PuniçãoJá se aproximava de meia-noite. Estela liberou os netos para voltarem para casa, dormiria com a filha no hospital.
− Ela tomou uma quantidade muito alta de hipnóticos. Poderia ter sido letal se sua neta não a tivesse encontrado a tempo, ela entrou em coma − explicou o médico. – Foi preciso fazer hemodiálise para filtrar o sangue e eliminar os barbitúricos.
Estela ficou a sós com a filha inconsciente, seu corpo doía de tensão. Era terrível ver a filha se destruir. Sentia suas forças diminuírem a cada minuto, mas precisava provocar uma reação em Regina, convoca-la para a vida.
− Você quase conseguiu tornar-se mártir. A tristeza maior é o castigo que impõe a seus próprios filhos. Rouba-lhes o direito de acreditar na felicidade. Você me acusa de ter lhe privado a felicidade e faz o mesmo? É assim que será uma mãe melhor do que eu?
A lua crescente emitia a energia capaz de mover o amadurecimento evocado por Estela. Ela tentava fazer o inconsciente da filha ouvir e trabalhar. Regina precisava despertar para a vida antes que fosse tarde demais.
Caio e Rebeca chegaram exaustos em casa. O corpo doía tal qual a alma. Responder a todas as mensagens dos amigos era também desgastante, difícil explicar o que tinha acontecido. Mas uma mensagem acalentou Rebeca.
"Se eu tivesse uma borracha mágica apagaria a dor do seu dia. Só deixaria a parte em que nos encontramos porque, se você tiver sentindo o mesmo que eu, foi a parte boa. Desculpe se eu tiver me excedendo, só queria te alegrar. Fique bem. Precisa de mim?"
"Preciso", respondeu Rebeca. Então, o sono veio, e ela não sonhou, porque a realidade já revelava coisas demais.
A manhã seguinte amanheceu carregada de nuvens. Thaís atravessou o portão do colégio e logo percebeu que o retorno não era algo simples. Era incômodo ver os colegas olhando-a com curiosidade. O alívio só veio quando avistou Carol e Igor dentro da sala de aula, mas havia um burburinho em torno deles.
− A mãe dela passou mal, vai ficar hospitalizada − falou Igor.
− O que ela tem? − perguntou uma colega.
− Nós não sabemos os detalhes. E eles não vão vir à aula hoje, ok? − falou Carol, tentando encerrar o assunto.
Igor tentava sair da própria carteira para respirar sem tanta gente em volta, quando viu Thaís. O sorriso veio mais rápido que o ar. Ele correu até ela e a apertou num abraço. Em seguida foi a vez de Carol, depois alguns outros colegas mais próximos.
− Cadê a Rebeca?
Carol e Igor se olharam sem saber por onde começar. A amiga mal saíra de uma depressão por perder a mãe e vinha a notícia sobre a mãe da melhor amiga.
− Vocês estavam falando da mãe dela?
− A história não é bem essa, mas sim, era sobre ela...
− A gente te explica melhor quando estivermos a sós − completou Carol.
Às oito horas da manhã, o médico a examinou. O quadro de Regina estava estável, em breve ela acordaria. Os irmãos ficaram no hospital para que a avó fosse para casa descansar. O pai ainda não tinha retornado a ligação.
− Eu vou mandar uma mensagem para ele − falou Rebeca.
− Que se dane. Não quero vê-lo.
− Ele é nosso pai, tem que se responsabilizar por nós enquanto a mamãe estiver assim. — sussurrou Rebeca.
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Os Olhos da Deusa (completo)
مغامرةPRIMEIRO LUGAR NO CONCURSO DESEJOS. PRIMEIRO LUGAR NO CONCURSO ESCRITORES FANTÁSTICOS. SEGUNDO LUGAR NO CONCURSO ESTRELAS DE PRATA. SEGUNDO LUGAR NO CONCURSO ESTRELAS VESPERTINAS TERCEIRO LUGAR NO CONCURSO LEITURA NACIONAL MELHOR SINOPSE DE FANTA...