Capitulo 15

1.2K 74 1
                                    

Estávamos a caminho dá primeira cabana. Era eu, Paulo dirigindo e mais um dos meus homens e um dos dele. E mais oito carros atrás de nós com o restante dos homens. A segunda equipe que era comandada por Ítalo, seguia caminho dá segunda cabana. A distância de uma cabana para outra era quase trinta quilômetros. Sei que posso confiar nas habilidades de Ítalo e dos homens que ele selecionou, mas ainda assim eu estava preocupada com cada um.

Minha inquietação estava deixando Paulo mais concentrado em ficar me olhando do que prestar atenção na estrada. Já era quase meia noite e ainda faltava muito caminho para percorrer. E mais quase dois quilômetros de caminhada. Não iríamos nos arriscar indo de carro até perto dá cabana. Tudo foi calculado com base no meu conhecimento sobre o Ernesto, e sobre aqueles homens que possuem experiência em táticas.

Fechei meus olhos por algum tempo. Tinha minha Glock na cintura, uma 12 nas costas e algumas facas dentro das botas. Não sei se era meu visual ou a minha inquietação, mas eu sentia Paulo me olhando. Me sinto uma carniça com um urubu encima.

Respirei fundo e comecei a limpar minha mente. Não sei dizer qual vai ser a minha reação ao encontrar com Ernesto. E principalmente de ver como minha irmã está. O que ela sofreu nas mãos dele, ele sofrerá muito tempo. Vou fazer ele pagar tão caro que vai acabar se arrependendo. Mesmo que isso possa levar uma eternidade. Ernesto é tão orgulhoso quanto eu.

Porém, enquanto ele usa seu lado psicopata como se fosse algo normal, eu uso meu lado ruim em casos especiais. E este era um caso muito especial. Senti o carro freando e abro meus olhos. Não dava para ver absolutamente nada lá fora sem os faróis ligados ou usando laterna. Pelo visto era hora dá caminhada.

Peguei uma lanterna e esperei pelos demais. Todos reunidos, entramos pela mata. Paulo ia na frente com precaução, enquanto eu ficava na sua cola.

-Me responde uma coisa?- diz Paulo se virando para mim

-Claro.

-Como consegue andar tão bem assim no escuro? Mesmo com as lanternas, ainda é difícil para alguém que não tenha experiência andar tão bem quanto você.

-Na verdade, eu tenho experiência em andar em mata.

-Chegou a ser militar?

-Nao. Na verdade meu pai me treinava nos finais de semana. Depois que ele faleceu, meu tio continuou me treinando. Kelly até tentou, mas logo de primeira quebrou a perna e não quis mais dar uma de Rambo.

Paulo riu e eu também ri.

-E você? Chegou a quebrar algum osso?

-Nao. Eu tinha várias cicatrizes pelo corpo, mas ao longo dos anos foram sumindo.

-Que bom né?

-Eu não acho. As cicatrizes fazem parte de nós. Se elas sumirem parte de nossa história também some.

Paulo parou de andar e se virou totalmente para mim dizendo

-Isso foi profundo Olívia.

Apenas sorri e continuei caminhando. Fomos em silêncio durante o caminho. Parei de forma brusca por que senti um cheiro muito estranho no ar.

Digo a Paulo em voz baixa para todos desligarem as lanternas. Apenas ele me seguiu até uma pequena subida. Fomos os mais silenciosos possíveis. Antes de ver o que tinha do outro lado, o cheiro ficava mais forte. Lembrava fumaça de fogueira. Ao olhar do outro lado, vimos o nosso destino.

Havia poucas luzes acesas, vi alguns movimentos. Ernesto não estava sozinho. Vi uma fumaça saindo dá chaminé, isso explica o cheiro que estava sentindo. Ouvimos um barulho vindo em direção a cabana. Paulo logo sacou sua arma, enquanto eu apenas observava. Era a van preta.

A Herdeira Da Máfia e o DelegadoOnde histórias criam vida. Descubra agora