tive que colocar uma roupa especial para poder entrar. Uma enfermeira muito simpática me leva até o leito onde Kelly estava. A imagem que vi não pude acreditar que era a minha irmã.
Sempre foi tão vaidosa, tão meiga e delicada... E agora estava lutando para viver. O estado de saúde dela está muito delicado. Seu rosto estava inchado e muito ferido. Estava com alguns tubos para poder respirar, e outros para ver seus sinais vitais.
Segurei em uma mão com muito cuidado e fiz um leve carinho. Minhas lágrimas escorriam pelo meu rosto, que não liguei para quem poderia estar me vendo ou não. Ignorei quem eu sou, e fui apenas uma irmã mais velha preocupada com sua única irmã.
Sai do quarto com meu coração despedaçado ao ver minha irmã daquele jeito. Fui limpando minhas lágrimas até sair. Do lado de fora do CTI, Paulo me aguardava. Não queria falar com ele ou com ninguém mais. Só queria ir para casa.
Passei do seu lado, e ele segura meu braço. Não era com força, mas sim com firmeza. Apenas me virei sem dizer nada, entretanto olhei para a sua mão ainda em meu braço e ele soltou.
-Como sua irmã está?- disse
-Parece que está dormindo. Obrigada por perguntar.
-Por que não me disse que... é uma mafiosa?
-Nao podia Paulo. Você é o primeiro a saber. Nem eu mesma sabia. Até o dia que Kelly foi sequestrada.
Ele estava chocado, mas havia algo a mais. Não sei o que era na verdade, só sentia.
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A Herdeira Da Máfia e o Delegado
RomanceOlivia jamais pensou que sua vida poderia mudar de uma hora pra outra. Paulo não podia acreditar estar com sentimentos confusos por uma mulher desafiadora.