Reencontro
"Minha mãe deve me odiar por me envolver com bruxaria. Mas tudo o que eu vi, senti e presenciei foi tão impressionante, tão verdadeiro... Eu me senti segura e confiante com Rebeca, Estela e Caio. Mas chego em casa e tudo de ruim volta. Minha irmã... Será que eu fui muito cruel em mentir que o livro era dela? E aquele homem... E se ela se envolver com ele?"
Thaís saía da sala de aula para mais uma sessão com a psicóloga. Sua cabeça divagava por seu mundo paralelo e seu coração mantinha-se inquieto. Miguel saia da sala da coordenadora, onde tinha feito a prova de biologia, e seus pensamentos também estavam perdidos na angústia. Não era capaz de se conformar com a perda de sua habilidade. Além do peso de ver sua mãe silenciosa e triste, e seu padrasto arredio e ausente.
De repente, os dois trombaram na esquina do corredor. Alguém pisou no pé do outro, mas isso não importou. Primeiro se olharam com surpresa: o sangue bombeou mais rápido e as faces avermelharam. Depois sorriram. Foi como reencontrar alguém há muito tempo perdido.
− Você anda sumida — disse Miguel.
− Só eu? — brincou Thaís.
O sorriso foi diminuindo, os motivos eram maiores que a alegria. Miguel queria tocá-la, Thaís queria abraçá-lo. Ele pegou em suas mãos, as duas para ter um pouco mais dela e beijou-as.
− Bem vinda de volta.
Thaís venceu uma barreira invisível aos olhos alheios e beijou sua face.
− Bem vindo de volta.
Eles soltaram as mãos tão devagar quanto fosse possível. Ela retomou os passos, sentindo a vontade de virar para trás tirar-lhe o ar. Enquanto ele não deu um passo, apenas ficou observando-a se afastar.
Os dias passaram e Thaís estava ansiosa, assim como o temor ainda a rondava. Sabia que aquele fim de semana novamente no sítio de Estela não seria um encontro amoroso, sim um mergulho mais fundo no mundo da magia. Mas, as lembranças dos últimos dias no colégio eram mais fortes do que o temor. A forma como Miguel a olhava de longe. O jeito que ele sempre dava em lhe tocar as mãos, o rosto ou os cabelos toda vez que se aproximavam. As conversas bobas e outras mais sérias que no final eram sempre prazerosas.
Miguel acordou bem cedo e empolgado no sábado de manhã, coisa extremamente rara. Ele terminava de arrumar a mochila com pressa.
− Leva toalha, meu filho – Joana apertou os lábios – ficou até quase amanhecer no videogame, não foi? Deixou a mochila para a última hora, como sempre.
Carol esperava o namorado partir sem ela para o sítio. Sabia que eram só uma noite ou dois dias inteiros, mas estava tudo tão tranquilo entre eles que tinha medo de qualquer separação.
− Você passou a noite aqui comigo. Amanhã à noite já estou de volta – Caio tentava acalmar Carol – você precisa treinar! Eu quero que você vença esse inter-colegial de novo.
Rebeca trocava mensagens com Gustavo. Conversavam amenidade enquanto ela relembrava do encontro na noite anterior com ele. Uma sessão de cinema, uma caminhada lenta até em casa, interrompidas inúmeras vezes quando os pelos arrepiavam, a respiração acelerava e os lábios imantados se atraiam. Até que, tio Jorge interrompeu seus devaneios. Era hora de partir.
Riscos
A viagem até o sítio poderia ser silenciosa, pois todos ali estavam imersos na fantasia que criaram sobre o que aconteceria lá, ou poderia ser um interrogatório. Caio precisava entender a relação entre tio Jorge e o pai de Miguel, então escolheu a segunda opção:
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Os Olhos da Deusa (completo)
PertualanganPRIMEIRO LUGAR NO CONCURSO DESEJOS. PRIMEIRO LUGAR NO CONCURSO ESCRITORES FANTÁSTICOS. SEGUNDO LUGAR NO CONCURSO ESTRELAS DE PRATA. SEGUNDO LUGAR NO CONCURSO ESTRELAS VESPERTINAS TERCEIRO LUGAR NO CONCURSO LEITURA NACIONAL MELHOR SINOPSE DE FANTA...