A verdadeTio Jorge os deixou na porta da casa da avó. Nem ele ficaria por lá, voltaria para buscá-los mais tarde. Seriam só Regina, Caio, Rebeca e Estela. Regina sentiu um forte mal-estar, sabia que seria sabatinada ali. Os olhos de Rebeca brilhavam de esperança pueril, era como se a avó tivesse o poder de resolver qualquer problema. Caio não criara expectativas. Muito pelo contrário, na sua cabeça, martelavam as cenas angustiantes do último sonho.
− Venham para a cozinha – convidou Estela. − Falta muito pouco para que o almoço fique pronto.
A cozinha era ampla, envidraçada, toda enfeitada de objetos antigos. Estela cantava, Rebeca a acompanhava, Regina quase sorria, lembrando-se de sua infância alegre. Para a avó, aquela era uma hora sagrada, nada de desagradável deveria ser dito diante dos alimentos, que só deveriam receber energias boas.
− Estou vendo que está usando os brincos que lhe dei. Espero que não seja só para me visitar.
O caio olhou para as pedras e a cena da noite anterior relampejou em sua memória. Ele ainda não tinha parado para pensar no estranhamento que sentiu.
− Você estava usando estes brincos ontem?
− Sim.
− Cara, eu vi uma coisa muito bizarra: na hora em que a Priscila cuspiu fogo em você, estas pedras faiscaram com muita intensidade!
− A Priscila cuspiu fogo em Rebeca? – irritou-se Regina. − Que história é essa?
− Calma, mãe, eu estou muito bem.
− Foi bizarro – repetiu Caio. − Foi tudo tão rápido, não sei nem se é coisa da minha cabeça dizer que essas pedras brilharam. Além do salvamento também ter sido surreal, acho que era quase impossível Gustavo ter feito aquilo...
− Meu Deus! Ela fez de propósito?
− Acho que não, mãe − respondeu Caio.
− Claro que não. Foi um acidente. Ela anda muito estranha: às vezes, muito controlada, o que não tem nada a ver com ela; às vezes, completamente louca.
− Fica longe dessa garota, minha filha — advertiu Regina à Rebeca.
− Vamos nos acalmar – falou Estela, já compreendendo que força e poder mágicos estavam envolvidos. Todos silenciaram, sabiam que estavam infringindo uma regra da casa.
Dirigiram-se para o jardim depois do almoço. Rebeca percebera o olhar ressentido de Regina para a avó. Estela aproximou-se da filha, segurou suas mãos de olhos fechados e cantarolou alguma coisa incompreensível.
− Não faça isso, você sabe que eu não gosto – disse Regina.
Estela sorriu pacientemente:
− Vamos conversar a sós, mas não agora. Primeiro, quero falar com Caio. Meu neto, venha comigo até o lago.
Enquanto Caio caminhava sobre os seixos rolados até o lago, Estela chegou até a neta e lhe pediu seus brincos. Ela o fez de maneira tão reverenciada que fez Rebeca pensar que poderia recusar com autoridade.
− Você está angustiado, Caio. Fale o que lhe passa.
− Tenho tido sonhos perturbadores. A senhora sabe o que se passa lá em casa... E eu vi a mulher que é amante do meu pai. Nos meus sonhos, eu sou criança, e ele me leva aos encontros com ela. Ela tem o olhar dissimulado e debochado, é uma mulher vulgar. Eu vi o carro dele deixando-a em casa, mas, quando me viram, ele fugiu. Eu corri até ela... Ela tentou fechar o portão na minha cara, mas eu bloqueei. Ela me reconheceu, debochou de mim. Eu tenho vontade de...
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Os Olhos da Deusa (completo)
AdventurePRIMEIRO LUGAR NO CONCURSO DESEJOS. PRIMEIRO LUGAR NO CONCURSO ESCRITORES FANTÁSTICOS. SEGUNDO LUGAR NO CONCURSO ESTRELAS DE PRATA. SEGUNDO LUGAR NO CONCURSO ESTRELAS VESPERTINAS TERCEIRO LUGAR NO CONCURSO LEITURA NACIONAL MELHOR SINOPSE DE FANTA...