Capítulo 6

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Thomas Miller
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Paraplégica, ela vai ficar paraplégica. E tudo por minha culpa, culpa da minha imprudência e da minha falta de atenção. Aquela moça vai ficar paraplégica por minha causa.

- Meu Deus o que foi que eu fiz? - murmuro pra mim mesmo sentindo a culpa me esmagar.

- Tom acalme-se. - pediu James como se aquilo ajudasse- Não se culpe por isso.

- Não me culpar por isso? Como você quer que eu não me culpe por isso, se por minha culpa aquela mulher está paraplégica? - indago nervoso fazendo ele se afastar das barras que nos separavam.

- Tom por favor se acalme.  - Nora pede segurando minhas mãos, mas logo me afasto e caminho até a cama.

- Tom escute-me Ok. É apenas uma suspeita - diz Eliot me fazendo olhar para ele - Os médicos ainda não tem nada concreto, eles precisam fazer mais alguns exames específicos para terem a confirmação.

- Mas ainda há a possibilidade - falo com pesar ao passar a mão pelo rosto.

- Sim há possibilidade, mas se auto flagelar ou se irritar conosco não vai mudar a situação.

- Perdoem-me, é só que...

- Está tudo bem Tom, eu no seu lugar faria o mesmo. - diz meu irmão de forma consoladora.

- Eu também faria a mesma coisa, só que eu te pegaria pelo colarinho e ficaria te balançando - diz Eliot com um sorriso maldoso - Mas como eu não sou você e sim o seu advogado, eu vou te tirar daí.

- Obrigado Eliot. Mas e os meus filhos? Eles estão bem? Aonde eles estão? - questiono olhando para Nora.

- Eles estão bem e estão com a Danna. - ela respondeu deixando-me surpreso.

- Danna? Por que?

- Porque ela é a tia deles - justifica meu irmão com seu tom de obviedade - E o Adam e a Ava a amam.

- Eu sei que ela é a tia deles e que eles a amam, mas é tarde e eu não quero incomodar e muito menos preocupar ela e à Meg. - tento não parecer ignorante ou um idiota, mas acho que falhei.

- Tom todos ficaram preocupados, o pai então nem se fala. Nunca na minha vida havia visto aquele olhar de medo e desespero. Quando me aproximei dele e da Nora e ouvi ela perguntar o que havia acontecido ele disse com a voz embargada e meio desesperada que ouviu uma freada e que a ligação havia caído, todos entraram em desespero e a mamãe até passou mal. - James explicou e me sinto ainda mais culpado por fazê-los passar por isso - Você só ligou uma hora depois explicando o que havia acontecido. A Danna e a Meg disseram para irmos até o hospital tranquilos porquê elas ficariam com as crianças.

- Me desculpe, eu deveria ter ligado antes, mas meu celular quebrou e eu só consegui ligar depois que fui examinado.

- Está tudo bem Tom, nós estamos felizes e aliviados por você está bem. - diz Nora com um sorriso de alívio - A mamãe então nem se fala. Ela está louca pra te abraçar.

- E eu vou providenciar esse abraço ok? - Eliot promete e se vira para os meus irmãos - Nós temos que ir.

Nora faz uma cara de protesto, mas logo se recompõe.

- Fique bem Tom. - James pediu.

- Nós te amamos.

- Também amo vocês Nora.

- Não se preocupe amigo, vou te tirar daí. - prometeu meu melhor amigo num tom que eu sabia que poderia confiar e contar com ele para tudo.

Depois de nos despedirmos Eliot e os meus irmãos saem e eu me sento na cama sentindo os pensamentos de culpa afundarem e me dominarem.

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Passar a noite na delegacia não foi fácil, eu fiquei a noite toda acordado. Me sentia desconfortável naquela cama e os meus pensamentos estavam sobre aquela moça e sobre a sua possível deficiência. A culpa me corroía e por mais que eu falasse pra mim mesmo que ela ficaria bem, eu não acreditava naquilo.

Eliot chegou por volta das dez da manhã com o habeas-corpus em mãos, e assim finalmente deixei aquela delegacia. 

- Obrigado por me tirar de lá. - agradeço ao entrar no carro.

- Não foi nada, porém ainda não está livre. Acho que vai ser difícil livrá-lo de uma pena. - avisou meio aflito.

- Como assim?

- A promotora Jhonsom assumiu o caso e passar por ela vai ser difícil.

- Não esperava por outra coisa, já que foi ela quem levou a policia para me deter. - Eliot freá e me olha com incredulidade - Quer provocar outro acidente?

- Por que não me disse isso antes? - disse ao ignorar a minha pergunta.

- Não me lembrei no momento.

- Como não?

- Eu atropelei uma mulher e fui preso por isso, não me lembrar disso não fazia sentido no momento. - explico ao colocar o cinto. Do jeito que ele dirigia era melhor prevenir do que remediar.

- Tudo bem. Me desculpe. - pede ao voltar a dirigir.

- Como ela está? 

- Eu não sei.

- Como assim não sabe? 

- Eu estava ocupado e não tive tempo para de me informar.  - justificou sem tirar os olhos da pista.

- Ocupado com o quê?

- Ocupado tabalhando na sua soltura.

- Ok me leve para o hospital.

- Não. Eu vou te levar para a casa dos seus pais.

- Eliot eu preciso de noticias

- Você precisa é de um banho e de roupas novas.

- Eliot...

- Não insista Thomas. Eu falei para tia Anna que iria te levar para casa e assim farei.

- Mas tem que ser na casa deles? E porque não a minha?

Eu não estava gostando daquela ideia, a última coisa que eu queria era ver o meu pai. Já estou até imaginando suas palavras; Preso Thomas? Não estou surpreso.

- As crianças estão lá e foi a sua mãe que pediu, não podia dizer não para ela. - ele respondeu pegando o celular no descenso e me entregou - Liga para o hospital e pede por notícias dela.

E foi isso que eu fiz, liguei para o hospital e a atendente disse que ela já havia saído da cirurgia e que os médicos ainda estavam avaliando o caso. Agradeço pelas informações e devolvo o celular para ele.

Não demora muito e logo já estávamos na casa dos meus pais.

Olho para Eliot que estaciona o carro e deliga o motor.

- Pronto para vê os seus pais?

- Não.

- Vamos lá cara, vai ficar tudo bem. - garantiu antes de descer.

Faço a mesmo, só que mais lento e caminho até a porta da casa. Respiro fundo antes de entrar. E assim que entro minha mãe corre me abraça de forma terna e amorosa.

- Filho que bom que você está bem. - diz se afastando e assim vejo seus olhos cheios de lagrimas.

- Que bom que você está bem filho.

Ao ouvir a voz do meu pai senti um frio subir a minha espinha e os meus pensamentos ficaram a mil.

Admiti para mim mesmo que eu não estava pronto e nem preparado para encarar o meu pai naquele momento, mas não havia pra onde correr.

Você Mudou a Minha Vida ✔ [Repostado]Onde histórias criam vida. Descubra agora